Pandemia: estudo da Apeoesp mostra total inadequação das escolas públicas

Professora Bebel coordena ato ecumênico em defesa da vida, na Praça da República, em São Paulo – Crédito: DivulgaçãoA Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) promoveu ato ecumênico na última sexta (28), na Praça da República, e São Paulo, em defesa da vida e divulgou os resultados de uma pesquisa que aponta a inadequação de escolas públicas do Estado de São Paulo a este momento de enfrentamento da pandemia do coronavírus, o que condena o retorno das aulas presenciais para o início de outubro, como estabeleceu o governador João Doria. O evento, coordenado pela presidenta da Apeoesp, a deputada estadual Professora Bebel (PT) também foi marcado pelo lançamento de um Manual para Escolas Saudáveis.
A pesquisa foi realizada em parceria entre a Apeoesp, o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) e o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Já o manual é uma parceria Apeoesp/IAB e contém todas as diretrizes para que a escola seja um espaço seguro para a saúde de todos e que seja agradável e adequado ao processo ensino-aprendizagem.
O levantamento sobre a infraestrutura das escolas da rede estadual de São Paulo indica que 99% das unidades escolares não possuem enfermaria, consultório médico ou ambulatório. O estudo aponta ainda que 82% das escolas estaduais não têm mais de dois sanitários para uso dos estudantes. “Em resposta às demandas da pandemia, mas também visando a constituir um espaço permanente de apoio à saúde dentro da escola, faz-se necessário que todas as edificações tenham um ambulatório ou um espaço de acolhimento, onde possam ser realizados atendimentos de primeiros socorros e isolamento de pessoas que apresentem sintomas durante sua permanência na escola, sejam estes da covid-19 ou de quaisquer outras enfermidades”, diz o manual divulgado pelas entidades.
A Professora Bebel ressalta que o levantamento aponta ainda que 11% das escolas estaduais não têm pátio, 13% não têm quadra, ginásio ou campo de futebol e 79% não possuem vestiário. Outro dado é que 48% das unidades escolares não têm sanitário acessível para pessoa com algum tipo de deficiência.
Para a presidente da Apeoesp, o levantamento “coloca em números o que nós, professores, sabemos há muito tempo: a infraestrutura das escolas da rede estadual paulista é precária. Isso já era extremamente prejudicial para o processo pedagógico. Agora, em plena pandemia, passou a ser perigoso”, diz. O manual aponta ainda que, “em meio às condições adversas decorrentes da pandemia da covid-19, o olhar para as edificações escolares busca adaptações espaciais que contribuam para a não-disseminação do vírus e para a garantia de ambiências saudáveis”.
Entre as orientações gerais trazidas pelo documento estão, ainda, o distanciamento entre alunos e professores, a manutenção de portas abertas para evitar manuseio de maçanetas e promover a circulação do ar, além da realização de atividades escolares em espaços abertos, como parquinhos, pátios e quadras poliesportivas. O manual sugere ainda que sejam realizados diagnósticos de cada escola, com participação de representantes de alunos, funcionários e professores, para que seja então elaborado um plano de ação com estratégias para um retorno seguro das atividades escolares, quando for o momento adequado.
O levantamento divulgado estima que 8 milhões de pessoas —entre alunos, funcionários e professores de escolas das redes municipal e estadual— seriam expostas diretamente com a volta das aulas no estado. Segundo o estudo, 93,4% das turmas das escolas estaduais teriam de ser adequadas para que seja obedecido o distanciamento de 1,5 metro entre os alunos, como recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Considerando o tamanho padrão das salas de aula, as entidades calculam que cada sala deverá abrigar, no máximo, 20 alunos ao mesmo tempo. Hoje, de acordo com o levantamento, a média é de 35 alunos por turma. O plano de retomada do governo estadual prevê um retorno gradual, com 35% de ocupação máxima das salas de aula na primeira fase e a manutenção do ensino híbrido. Em uma segunda fase, a ocupação máxima autorizada passaria para 70%.
ATO ECUMÊNICO 

O ato ecumênico em defesa da vida, com velas acesas iluminando o evento, foi realizado no início da noite, e contou com as participações de Pai Celso, representando as religiões de matriz african; Pastor Jair Alves, pelas religiões evangélicas; Padre José Enes de Jesus, pela religião católica, e Rafic Aires, pela religião muçulmana. Não puderam comparecer, mas enviaram à APEOESP mensagens de apoio, a Monja Cohen, da religião Budista, e o Rabino Alexandre Leone, da religião Judaica. Estiveram presentes também Hector Batista, Presidente da UPES, Douglas Izzo, Presidente da CUT SP, Leandro Oliveira, Coordenador do Fórum Estadual de Educação e outros representantes de entidades.

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