Um auspicioso começo

José Renato Nalini

 

Depois de um 2020 de estupefação e angústia, chega 2021 com a promessa de vacina e a vontade de superar a tormentosa fase da peste. Nada como impregnar-se de bons propósitos, aqueles costumeiramente feitos a cada início de ano, porém de maneira muito mais emblemática neste que há pouco iniciamos.

Mercê da fiel generosidade de Maria Cristina Castilho de Andrade e de sua admirável mãe, D. Irene, mergulho na leitura de dois livros com que me obsequiaram. “Felicidade – O que realmente importa para uma vida bem sucedida” e “Viver com saúde de corpo e alma”. Ambos editados pela Vozes e de autoria de Anselm Grün, o primeiro deles em coautoria com Walter Kohl.

Anselm Grün é um monge beneditino que há meio século vive num mosteiro na Alemanha. Impossível não me religar às origens beneditinas de minha família, que Chãins Miranda Duarte chamava “pilares de São Bento”. Porque vivíamos próximos ao Mosteiro de Sant’Ana, sob a constante orientação do taumaturgo Dom Abade Pedro Roeser e de Dom Amaro Boedenmuller.

Ambos os livros fornecem material precioso de reflexão. Viver com saúde integral passa por sugerir espaço para respirar, aborda a cultura do comer e beber e o jejum como etapa de purificação. Propõe vida equilibrada, enfatiza o valor do dormir e do despertar, o que o corpo e a alma expelem, a agressividade como fonte de energia, a força vital da sexualidade e outros temas que nos interessam a todos nós, os humanos.

Quanto à procura da felicidade, objetivo comum aos viventes, sugere o cultivo da autoconsciência e do respeito próprio, assinala o que significam medo, amor, ódio, inveja, vergonha. Ensina resistir a conflitos, a administrar o poder, a assumir responsabilidade e caminho próprios. Ajuda a enfrentar os golpes do destino e a reconhecer a finitude de nossa existência, nela descobrir o verdadeiro sentido e a identificar o que é a coisa mais importante na vida de cada qual.

É um curso completo de busca interior, algo que nem sempre se faz, aturdidos que somos pela volúpia da pressa, da infinita requisição para o que não importa, enquanto deixamos o que realmente interessa esvair-se na inconsciência de um automatismo tolo e vão. Que bom poder repensar sobre tudo isso. Cristina e Irene: vocês me propiciaram um auspicioso início de 2021.

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José Renato Nalini, reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove, presidente da Academia Paulista de Letras (APL); foi presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

 

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