Uma pesquisa realizada pelo Datafolha em parceria com a Fundação Lemann, Itaú Social e a Imaginable Futures, apontou que uma parcela considerável dos estudantes das escolas estaduais de São Paulo está ansiosa durante o confinamento em casa, neste período de pandemia. Os dados da pesquisa apontaram que 75% dos estudantes estão tristes ou ansiosos ou irritados.
Para chegar aos indicadores, o Datafolha entrevistou 424 responsáveis por estudantes matriculados na rede pública com idade entre 6 e 18 anos, dos anos iniciais e finais do ensino fundamental e do ensino médio, no mês de junho deste ano. As entrevistas resultaram em uma amostra de 598 estudantes, sendo 354 de escolas públicas estaduais de São Paulo.
Na rede estadual, a pesquisa aponta que 68% dos estudantes estão ansiosos, 44% estão irritados e 28% estão tristes em função confinamento. Esses índices estão próximos aos verificados no Brasil, Sudeste e no Estado. Por outro lado, os responsáveis dos estudantes apontaram que 23% deles estão com medo de voltar à escola.
O secretário da educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares, aponta que os dados da pesquisa são extremamente preocupantes, no tocante à questão psicológica dos estudantes. “A convivência escolar é importantíssima para a formação das nossas crianças e jovens. Além disso, a relação respeitosa e de confiança entre o estudante e o professor é um apoio emocional que certamente faz a diferença para os nossos alunos”, destaca.
OBJETIVOS
Entre os três principais objetivos da pesquisa “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias” estão: Identificar se os estudantes estão acessando e realizando as atividades de aprendizagem propostas no período da pandemia; Mapear as dificuldades em relação ao acesso, rotinas e motivação e,
Identificar percepções dos responsáveis sobre o acompanhamento das escolas, evolução nos estudos, possibilidades de abandono, assim como os desafios no apoio da rotina de aprendizagem me período remoto.
“Em um cenário de pandemia buscamos contribuir com os gestores públicos com dados e evidências para apoiar o planejamento de ações e para que sejam mais efetivas. É muito importante para todos que atuam com educação entender os desafios que estudantes, pais e responsáveis estão enfrentando e, com essas informações, pensar em formas de ensino-aprendizagem, motivação dos alunos e como evitar o abandono escolar no pós-pandemia”, diz Daniel de Bonis, diretor de políticas educacionais da Fundação Lemann. “Por isso, junto com Itaú Social e Imaginable Futures encomendamos ao Datafolha pesquisas que nos mostram o panorama da educação na pandemia”, completa.
ACESSO
Na pesquisa, os responsáveis responderam que 96% dos estudantes das escolas estaduais de São Paulo receberam algum tipo de material para as aulas realizadas em casa no período da quarentena. Esse índice é mais alto que o do Brasil (79%) e Sudeste (87%). Só 4% declarou não ter tido acesso a nenhuma das atividades propostas pela Secretaria Estadual da Educação.
O acesso aos conteúdos pelos estudantes da rede pública estadual de SP, com atividades por equipamentos, ficam acima da média do Brasil e do Sudeste. O acesso via celular, computador, material impresso e TV foi de, respectivamente, 87%, 73%, 64% e 53%, na rede estadual. Os responsáveis também apontaram que 56% dos estudantes dizem ter contato com professores para esclarecer dúvidas; esse índice é maior do que o observado no Sudeste (52%) e próximo ao verificado no Brasil (62%).
A pesquisa mostra que 61% dos responsáveis percebem falta de motivação dos estudantes de escolas estaduais, 62% acha difícil manter a rotina de estudos e 42% percebe evolução no aprendizado, índices próximos ao Brasil e Sudeste.
INCERTEZAS
Para 45%, os estudantes de escolas estaduais estão preparados para concluir a série atual, e 52% pensam o contrário, resultado no mesmo patamar do observado no Brasil e Sudeste. Para não perder o ano 84% dos responsáveis por estudantes de escolas estaduais defendem que vale a pena manter as atividades em casa junto com as aulas nas escolas. 69% avaliam que deveria haver aulas aos sábados, e 73%, que o ano letivo deveria ser prorrogado até 2021. Mesmas tendências no Brasil e Sudeste.