O grupo “Resistir Sempre” deve receber respaldo da Câmara de Vereadores, a iniciar por Nancy Thame, na elaboração de requerimento de congratulações e indagações ao Executivo sobre a continuidade do legado que cerca o Clube 13 de Maio. A vereadora Nancy Thame (PV), em acolhimento às manifestações do “Resistir Sempre”, sob a liderança do ativista negro, Marcus Mendes, integrado por mais de 50 jovens que não medem esforços de sair às ruas para dar um basta ao racismo estrutural vigente no Brasil, que afeta diretamente o povo negro, deverá acolher a proposta do grupo em questionamentos sobre como o município pode intervir nas precárias dependências do Clube 13 de Maio, que
De acordo com o grupo, o Clube 13 de Maio deveria receber melhor atenção do poder público por ser um patrimônio histórico tombado pelo município, além de ser marco referencial do povo negro, como o terceiro clube centenário mais antigo do País, depois de Porto Alegre e Jundiaí.
A parlamentar também deve encaminhar, em caráter de urgência, devido ao encerramento das reuniões ordinárias de 2020, em 15 de dezembro, pedido de aprovação, para que o plenário delibere sobre requerimento de congratulações que possa parabenizar os mais de 50 jovens, que recentemente se reuniram em ato de protesto em Piracicaba, depois do incidente num supermercado no Rio Grande do Sul, e que tem unidade em Piracicaba, em ato de racismo que terminou na morte de uma pessoa. A manifestação local marcou o surgimento do grupo, que dentre suas premissas básicas, se volta a dar visibilidade a toda causa do povo negro.
MANIFESTAÇÃO
O grupo diz estar revoltado com a morosidade de resolução de um caso de racismo em Piracicaba, envolvendo uma unidade de saúde no Piracicamirim, sendo que o secretário municipal de Saúde, Pedro Mello e demais autoridades já sabem do caso, que também está devidamente registrado em Boletim de Ocorrência Policial e respaldado pelo Conepir (Conselho Municipal da Comunidade Negra de Piracicaba), sob a presidência de Adney Araújo, e também com a atuação do CDCPN (Centro de Documentação, Cultura e Política Negra de Piracicaba), na presidência do advogado Agnaldo Benedito de Oliveira (Guina).
Além de contar com o apoio de representantes de entidades e autoridades, como o diretor de base em Piracicaba, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, Martim Vieira Ferreira e da vereadora eleita para a gestão 2021-2024, Rai de Almeida (PT), o grupo se reuniu na última sexta-feira (4), em ato de protesto pacífico, no encerramento das atividades da unidade, que fica no início da avenida Piracicamirim, onde duas funcionárias foram vítimas de racismo e até hoje são obrigadas, todos os dias, de conviver sob as ordens de uma chefia que as humilham perante os demais colegas, em ofensas que reforçam o racismo inicialmente praticado, além do assédio moral. Agora, segundo os manifestantes, as vítimas estão sendo ameaçadas de serem transferidas para outros setores, ao passo que a pessoa agressora não sofrerá nenhuma punição. Fato semelhante, recentemente ocorrido na cidade de São Carlos teve desfecho bem diferente, onde o agressor, num caso de racismo foi sumariamente exonerado a bem do serviço público. Na manifestação, o grupo também fixou cartazes, com mensagens incisivas, reforçando o repúdio contra o racismo estrutural que ainda atinge muitos brasileiros.
PROTESTO
Ao som de tambor e outros instrumentos de percussão, os manifestantes bradaram: “Alguém aí!, consegue dizer, para todo mundo que está aqui, o que é trabalho de preto? A responsável desta frase! consegue explicar para mim, o que é serviço de preto? Há 500 anos, nós existimos, e fazemos o nosso serviço de preto. Pra você!, que está pisando no chão hoje, isto foi serviço de preto, a construção lá!, também é serviço de preto, e pra você!, de pele clara, o que é serviço de preto? Tem alguém aí!, que consegue me escutar? O que é serviço de preto? Não ao racismo! Quem tiver voz!, fala comigo: não ao racismo! Não basta não ser racista! Precisa ser antirracista. Não ao racismo! Não ao racismo! Não ao racismo! Não ao racismo! Alguém aí! vou falar mais alto, alguém aí!!! Consegue me explicar! O que é serviço de preto?.”