Barjas Negri
Lamentavelmente, a taxa de mortalidade infantil de Piracicaba, no início deste século, era maior que a média estadual e não refletia a real condição da economia local e do oferecimento de serviços de saúde e de saneamento. Era preciso fazer amplo trabalho de mobilização envolvendo toda sociedade e organizações sociais e de saúde. Surgiu, a partir daí, o “Pacto pela vida, contra a mortalidade infantil”, envolvendo diversas ações de responsabilidade do governo municipal e de parcerias com o governo estadual, entidades sociais, organizações não governamentais, ampliação dos serviços hospitalares públicos e privados, o envolvimento e apoio da Rede de Atenção Básica – através das Unidades Básicas de Saúde e das Unidades de Saúde da Família.
Com a criação do Centrus e da Central de Saúde de Gestantes, a Secretaria Municipal de Saúde intensificou o monitoramento às gestantes de alto risco e adolescentes, que passaram a receber cuidados diferenciados. O treinamento aos profissionais da saúde foi intenso, as Unidades de Saúde — que foram ampliadas — facilitaram os exames pré-natal. O fortalecimento da parceria com a Pastoral da Criança foi fundamental devido ao atendimento ampliado de seu público-alvo das populações mais carentes. O foco passou a ser a mãe e o bebê, que ganharam apoio importante dos hospitais e seus profissionais. Essa estratégia deu certo, pois protegeu a gestante, dando condições para o desenvolvimento de uma gravidez saudável e que tivesse filhos também saudáveis.
Em paralelo, o Semae intensificou o programa Água para Todos, chegando em praticamente todos domicílios da cidade, em especial o mais precário das comunidades favelas da cidade. A Secretaria de Obras e a Emdhap implantaram e executaram o mais importante programa de urbanização de favelas da história de Piracicaba que, na 1ª etapa, levou saneamento básico – rede de água e de coleta de esgoto – para 23 favelas que se transformaram em bairros, beneficiando diretamente 3.000 famílias. Recentemente, trabalham na frente com outras 13 novas comunidades, onde moram 2.500 famílias, sendo que dois terços já contam com abastecimento regular de água e de coleta de esgoto, ficando o restante abastecido de forma clandestina.
Os resultados apareceram nos primeiros anos do “Pacto”, com redução imediata das taxas anuais da mortalidade infantil, que passou a ficar abaixo da média estadual e mantendo-se nesse patamar ao longo dos anos. Em reconhecimento a esse trabalho, o “Pacto pela vida, contra a mortalidade infantil” foi reconhecido nacionalmente, tendo ganhado dois prêmios do Ministério da Saúde, para orgulho de todos profissionais da saúde e voluntários envolvidos nas ações.
Atualmente, a nossa taxa de mortalidade infantil está num patamar satisfatório e pode ser reduzida ainda mais, precisando continuar trabalhando de forma atenta, sem baixar a guarda um dia sequer. Devido à redução gradativa de taxa de mortalidade infantil em Piracicaba, foi possível salvar a vida de 350 bebês em todo esse período. Todo planejamento, trabalho e parcerias valeu a pena para satisfação de todos que continuam envolvidos nesse pacto de vida longa a esses 350 bebês, crianças e adolescentes de hoje, na certeza que valeu o trabalho e o esforço de todos.
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Barjas Negri, prefeito de Piracicaba