Tarcisio Angelo Mascarim
Continuando a ler o livro “Os 20 séculos de caminhada da Igreja”, destaco quando Jesus é morto e ressuscitado – a passagem deste artigo. Sugiro aos nossos leitores a aquisição do livro para entender como foi a caminhada da Igreja e aprender rico conteúdo a fim de nos salvar.
Vamos ao texto:
“Os escribas e fariseus fizeram a cabeça de muitos judeus para que não vissem em Jesus o Salvador prometido. A origem humana de Cristo e sua vida humilde eram incompatíveis com o tipo de Messias que eles esperavam. Os fariseus imaginavam um Messias nacionalista e glorioso, que viesse com poder e majestade. Não conseguiam acreditar que um Menino nascido numa gruta e crescido numa carpintaria pudesse ser o Salvador.
Por isso, quando Jesus disse que ele era o Filho de Deus, os fariseus falaram que Cristo estava blasfemando. Então mandaram matá-lo. Disseram-lhe os fariseus: ‘Não é por causa de nenhuma obra que te condenamos, e, sim, porque blasfemas. Pois, tu, sendo homem, te fazes Deus’ (Jo 10,33).
E mataram o Senhor. Mas a morte e a ressurreição de Cristo vieram provar que Ele era o Messias, porque tudo aconteceu conforme estava predito. O próprio Jesus havia profetizado a sua morte e ressurreição. Ele tinha dito aos discípulos: ‘Eis que estamos subindo a Jerusalém, e o Filho do Homem vai ser entregue aos chefes dos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos para ser escarnecido, açoitado e crucificado. Mas ao terceiro dia ressuscitará’ (Mt 20, 18-19).
Os fariseus sabiam desta profecia de Jesus. Tanto é que, na morte de Cristo, foram dizer a Pilatos: ‘Senhor, lembramo-nos de que aquele impostor, quando ainda vivia, disse: ‘Depois de três dias ressuscitarei. Ordena, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia, para que os discípulos não venham roubá-lo e depois digam ao povo: ‘Ele ressuscitou’ (Mt 27, 62-66).
Pilatos deu quatro soldados. Mas, enquanto estes guardavam o túmulo, Jesus ressuscitou. Portanto, os próprios guardas acabaram sendo testemunhas de que não houve fraude na ressurreição do Senhor. Em seguida, Cristo Ressuscitado apareceu a seus discípulos e às piedosas mulheres (Jo 20). Isto aconteceu por volta do ano 30, sendo Tibério imperador de Roma, e Pôncio Pilatos, procurador da Judéia.
JESUS DÁ PODER AOS APÓSTOLOS – Jesus veio ao mundo para salvar a humanidade toda. Ele queria que a graça da Salvação chegasse a todos os povos, de todos os tempos. Por isso Ele fez a Igreja e passou para ela a sua missão recebida do Pai. E prometeu estar com ela até o fim do mundo. Jesus deu este mandato após a sua Ressurreição, de maneira solene e pública, sobre um monte que Ele havia indicado aos onze Apóstolos. E o Senhor lhes falou que fazia aquilo como Messias, isto é, disse que tinha todo o poder de Deus, na terra e no céu, e por isso lhe dava a sua missão. Diz o Evangelho.
‘Os onze discípulos foram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha indicado. E vendo-o, o adoraram. Alguns, porém, duvidaram. Aproximou-se deles Jesus e lhes falou nestes termos: ‘Todo o poder me foi dado, no céu e na terra. Ide, portanto, e fazei que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos séculos’ (Mt 28,16-20).
A missão dos apóstolos era a mesma de Jesus: anunciar o Evangelho, perdoar os pecados, batizar, abençoar, curar os enfermos, presidir a Ceia Eucarística, consolar os tristes, dar o Espírito Santo às pessoas e conduzir a Igreja.
Jesus quis continuar agindo no meio de seu Povo por meio dos Apóstolos. Quando os enviou a pregar a mensagem do Reino dos céus, o Senhor lhes disse: ‘Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita o Pai que me enviou’ (Lc 10,16).
Aos Apóstolos, Jesus deu o poder de resolverem os problemas dos fiéis e da Igreja como se Ele mesmo estivesse resolvendo. Disse-lhes o Senhor: ‘Em verdade vos digo: tudo o que ligares na terra, será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra, será desligado no céu’ (Mt 18,18).
A PEDRO É DADA A PRIMAZIA – Lendo o Novo Testamento, vemos que São Pedro teve sempre uma liderança sobre os companheiros. Começa por isto: quando os evangelistas citam os nomes dos Apóstolos, ele vem em primeiro lugar (cf. Mt 10,2; Mc 3,16; Lc 6,14; At 1,13). São Mateus diz de propósito: ‘Eis os nomes dos doze Apóstolos, primeiro Simão, chamado Pedro…’
No Evangelho escrito por São João, vemos que Jesus tinha em sua mente o nome de Pedro, como alguém que estava em seus projetos divinos para uma função especial, já antes de Pedro conhecer Jesus. Isto aparece no primeiro encontro que os dois tiveram. ‘Fitando nele o olhar, Jesus lhe disse: ‘Tu és Simão, o filho de João, mas irás chamar-se Cefas, que significa Pedra’ (Jo 1,42b).
Mais tarde, Jesus disse abertamente a Pedro, diante dos outros Apóstolos: ‘Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e o poder do Maligno não dominará sobre ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus. Tudo o que ligares na terra, será ligado nos céus e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus’ (Mt 16,18-19).
Aqui Jesus promete fazer de Pedro a pedra ‘base’ de sua Igreja e também fala que lhe vai dar as ‘chaves’ do Reino dos Céus, isto é, o poder de governar a Igreja. E depois, estando para subir ao céu, Jesus entregou a Pedro a chefia de sua Igreja, ordenando que ele fosse o pastor de seus ‘cordeiros’ e de suas ‘ovelhas’. Esta expressão (cordeiros e ovelhas) significa a totalidade do rebanho (cf. Jo 21,15-17).
Em outro lugar, Jesus deu a Pedro, expressamente, uma responsabilidade sobre os outros Apóstolos. O Senhor lhe disse: ‘confirma os teus irmãos!’ (cf. Lc 22,31-32). Trata-se de confirmar na fé, sendo para todos um sinal de unidade, em nome de Jesus Cristo.
E, tendo o Livro dos Atos, vemos que São Pedro exerceu sempre este ‘serviço’ de governar a Igreja e foi bem aceito por todos. Veja, por exemplo, a escolha de Matias (At 1,15s), o Concílio de Jerusalém (At cap. 15) e outras passagens.
O PENTECOSTES – O Livro dos Atos diz que Jesus permaneceu na terra pelo período de ’40 dias’ após a sua ressurreição. Em seguida, subiu ao céu, de onde enviou o Espírito Santo aos apóstolos, no dia de Pentecostes. O Pentecostes já existia. Era uma festa dos judeus, celebrada 50 dias depois da Páscoa. Inicialmente era a Festa das Colheitas. Mais tarde passou a ser a comemoração da Aliança.
Para os cristãos, o Pentecostes ficou sendo a festa da vinda do Espírito Santo. Nesse dia, os Apóstolos estavam reunidos no Cenáculo, quando receberam o Espírito Santo, conforme a promessa feita por Jesus (cf João 16,5-13). Assim aconteceu: ‘De repente, veio do céu um ruído, como de um impetuoso vendaval, e encheu a casa onde eles estavam. E apareceu uma espécie de línguas de fogo, que se distribuíram e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme Espírito os impelia a que falassem’ (At 2,2-4).
Nesse dia, Jerusalém estava repleta de peregrinos. Eram Judeus dispersos que vinham de todas as partes do mundo para a festa de Pentecostes. Por isso, havia ali, partos, medos, elamitas, romanos, cretenses, gente da Capadócia, da Mesopotâmia, do Ponto, da Ásia, do Egito, da Frígia…
Então os Apóstolos, cheios do Espírito Santo, saíram à praça, e Pedro se pôs a falar de Cristo Ressuscitado e a convidar aqueles judeus para se converterem. Muitos se converteram. Umas três mil pessoas receberam o Batismo e se agregaram ao grupo dos cristãos.
Aquele acontecimento não foi um fato isolado. Foi, sim, ponto de partida para a difusão da Igreja pelo mundo todo e para todas as gerações. Pedro disse que o Espírito Santo não era só para os judeus que estavam ali, mas também ‘para seus filhos, para os que estavam longe e para todos quantos fossem chamados por Deus nosso Senhor’ (Leia At 2,1-41).
A COMUNIDADE DE JERUSALÉM – Depois que Jesus subiu ao céu, os Apóstolos permaneceram em Jerusalém cerca de três anos, conforme recomendação do Senhor. Aí se formou a primeira comunidade cristã. Muitos daqueles fiéis conheceram Jesus pessoalmente. Os Apóstolos faziam parte da comunidade. Eles davam testemunho da ressurreição do Senhor. O centro da vida comunitária era Cristo ressuscitado. O Espírito Santo unia e animava a todos. Eles aguardavam para breve o retorno de Jesus. Os pontos em destaque na comunidade eram estes: a) todos perseveravam no ensino dos Apóstolos, b) celebravam a Eucaristia (fração do pão, c) eram assíduos na oração, d) repartiam seus bens com os necessitados, e) tinham ‘um só coração e uma só alma’, f) Deus fazia milagres por meio dos Apóstolos, g) a comunidade aumentava cada dia.
Quanto ao ingresso na comunidade, deu-se até um fato impressionante. É o caso da Ananias e Safira, um casal que tentou enganar São Pedro na partilha dos bens. Resultado: caíram mortos aos pés do Apóstolo (cf. At 5,1-10).
O aumento da comunidade fez com que os Apóstolos escolhessem ‘sete homens de boa reputação, repletos do Espírito Santo e de sabedoria’, para serem diáconos. O diácono exerce um ‘serviço’ ou ministério na comunidade. Para isso é consagrado ou ordenado. Os Apóstolos oraram e impuseram as mãos sobre os sete, e eles foram ordenados. Seus nomes: Estêvão, Filipe, Nicanor, Prócoro, Timon, Parmenas e Nicolau (cf At 6,3-6).
Nesse tempo desencadeou-se forte perseguição contra a comunidade cristã, e Estêvão foi o primeiro mártir da Igreja, depois de Jesus.”
Aí está o início do crescimento da comunidade de Jerusalém, com a escolha de sete homens de boa reputação, repletos do Espírito Santo e de sabedoria e eles foram ordenados diáconos.
_______
Tarcisio Angelo Mascarim, sócio e administrador da Mascarim & Mascarim Sociedade de Advogados. (mais artigos no tarcisiomascarim.blogspot.com)