Mulheres revelam em e-book as faces da vida no isolamento social

Capa do e-book “Expandir o presente, criar o futuro” – Crédito: Divulgação

O livro “Expandir o presente, criar o futuro” é uma obra coletiva, pensado por 16 mulheres de diferentes espaços territoriais, nacionalidades, com culturas e formação profissional diversas. Poucas se conhecem pessoalmente. A ideia foi expressar que o isolamento social – tão necessário – podia unir em um sentido: ser mulher, defender e respeitar toda vida no planeta. “No Brasil, o vírus repercute a ausência de humanidade presente na boca que escancara a necropolítica e ri das mortes anunciadas. Os portugueses dizem que vai ficar tudo bem. As dores atravessam as paredes e ressoam”, constata Célia Maria Foster Silvestre, pós-doutora em Estudos sobre Democracia.
O sarau virtual e bate-papo de lançamento acontecem neste sábado (27), a partir das 15h, pelo aplicativo Zoom, https://zoom.us/j/96613874717, ID da reunião: 966 1387 4717. Cada autora escolheu entre março e maio de 2020, um dia, ou os dias, que refletiam seu cotidiano no isolamento. Surpresas, frustração, insegurança, descobertas, carinho e buscas. O encadeamento entre essas expressões ficou a cabo das editoras Mirlene Simões e Fabíola Notari, e da artista visual Priscila Bellotti.
Na obra, entre outras vozes, uma poetisa cubana, doutoras em Ciências Sociais, Planejamento Energético, Literatura Russa ou Ciência da Informação, uma escritora finalista do Jabuti, uma psicanalista, artistas visuais que revelam sentimentos da Serra, da cidade grande ou do Alentejo. Elas respiram.
Trata-se de um livro de artista, que reúne textos, desenhos, fotografias, filmagens, costuras, remendos, fissuras e bordados. A vida é a linha, que fura e amarra as camadas da existência. Tensão do tempo, reflexão do espaço. Persistência do presente. O trabalho foi escrito, desenhado, filmado, fotografado e editado durante os dois primeiros meses de isolamento social – abril/maio 2020. A inspiração para o título do livro veio do professor Boaventura de Souza Santos.
COMO NOMEAR A VIDA? 

Com o ouvido atento, Ana Paula Meneses Alves, doutora em Ciências Sociais pela Universidade de Granada, na Espanha, reverbera a angústia destes dias. “Entro no banho e escuto a água batendo no meu cabelo. Gritos. Gritos. Gritos da vizinha que sempre grita. Sempre me incomodou os gritos dela com a filha. As palavras que, para mim, eram piores do que qualquer surra. Mas hoje é diferente”, relata. “A água continua a rolar pelos meus cabelos. Escuto mais gritos. Gritos de mulher, gritos de homem, coisas quebrando, coisas rolando”, completa.
Orgulhosa com a bela prática adotada pelos cubanos de aplaudir regiamente, todas às nove da manhã, os trabalhadores da saúde, a professora Yeisa Herrera vibra com a paixão da Ilha pela vida, e seu “reconhecimento à coragem, à consagração e à esperança”.
Para Lídice Salgot, publicitária aposentada e artista visual, uma das participantes, assim como para as demais colaboradoras, o livro é uma homenagem à vida e à fé. “É a história da resistência e da solidariedade. É a consagração da vitória da sobrevivência em tempos apocalípticos de pandemia, de genocídio e barbárie. É a demonstração de que a vida deve ser preservada, pois fazemos parte do mesmo ecossistema: todos somos um”, destaca a escritora Mirlene Simões.
O e-book será comercializado a preço popular e serão impressos exemplares que serão distribuídos, posteriormente ao lançamento da edição virtual. A proposta acabou se transformando em um grupo de estudos e inspiração, que pode ser acompanhado em https://www.instagram.com/expandiropresente/e https://www.facebook.com/expandiropresentecriarofuturo

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