Cidadania em questão (II)

O caso da escrivã que teve sua nudez exposta, filmada e colocada na internet reacende um tema antigo: a sede de poder no homem. Sobre ela recaía a suspeita de receber R$ 200,00 de uma pessoa investigada, o que demandava uma revista íntima em seu corpo.

Até aí nada há que cause estranheza. O embate se inicia quando o delegado Eduardo Henrique de Carvalho Filho insiste ele mesmo em fazer a revista nela que se negou peremptoriamente a permitir, já que pela legislação é direito ter a revista feita por PM do mesmo sexo. “Perdi a paciência com você”, “ela vai ficar pelada na frente de todo mundo” gritava Carvalho Filho que, usando de suas atribuições, se extrapolou e com o uso da força bruta arrancou-lhe a roupa. Tudo isso com a câmera da própria corregedoria do estado filmando. O caso ocorreu em 2009, mas se tornou público com o vídeo publicado no Youtube e a TV noticiando.

Assisti ao vídeo na época e confesso, me revoltou. A nudez me pareceu ser o que menos preocupava. O uso do poder para subjugar a escrivã ficou estampado nos ditos policiais.

Quando a Carta Magna é desrespeitada as sanções são previstas, mas quando quem a fere são as autoridades que recebem dos nossos impostos para protegê-la e nos proteger, cria-se um estado de insegurança e já não sabemos mais a quem recorrer. Nessas horas vemos que a lei é para todos, mas a justiça exclusividade de alguns.

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“A aceitação de processos psíquicos inconscientes, o reconhecimento da doutrina da resistência e do recalcamento e a consideração da sexualidade e do complexo de Édipo são os conteúdos principais da psicanálise e os fundamentos de sua teoria, e quem não estiver em condições de subscrever todos eles não deve figurar entre os psicanalistas”. (Freud)

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Com fortes dores repetidas no estômago chegando a vomitar sem parar fui ao médico.Disse que estou com somatização. O que é isso? Tem cura? Por falta de grana parei o tratamento e perdi as receitas. Meu marido é impulsivo, quer pedir demissão e vive nos prejudicando. Já pensei em separação. Eu o amo, mas não consigo fazê-lo ver os problemas de outra forma! Não aguento mais, não tenho amigos nem com quem conversar.

Paula, 26, Osasco.

 

A psicossomática é dos sintomas, o que se expressa no corpo. Empresta-se o corpo para a queixa. É muito provável que suas dores tenham origens emocionais, escapando a qualquer exame médico. Obviamente que o tratamento também deve considerar suas emoções. Atualmente o SUS está oferecendo apoio psicológico que apesar de restrito é melhor que nada.

Mas me parece haver mais coisas. Você coloca a hipótese de se separar. Muito sutilmente surge a ideia de que o mal estar de seu casamento, por uma suposta irresponsabilidade, seja a causa dessa somatização. Veja que parou o tratamento médico por falta de grana, sua queixa com seu marido e com o emprego, logo, com as contas.

Talvez esteja associando a impulsividade e demissão com repetidas dores e vômitos. Será que o ama tanto quanto ama seu sintoma?

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