Criado em 1986 pela Lei Federal nº. 7.488, o Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado em 29 de agosto, tem como objetivo reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população brasileira para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco. Esta foi a primeira legislação em âmbito federal relacionada à regulamentação do tabagismo no Brasil. Estava inaugurada, de forma ainda tímida, a normatização voltada para o controle do tabagismo como problema de saúde coletiva. O primeiro inquérito nacional sobre saúde, em 1989, com o auge do consumo de cigarros pela população brasileira, revelou que 32,4% dos brasileiros acima de 15 anos de idade consumiam cigarros ou outros produtos derivados do tabaco. De lá pra cá muita coisa mudou. Atualmente 9,8% da população brasileira é fumante.
É para essa parcela da população piracicabana que trabalha a Paradas pro Sucesso, campanha anti-tabagismo que surgiu em meio à pandemia causada pelo novo coronavírus. Essa nova realidade está impondo uma série de desafios em nível coletivo e individual. Governos têm tomado medidas de contenção da propagação do vírus, ofertando assistência aos infectados e tomando um conjunto enorme de decisões para proteger a saúde da população, que segue como pode as orientações de manter-se isolada fisicamente. Algumas pessoas trabalham remotamente, e as que desempenham atividade essencial se protegem como podem.
Se para muitos estar isolado do convívio social pode levar a inquietações, medo e ansiedade, imagine para os fumantes. Além dos desafios comuns a todos, eles enfrentam o dilema de consumirem um produto que os deixa mais vulneráveis a infecções pulmonares e, quando infectados pelo coronavírus, ficam sob um risco aumentado de ter um desfecho negativo.
MELHOR OPÇÃO
Deixar de fumar é sempre a melhor opção e, com auxílio profissional, o fumante tem mais chances de obter êxito na sua tentativa. Mas, em tempo de pandemia, mesmo para aqueles que desejam abandonar o tabagismo, as aflições devem ser muitas: “como deixar de fumar agora sem assistência de um profissional?”, “fumar em casa expõe minha família ainda mais aos prejuízos da fumaça do cigarro?” ou “e se o abastecimento de cigarros for interrompido durante a pandemia, como vou ficar sem nicotina?”.
Há também fumantes que não querem parar de fumar, por ainda não estarem motivados para isso ou por qualquer outra razão, mas que mesmo assim andam refletindo sobre a vulnerabilidade em que se encontram durante a pandemia.
O isolamento social trazido com a pandemia e a crise política e econômica refletiram no comportamento dos fumantes. A Fundação Oswaldo Cruz realizou um estudo em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas.
Confira os resultados:
Entre os fumantes, 87,7% mantiveram ou aumentaram a quantidade de cigarros fumados por dia, com a seguinte distribuição: 53,4% mantiveram a quantidade de cigarros consumidos; 6,4% aumentaram em cinco ou menos unidades; 22,8% aumentaram em cerca de dez unidades; 5,1% aumentaram em 20 cigarros ou mais (equivalente a um maço a mais por dia).
O comportamento dos homens foi diferente do das mulheres: 57,1% e 49,2%, respectivamente, relataram manter o número de cigarros consumidos, enquanto 17% deles aumentaram meio maço ao dia, contra 17% das mulheres.
A consideração da variação da quantidade de cigarros segundo o grau de escolaridade também sugere uma desigualdade social do tabagismo na pandemia. Entre os indivíduos fumantes de menor escolaridade, 35% aumentaram o consumo em mais de dez cigarros por dia, contra 26% dos fumantes com alta escolaridade. Além disso, apenas 5% dos primeiros diminuíram a quantidade diária, contra 13% entre os com ensino superior completo.
Milhões de brasileiros ainda são dependentes de nicotina. Para uma parcela deles, a pandemia pode ser o momento de abandonar o tabagismo, mas para muitos o desafio ainda parece ser muito grande.
PARADAS PRO SUCESSO
Foi pensando nisso que, desde abril, a médica cardiologista Juliana Previtalli e o músico Luís Fernando Dutra com a “Paradas pro Sucesso”, trazem artistas de variados estilos musicais com mensagens que alertam e estimulam a cessação. Você pode conferir os vídeos no YouTube da campanha: Paradas pro Sucesso.
Quem ser sentir preparado para fazer o tratamento do tabagismo pode procurar a UBS mais próxima e perguntar pelo Programa Anti Tabagismo, fornecido pelo SUS. Juliana Previtalli também atende em seu consultório pacientes particulares e convênios. CARDIOCLIN: Rua Visconde do Rio Branco 1804, bairro Alto. Agendamentos pelo WhatsApp: 97123-1361