A cortina de ferro da SME: o muro já foi derrubado?

Thiago Morganti

 

Quando falamos em Secretaria Municipal de Educação, o que consta na LDB, seguindo a Constituição, que os Municípios irão “oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental“. Logo pensamos em ambientes felizes, com crianças brincando, depois os anos iniciais, com aquelas Professoras que marcaram a nossa infância.
Essa é a visão de quem é aluno, mas o mesmo ocorre aos profissionais?

Entrando na Prefeitura, passamos por três anos de estágio probatório. Durante esse período, constantemente somos lembrados (ameaçados) sobre esta condição, principalmente se houver recusa a executar uma tarefa que não está em nosso escopo. Quem é do setor privado pode questionar, pois é muito comum essa mobilidade de função. Pois bem, caso ocorra algum problema e você esteja realizando uma atividade que não é sua função, responderá por isso. Inclusive será instaurado processo administrativo, basta olhar como todos os anos, no Diário Oficial temos inúmeros casos de pessoas sofrendo processo administrativo, seja por se recusar, ou por se sujeitar a fazer e ocorrer algum problema, pois o elo sempre estoura do lado mais fraco.

Constatado o problema, e deixando de lado entre outros tantos, como perseguição, injuria racial (falas como: você é um negro de alma branca!), posicionamento político, etc. Chegamos à questão da Cortina de Ferro. Muitos irão se perguntar: mas tudo isso ocorre e ninguém faz nada, não denunciam?

Sim, existem denúncias, mas tal como era na URSS, mesmo com Chernobyl mandando radiação para o mundo todo, não é admitido que falhas ocorram no mundo perfeito da SME, e por esse motivo blindam o secretário de educação, que não consegue saber o que acontece na ponta, pois a burocracia da hierarquia acaba sumindo com as denúncias no meio do caminho. E as vozes são silenciadas por inúmeros tipos de ameaças.

Portanto, peço encarecidamente ao novo secretário de Educação, João Marcos Thomaziello: não permita que as informações se percam no meio do caminho, estabeleça diálogo com a base, a espiral do silêncio atinge o prédio da SME, e ninguém quer romper com ela.

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Thiago Morganti, membro do MCCP (Movimento de Combate à Corrupção em Piracicaba), servidor público 

 

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