Cidadania (I)

Em qualquer cultura e em qualquer momento sócio histórico o homicídio é repudiado por todos. Em Fevereiro de 2011 um bancário avançou com seu carro sobre 17 ciclistas em Porto Alegre. Não vou entrar no mérito do crime, e estou ciente dos ânimos que minhas colocações podem despertar.

O ser humano age diferente coletivamente. A responsabilidade é sentida conforme mais pessoas compartilham da mesma atitude. É o que ocorre nos linchamentos.

Numa análise isenta de moralismos o carro era para o bancário sua arma contra a força grupal perante a qual se viu ameaçado e desconhecendo o que dali resultaria. Reitero, não estou em defesa de ninguém nem aprovo o ato do motorista, mas me fica difícil imaginar alguém em seu lugarficar passivo. Na incerteza de ações coletivas e com condições de “se defender”, qualquer pessoa age. Obviamente que essa ação é regulada pelo nível de racionalidade que cada um coloca em jogo no momento. O motorista que vinha atrás argumenta em favor do acusado.

Eu mesmo já fui obrigado a ter que parar ou desviar o veículo, pois eventuais skatistas ou ciclistas vindospela contramão me enfrentaram. É uma situação desigual. Seu veículo é identificado pela chapa, mas como se identifica um ciclista que após breve discussão lhe chuta o veículo? Quando uma parte fica isenta de sanções a cidadania cai por terra.

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“Pois uma psicanálise não é uma investigação científica imparcial, mas uma medida terapêutica. Sua essência não é provar nada, mas simplesmente alterar alguma coisa”. (Sigmund Freud)

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 Estou muito agitada e ansiosa ultimamente e está difícil controlar. Acho que estou com depressão. Sinto um desânimo e um tédio insuportáveisem tudo, sem quaisquer perspectivas para o futuro. Quando durmo parece que meus problemas somem. Penso nisso ao menos uma vez por semana e choro desesperadamente, sem saber a quem recorrer, pois ninguém compreenderia. Isso é algum distúrbio, ou apenas uma fase difícil?Cleide, 20.

 

Acho muito questionável sua suspeita de depressão. Ela retira da pessoa toda libido, sem apresentar agitação e ansiedade. Seria paradoxal, a priori. Não ver perspectivas na vida tem sido mais comum nos dias de hoje. Já causou estranheza, mas a sociedade está desnorteada; facilmente nos vemos perdidos, sem saber qual direção tomar.

Desânimo e tédio podem ter diversas origens, sem ser exclusivos da depressão. A desesperança facilmente nos conduz à ‘tudo está perdido’. Não causa estranheza que você chore, mas de onde viria tal desespero? Há mais coisa nisso. A suposta falta de compreensão de alguém reflete o seu eu esfacelado. Dito de outra forma, não seria você quem não se compreende?

Quanto ao distúrbio é um pedido de diagnóstico, impossível numa publicação. Ajuda profissional é desejável, porém esse tipo de diagnóstico pertence à medicina, e sua queixa é emocional. A psiquiatria trabalha com o cérebro, mas a mente transcende a matéria.

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