Daniella Oliveira
Moradores Jardim Santa Rosa, em São Pedro, reclamam que há pelo menos dois anos não conseguem ter uma noite tranquila por conta do barulho e trepidação causados por uma empresa de extração de areia localizada no bairro. Em fevereiro deste ano, o grupo protocolou um abaixo-assinado na Prefeitura pedindo ajuda para resolver o problema, mas o Poder Público se limitou em sugerir chamar a Guarda Municipal que tem o aparelho (decibelímetro) para apurar o volume do som causado pela empresa.
De acordo com a professora Irma Guimarães, que mora há 18 anos no bairro, os problemas não são apenas emocionais por não conseguirem dormir, mas também há prejuízos materiais. “Como a trepidação é muito forte e acontece o dia e a noite inteira, já temos várias rachaduras nas paredes. Na minha casa, por exemplo, uso o sofá para calçar a porta e até algodão nas janelas”.
O fato de a Prefeitura informar que o Porto de Areia só tem licença para trabalhar das 7h às 18h também foi questionado pelos moradores. O pedreiro José Vicente, que mora há 22 anos na rua dos fundos da empresa, disse que o barulho e o tremor são insuportáveis. “Minha casa está cheia de rachaduras e aqui ninguém consegue dormir direito. Depois das nove horas da noite o barulho fica mais alto e isso segue até amanhecer”, relatou.
Há 20 anos no bairro, a professora Cristina Santos fala que problemas com fumaça e areia sempre existiram, mas de barulho e trepidação, principalmente à noite, começaram em agosto de 2018. “Antes o barulho, a poeira e essa trepidação paravam por volta das 10 horas da noite e não acontecia nos fins de semana, agora são 24 horas sem sossego. A casa treme inteira e já está cheia de rachaduras; e o dono da empresa se limita em dizer que já estava aqui primeiro e ainda pede para gente colocar preço na casa”.
A dona de casa Alaide Almeida, que vive no bairro há 5 anos, está muito preocupada com a saúde do marido. “Além dos problemas com as rachaduras e trepidação à noite inteira, a fumaça e a poeira estão agravando ainda mais os problemas que meu marido tem nos pulmões. Mesmo usando bombinhas, ele passa muito mal com essa areia toda dentro de casa”, explicou Alaide.
A professora Maisa Oliveira e o aposentado Elicir Chiosini relataram os mesmo problemas com rachaduras nas casas, perturbação do sossego à noite inteira, fumaça e poeira. “De domingo a domingo estamos convivendo com tudo isso. Já tentamos falar com o dono da empresa para resolver os problemas, mas ele apenas diz que a empresa estava aqui antes da gente chegar e pede para colocar preço nas casas”.
Os moradores ressaltaram que em nenhum momento pediram para o dono da empresa deixar o bairro, mas sim que resolva os problemas. “De maneira nenhuma queremos que a empresa feche as portas, pois sabemos o quanto é importante para geração de emprego. Nosso pedido é que a empresa se modernize e deixe de causar tantos transtornos para as famílias que vivem aqui no bairro”, disse Cristina Santos.
Porto de Areia
De acordo com o dono da empresa, Luiz Azzini, grande parte do problema já começou a ser resolvido na quarta-feira (19), dia que os moradores se reuniram para fazer as reclamações. “Na noite mesmo já começamos a desmontar a máquina para fazermos os reparos necessários para eliminar os ruídos e acabar com essa trepidação”.
Azzini também disse que cerca de 70% do serviço realizado no porto de areia será transferido para Santa Maria da Serra, o que também irá contribuir com uma relação mais harmoniosa entre a empresa e os moradores. “Estamos fazendo um investimento alto numa área rural de Santa Maria, onde devemos gerar mais 15 empregos, além dos 65 que já oferecemos. Essa parte de secagem de areia será transferida e não teremos mais que ligar a máquina à noite”, disse, ao destacar que novos equipamentos já foram instalados para zerar a produção de fumaça e poluição.