Asfalto em ano de eleição – O mais do mesmo

Thadeu Augusto Luzzi Bonomo

Na última semana foi veiculada uma matéria no site “Fato Político”, administrado pelo próprio “autor” da matéria e no jornal “A Tribuna” a qual não foi assinada e veiculada nos moldes “Ctrl C, Ctrl V”, dando um claro sinal de que foi “encomendada” pela Prefeitura.

Incapaz de dialogar com o contraditório e depois de um longo silêncio por parte do Prefeito e seus funcionários, agora eles se sentem confortáveis em expor seu ponto de vista em uma matéria repleta de atrocidades que, ao longo deste artigo, pretendo discorrer ponto a ponto.

A começar pela afirmação do sec. de Obras, de que a manutenção das estradas de terra é onerosa e com a chegada do asfalto, as mãos de obra, bem como os equipamentos para esta finalidade, serão extintos.

Realizar manutenções em estradas de terra é menos oneroso em relação às realizadas no pavimento asfáltico? Não sei qual a formação técnica deste profissional, mas com certeza, não aferiu seus custos quando desta afirmação. Para refrescar a memória do Secretário, indico a leitura da matéria do jornal “O Regional” de 25/08/2020, onde foi relatado o péssimo serviço executado na pavimentação do Bairro Primaveras, onde, em pouco tempo, foi necessária a realização de recapeamento asfáltico a uma bagatela de, aproximadamente, 500 mil reais.

Foi informado ainda que, obras futuras na região, poderão ser executadas pelo método não destrutivo. Ora, logo a pouco o Secretário ficou preocupado com os elevados custos para manutenções nas ruas de terra e na sequência indica a utilização de um método mais moderno e infinitamente mais oneroso? Há algum estudo de viabilidade técnica e economicamente viável para tais afirmações? Imagino que não.

Logo a diante, a Coordenadora do Meio Ambiente, afirma que asfalto trará inúmeros ganhos ambientais. Pois é, foi exatamente isso o que ela disse, contradizendo estudos científicos que mostram absolutamente o contrário. Só o processo de fabricação do asfalto já é um atentado ao meio ambiente, quanto mais na sua aplicação em uma macro zona rural.

Complementando, afirmou que diminuiria o processo erosivo, o que está correto, uma vez que ocorre a completa impermeabilização do sistema viário, porém, quais as obras serão realizadas nos pontos de deságues, sendo que serão locais de imensa concentração das águas pluviais? Certamente, nestes pontos específicos, haverá severas erosões, às quais refutam por completo esta argumentação.

Para fechar com “chave de ouro” ainda afirmou que não há intervenção em área de preservação permanente, bem como se mantém com o foco no desenvolvimento sustentável. Não sei se estamos falando dos mesmos bairros “Floresta Escura” e “Prainha” e de asfalto, uma vez que os bairros são repletos de corpos d´água, características elementares de uma APP e o asfalto não possui nada, nada de sustentável.

Como se não bastassem essas barbaridades, chegou a vez do COMTUR, onde afirmou, categoricamente, que a maioria dos turistas tiveram, como atrativo principal, o contato com a natureza, porém afirmou que o asfalto é um fator que os desagrada.

Quando da elaboração deste artigo, encaminhei mensagem ao COMTUR para ter acesso a essa tal pesquisa e analisar onde está o “pulo do gato” desta tremenda contradição nas afirmações, uma vez que asfalto não tem nada de similar com “contato com a natureza”.

Logo posso concluir que, ou houve alguma falha na elaboração da pesquisa, ou os turistas estão infinitamente mal informados em relação às origens e aplicações do pavimento asfáltico, ou ainda a pesquisa sofreu a boa e velha “maquiagem”.

Por último e não menos importante, são as falas do Prefeito, que por meses se manteve em silêncio, mas agora resolveu se expressar. Afirmou algumas inverdades e outras questionáveis, que certamente o Prefeito irá se calar ou esquivar-se, uma vez que foi perceptível a incapacidade de expor aos munícipes seus projetos e ambições para com este bairro.

A primeira delas foi que este projeto visa atender os que efetivamente moram na região, desmerecendo por completo a opinião dos proprietários veranistas, que pagam seus impostos tanto quanto os moradores. Além disso, é uma inverdade, uma vez que eu mesmo sou morador e há diversos moradores que são categoricamente contrários a este projeto.

Logo adiante, apela para um discurso eleitoreiro e populista, atribuindo a obra aos que “não tem voz” e à maioria. Ora, ele esqueceu que foi ele quem não nos deu ouvido e que ignorou, por diversas vezes, nossas tentativas de diálogos.

Além disso, convido o Prefeito a apresentar as evidências relativas à aceitação deste projeto pela maioria dos “beneficiados”, que perfazem um total de 248 proprietários favoráveis. Tenho absoluta certeza que não irá se manifestar, uma vez que não possui a comprovação destas afirmações, bem como pelo descomprometimento apresentado pelos fatos técnicos e pelos interesses regionais.

Informou ainda que a UBS do bairro Primaveras foi construída com a finalidade de atender as demandas dos Bairros Floresta Escura e Prainha, sendo assim, peço a gentileza do Prefeito indicar qual a linha de ônibus que atende tal trajeto, uma vez que é inevitavelmente mais dificultoso o acesso dos que são desprovidos de veículos motorizados.

Informou também que as obras de abastecimento de água tratada, bem como a coleta e tratamento do esgoto, não dependem somente desta municipalidade, mas se não totalmente, a municipalidade tem uma contribuição relevante no pedido desses recursos, certo? Fico curioso em saber se a obra de pavimentação asfáltica dependeu tão somente do município, que conforme afirmação descrita na matéria, à contra partida do município é mínima, ou seja, os recursos são majoritariamente federais.

Para finalizar, informaram que os bairros estão localizados em uma área classificada como “Z10“, que de acordo com o Código Tributário do Município, trata-se de uma área urbanizável e de expansão urbana, porém, omitem propositadamente que, de acordo com a Lei Complementar nº 92, os bairros estão inseridos em uma “macrozona rural”, porém que é Área Urbana (Fora da Sede do Município), e, portanto, há cobrança de IPTU que, curiosamente, foi enquadrada atendendo as exigências mínimas para a realização desta cobrança, ficando claro o interesse financeiro para tipificação urbana. Sendo assim, é difícil de engolir que as obras, necessariamente prioritárias, independem das ações do município.

Diante do exposto, posso concluir que estes gestores públicos residem em “Nárnia”, onde a manutenção na terra é mais cara que a do asfalto, onde os turistas preferem o contato com a natureza, mas não gostam de estradas de terra, onde o asfalto faz parte de um desenvolvimento sustentável e onde o Prefeito prioriza o asfalto em detrimento do saneamento básico da cidade.

Ficam algumas reflexões para os munícipes avaliarem em quem irão depositar a sua qualidade de vida nas próximas eleições, afinal, asfalto é muito mais importante do que abastecimento de água tratada e coleta e tratamento de esgoto.

Thadeu Augusto Luzzi Bonomo – Eng. Civil – [email protected]

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