Educação x ensino

Giuliano Pereira D’Abronzo

 

Época de eleições e reiteradamente ouvimos as promessas miraculosas e o uso reiterado de termos que, se analisados mais detalhadamente, mostram que: 1) ou o candidato não sabe o que está falando; ou 2) sabe e usa esses termos para angariar votos, através da exploração do imaginário da população que, por vezes, está cansada da situação caótica que o país se encontra.

Um desses termos está no título: Educação. Quantos candidatos prometem mais investimentos na educação. Ora, será que sabem o que significa Educar? Para isso, faz-se necessário recorrer ao dicionário para entender o seu significado.

Ora, segundo consta no dicionário Houaiss, educar, significa ter os cuidados para o pleno desenvolvimento da personalidade, atingir alto grau de desenvolvimento espiritual, cultural. Pode até ser usado como sinônimo de ensinar. No entanto, percebe-se com a leitura de seu conceito, que é mais do que isso.

Pois bem, as funções descritas no conceito de educar cabem aos pais. É fácil de depreender isso. A família é responsável por isso. Ora, se os políticos querem tanto melhorar a “educação”, então invistam na preservação da família, dos valores que norteiam uma família. Não é preciso promessas extravagantes. É preciso apenas que preservem aqueles valores. E há muitas formas de fazer isso, por exemplo, não transformando a família em algo opressor, como fazem alguns movimentos.

Se conhecessem a história e os estudos clássicos, saberiam que a força de muitas nações nascia na preservação dos valores da família. Família, núcleo elementar de uma sociedade, onde as crianças aprender com seus pais e familiares os verdadeiros valores que enobrecem um individuo.

Já o conceito de ensinar, apesar, repito, de por vezes ser usado como sinônimo de educar, é um tanto quanto diferente, pois se consultarmos o mesmo dicionário Houaiss, veremos que ensinar é repassar um conhecimento, doutrinar, lecionar, instruir com práticas e exemplos para transmitir um conhecimento. Aqui observamos que este termos está mais próximo do que caberia ao Estado, transmitir um conhecimento com vistas ao aprimoramento pessoal e principalmente profissional. Cabe aqui, conforme observado, ao Estado dar oportunidade para que os estudantes, já educados em suas casas, aprendam a ler e escrever, fazer cálculos, conhecer rudimentos de várias carreiras, desenvolver sua capacidade de concatenar ideias. Enfim, uma série de habilidades que são conhecidas comumente como matérias escolares.

Não cabe, ao Estado, querer entrar na seara da família. A família tem seu papel, primordial na formação das crianças. E o Estado deve se manter longe disso. Não é sua função ser onipresente e querer impor a vontade de grupos políticos na esfera familiar. Isso é foro íntimo e deve ser preservado para a família. Ao Estado cabe dar apoio, aí sim, na formação do jovem no desenvolvimento de suas habilidades, jovens estes já educados em suas casas.

Por isso, em breves palavras, percebe-se que nos políticos pouco sabem do que é educação, ensino ou o que fazer com o dinheiro recolhido de impostos. O que sabem, isso sim, é usar da falácia para angariar votos.

Se nos ativermos a esses e outros conceitos, talvez comecemos a construir uma sociedade um pouco melhor, com mais respeito, originado da educação vinda de casa, da família, e não uma sociedade que se baseia no patrulhamento da vida alheia, na coação e na total falta de valores.

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Giuliano Pereira D’Abronzo, bacharel em Direito, servidor público federal

 

 

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