Alvaro Vargas
O nosso corpo físico é uma réplica do nosso perispírito, e o regresso ao mundo espiritual não nos torna melhor do que somos. Os nossos valores morais, o estilo de vida, a nossa personalidade é a mesmae o processo de readaptação no mundo espiritual é gradativo. Depois da desencarnação, conforme os níveis evolutivo e de esclarecimento do espírito, alguns ficam perfeitamente lúcidos, mas outros permanecem dormindo por meses ou anosaté que possam despertar e reiniciar as suas atividades nas cidades espirituais. O espírito André Luiz (E a vida continua, Chico Xavier), conta-nos que Evelina ficou mais de um ano dormindo no hospitalaté ser desperta. Já o espírito Frederico Figner (Voltei, Chico Xavier), permaneceu perfeitamente lúcido durante todo o processo de desencarnação (conforme havia solicitado ao seu mentor espiritual), e quando se viu fora do corpo, de pijamas, solicitou um terno (que foi providenciado pelos amigos espirituais).
André Luiz (Evolução em Dois Mundo, Parte-2, cap. V, Chico Xavier& Waldo Vieira) cita que “decerto, não falta indumentária digna às criaturas que se emanciparam do vaso físico, roupagem, toda ela, confeccionada com esmero e carinho, por mãos hábeis e nobres da esfera extrafísica”. Evidente que isso depende do nível evolutivo do espírito, enquanto alguns necessitam dessa ajuda, outros pela vontade e força mental, são capazes de produzir, de forma instantânea, a vestimenta que desejam. Yvonne Pereira (Devassando o invisível), comenta que “comumente, os espíritos se apresentam trajados conforme o fizeram durante a existência carnal, mas raramente, alguns se deixam ver com a indumentária com que foram sepultados”.
De uma maneira geral, os espíritos se trajam e modificam a aparência das vestes que usam conforme desejam, exceto aqueles moralmente inferiores, cuja mente não possui vibrações à altura de efetuar a operação plástica requerida. Esses, podem se apresentar despidos (se quando encarnados eramsexólatras) ou com vestuários maltrapilhos, quais os mendigos que encontramos nas ruas aqui na Terra (Yvonne Pereira, devassando o Invisível).Essa é a mesma observação de Léon Denis (Depois da Morte, cap. 23),em que “a veste fluídica apresenta um aspecto esplêndido ou miserável, o manto fluídico que a cobre, verifica seu próprio estado de adiantamento”.
A decisão dos espíritos, quanto a roupagem com se apresentam,também é variável. O espírito Meimei, que se fazia visível aos médiuns,vestida de noiva, trazendo na cabeça um chapeuzinho branco. O espírito Emmanuel, se apresentava como o senador romano Públio Lêntulus,uma encarnação que teve na época de Jesus. Interessante é que posteriormente a essa existência, ele teve várias reencarnações, entre elas, o escravo Nestório (50 anos depois, Emmanuel & Chico Xavier) e padre Manoel da Nóbrega. A razão para a sua roupagem de senador romano, pode estar relacionada com aspectos caros para ele, naquela reencarnação (“Há 2000 anos”, Emmanuel & Chico Xavier).Já a mentora do médium Divaldo Franco (Joanna de Ângelis), mantém a forma espiritual do corpo físico que teve em sua última encarnação, quando foi a abadessa Joanna Angélica de Jesus (1761-1822), que morreu assassinada pelos soldados portugueses durante os saques que fizeram em Salvador, Bahia, na época da independência do Brasil. Ela esteve com Jesus na Palestina, como Joanna de Cusa (martirizada em Roma) e ainda outras reencarnações, mas prefere manter as características de sua última vestimenta carnal.
Mas Kardec (Livro dos Médiuns, cap. 24), explica que a aparência do espírito é questão secundária. O fundamental é o conteúdo da mensagem que traz. Tivemos milhares de reencarnações, na Terra e em outros planetas. A roupagem com que nos apresentarmos será de acordo com o nosso interesse, relacionado com algum fato importante para nós em determinada experiência terrena, e sempre poderemos alterar esse envoltório, conforme ascircunstâncias.
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Alvaro Vargas, Eng. Agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita