A união dos projetos “Lar das Ruas” e “Casa de Passagem”, que atendem hoje cerca de 70 pessoas em situação de rua, tem sido pauta nas reuniões da Smads (Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social) e a APFP (Associação Presbiteriana de Filantropia de Piracicaba), presidida pelo reverendo Sérgio Martins. Para detalhar como a entidade sem fins lucrativos atua no desenvolvimento e autonomia dos seres humanos, Martins participou de live no perfil Instagram do programa Parlamento Aberto, na tarde desta terça (7).
Monitorado pela APFP, a Casa de Passagem recebia moradores de rua das 19 às 7 horas, no período noturno, horário quando eles tomavam banho, se alimentavam, dormiam e depois voltavam para as ruas. Com o início da pandemia, essa lógica mudou.
“Agora, o atendimento na Casa de Passagem passou a ser 24 horas. Com o apoio da Smads, o trabalho começou a crescer, atendendo cerca de 30 pessoas, e pode chegar a 50, e por isso houve a necessidade de abrir outro local”, disse Martins.
Assim, foi organizado pela Smads, o “Lar das Ruas”, no Ginásio do Jaraguá, montado e adaptado em cinco dias após o início da pandemia e que atende cerca de 50 pessoas em situação de rua. “Como já cuidávamos da Casa de Passagem, o prefeito nos chamou para dar opinião sobre o novo local no ginásio e como ficaria a organização”, destacou Martins.
Ele destaca, no entanto, que ainda “não foi nada objetivado”. Mas destacou a similaridade dos serviços oferecidos nos dois locais. “Com o tempo, notamos que os dois locais trabalhavam com o mesmo público e objetivo: auxiliar essas pessoas a voltarem a conviver com a sociedade. Então, nosso objetivo é unir os dois para formar um só”, salientou.
Martins contou que esse projeto já está em andamento. O local já foi visitado, que por enquanto será alugado, mas o objetivo é a construção de espaço destinado a esse abrigo. “Iremos analisar com essa nova junção quem realmente está em situação de rua, porque tem aqueles que passam o dia todo na rua, mas tem casa para voltar. Esse local é um abrigo para que as pessoas em situação de rua revejam suas necessidades e trabalhem com elas para que tenham uma vida normal em sociedade”, contou.
ASSOCIAÇÃO
Dedicado a projetos sociais desde seus 18 anos, o reverendo Sérgio Martins falou da origem da associação, que em agosto completa 15 anos, e detalhou como foi desenvolvendo projetos em prol da integridade do ser humano. “Quando entrei no seminário, já tinha essa vontade de ajudar as pessoas. Inicialmente, trabalhou com as populações indígenas no Nordeste e depois na cidade de Anápolis, em Goiás.
“Neste local havia uma colaboradora que passando por uma situação difícil. Sua filha ficou grávida e ainda sem o pai. A criança nasceu com síndrome de down e então comecei a auxiliar essa família. Quando cheguei em Piracicaba, há mais de 20 anos, eu quis ter esse olhar para a cidade também”, contou.
Segundo ele, esse sonho se juntou ao de Gaziela Penteado Faria, da Escola Passo a Passo (voltada para a promoção da qualidade de vida das pessoas com deficiência intelectual e múltipla) e com mais 45 irmãos presbiterianos. Assim, a associação foi idealizada e hoje é um espaço de convívio para pessoas com deficiência intelectual e múltipla. “É importante que as pessoas saibam que a associação não é da Igreja Presbiteriana, mas sim que nós levamos a ética presbiteriana como base”, disse.
Nos primeiros cinco anos, como contou o reverendo, a associação era mantida com os próprios recursos dos membros, com ofertas mensais e de igrejas que começaram a colaborar. Com o passar dos anos, a associação começou a trabalhar com a questão documental e assim ficou conhecida como uma entidade pública municipal e estadual e, aos poucos, puderam realizar convênios a partir de chamamentos públicos.
“Hoje temos recursos vindos do governo federal, estadual e municipal. Apresentamos os nossos projetos nos chamamentos públicos e, se aprovados, recebemos recursos”, disse.
PROJETOS
Além do projeto da Casa de Passagem que Martins e os membros da associação auxiliam, há outros desenvolvidos desde o início da entidade. Um deles é o Projeto Crescer, que atendia 30 pessoas por dia, no Jardim Astúrias. Esse projeto, como citou o reverendo, tinha como objetivo dar autonomia para as pessoas com deficiência intelectual com o auxílio de profissionais psicólogos, cuidadores e assistentes sociais.
“Íamos com elas no mercado, mostrávamos como era fazer uma compra. Também íamos com elas para que aprendessem a utilizar o transporte público. Tudo isso para que elas entendessem que é possível crescer e evoluir, por isso o nome Projeto Crescer”, contou.
Outro projeto também abraçado pela associação foi o do NAS (Núcleo de Assistência Social). O projeto que antes era monitorado pelo Lar Betel e pela Smads, começou a ser organizado pela associação depois de um chamamento público.
Diferentemente da Casa de Passagem, os locais desse projeto cuidam 24 horas das pessoas, sendo 12 em um local e cerca de três crianças em outro. Neste primeiro há pessoas que desenvolveram comorbidades por causa das ruas e não tem nenhuma condição de serem reintegradas à vida social. Já no outro, são crianças que nasceram com deficiência intelectual e ficaram de instituição e instituição. “São trabalhos diferentes com diversas pessoas. Mas nosso objetivo principal é cuidar, além do corpo, mas da mente do ser humano, para que ele seja íntegro”, salientou Martins.
CONTATOS
]Mais informações sobre a APFP, visite o site. Contato: (19) 3426-2861. NAS: (19) 3426-2401 / 3411-5208. E-mail: [email protected].
ACESSE O CONTEÚDO
As lives do programa Parlamento Aberto são realizadas no perfil do Instagram, que pode ser acessado em @parlamento_aberto. As entrevistas também podem ser acessadas no canal do YouTube do Departamento de Comunicação da Câmara de Vereadores de Piracicaba e, ainda, no podcast produzido pela Rádio Câmara Web.