Apeoesp: será lançado movimento contra o fechamento de escolas à noite

Professores, em encontro que decidiu criar movimento contra os impactos que o PEI provoca na comunidade escolar – Crédito: Divulgação

A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) decidiu lançar o movimento “emancipa”, que visa mobilizar professores, alunos, pais, funcionários de escolas e a própria sociedade, contra o fechamento de escolas no período noturno em todo Estado de São Paulo, em função da ampliação do Programa do Ensino Integral (PEI) na rede pública estadual. A decisão foi anunciada pela presidenta da Apeoesp, a deputa estadual Professora Bebel (PT), após encontro nesta manhã de sexta (27), com diversos professores na subsede da entidade, em Piracicaba, quando ouviu inúmeros relatos de que com a ampliação do número de escolas no programa de ensino integral, os estabelecimentos deixarão de ter aulas no período noturno, enquanto que outros deixarão de receber matrículas para o primeiro ano do ensino médio noturno. O ato oficial de lançamento do “Emancipa” acontece na próxima segunda (30), na própria subsede da Apeoesp, na rua Alferes José Caetano, 968, às 18 horas, e visa reunir toda comunidade escolar, pais, professores, alunos e a sociedade que defende a escola pública de qualidade, para fazer o enfrentamento contra os prejuízos que o PEI pode causar a alunos e professores principalmente do período noturno, inclusive com riscos de ampliação da evasão escolar. Através deste movimento, a Apeoesp estará questionando o processo de adesão ao PEI em todas as escolas estaduais, que precisa de aprovação dos conselhos das escolas e da comunidade escolar. “Estamos fazendo requerimento a todos as escolas, para que informe todo processo, que precisa da aprovação do conselho escolar e da comunidade escolar”, conta.
Em Piracicaba, no próximo ano, mais 16 escolas estão passando a integrar o PEI, totalizando assim 41, e está medida fará com que estes estabelecimentos de ensino deixem de oferecer o ensino médio e o EJA (Escola de Jovens e Adultos) no período noturno. Todas estas mudanças estão gerando apreensão em professores e alunos que já trabalham como forma de ajudar no complemento da renda familiar.
Para a deputada Professora Bebel, isso demonstra que “o PEI é excludente e não inclusivo, como se propõe, inclusive nas PEI´s híbridas, que funcionarão das 7 às 14 horas, com o ensino fundamental, e das 14 às 21 horas, com o ensino médio. Mas isso exclui o aluno que trabalha ou que precisa trabalhar, que estará sendo transferido para uma outra escola, e que nem está sabendo que isso irá ocorrer e para qual escola irá. Queremos a garantia do ensino noturno, tanto para os alunos do ensino médio como do EJA, assim como a garantia da manutenção da matrícula para o primeiro ano do ensino médio e o seu funcionamento independente do número de matriculados, porque se deixarem de ser feitas, em 2023, deixaremos de ter ensino médio no período noturno em todo Estado, o que na prática é a reorganização velada nas escolas”, ressalta.
O “Emancipa”, na prática, visa, assegurar a verdadeira emancipação dos alunos, de ter direito ao ensino público, e o fortalecimento da escola pública, assim como a valorização de professores e funcionários. “O governo nega reajuste para os professores, alegando problemas financeiros, mas os que fazem a adesão ao PEI têm um acréscimo salarial de 75%. Por isso, já ingressamos com ação na Justiça pleiteando isonomia salarial”, conta Bebel.
Diante de todo imblóglio criado pela implantação do Programa de Ensino Integral, iniciado em 2012 e que está sendo ampliado pelo governo estadual, a Professora Bebel contou que a Apeoesp já vem discutindo com o Grupo de Educação do Ministério Público os impactos provocados nas escolas e que poderá judicializar a sua implantação. “Esta é uma política estabelecida pelo governo estadual, que não tem nada a ver com pedidos dos deputados Alex Madureira (PSD) e Roberto Morais (Cidadania), com domicílio eleitoral em Piracicaba, como vêm alegando, que é excludente e que, infelizmente, irá prejudicar também professores que têm mais do que um trabalho, uma vez que muitos trabalham nas escolas municipais ou particulares. A Apeoesp defende a implantação do ensino integral a partir dos primeiros anos escolares e não iniciar pelo ensino médio, porque é excludente”, completa Bebel.

Dirigente de Ensino garante manutenção do ensino noturno

O dirigente regional de Ensino de Piracicaba, Fábio Negreiros, garantiu à presidenta da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Ensino Estado de São Paulo), a deputada estadual Professora Bebel (PT), em encontro no meio da tarde desta sexta (27), a manutenção do ensino médio no período noturno nas escolas que estão passando a ter o ensino integral. No encontro, que também contou com o advogado César Pimentel, responsável pelo departamento jurídico da Apeoesp, o dirigente relatou que a Secretaria Estadual de Educação delegou a cada Diretoria Regional de Ensino estabelecer se mantêm as aulas no período noturno ou não, e que sensível aos argumentos da deputada Bebel assegurou que em Piracicaba e região a decisão será de manter.
No encontro, em que a deputada Professora Bebel relatou que estava preocupada com a possível extinção do ensino médio no noturno, o dirigente assegurou que mesmo que seja para abrir uma sala no ensino noturno ele já determinou que seja aberta, desde que haja demanda de alunos. No caso específico da EE. Professor Jethro Vaz de Toledo, na região do Jardim Itapuã, Fábio Negreiros contou que depende da inscrição de um projeto para a manutenção do ensino médio noturno, assim como deve ser feito nas escolas que também tem demanda para a implantação do EJA.
Diante dos relatos que ouviu do dirigente de Ensino, a deputada Bebel diz que é fundamental que a comunidade escolar se mobilize para que os alunos do ensino médio façam suas matrículas para o período noturno. “É fundamental a manutenção do ensino noturno, tanto para o ensino médio como para o EJA, uma vez que temos observado uma ampliação na evasão escolar, com muitos alunos deixando de ir à escola para poder trabalhar e ajudar na renda da sua família”, diz.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima