Palmadas Pedagógicas (II)

Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha revelou que 54% dos entrevistados são contra a lei que proíbe os pais de qualquer castigo físico aos filhos menores e somente 36% são a favor. Das mães entrevistadas, 69% já bateram nos filhos contra 44% dos pais.

O promotor de Justiça do Ministério Público do Paraná Murillo José Digiácomoé totalmente contrário. “As pessoas geralmente ficam indignadas e chocadas quando veem um filho batendo em um pai idoso. Por isso, acredito que elas devem ter a mesma reação ao verem um pai batendo em uma criança indefesa”, afirma.

Na sequência ele defende que os pais não devem ser punidos, mas sim orientados na melhor forma de educar os filhos. Fiquei me perguntando quem tem “a melhor forma”. Cada pai e mãe dão o que acreditam ser o melhor. Não há como universalizar, portanto. Estamos em uma sociedade que sofre transformações profundas e rápidas. A pluralidade de visões é imensa, gerando inúmeras posturas diferentes diante das situações.

Questões que atingem toda a sociedade são polêmicas. O problema é que uma punição física pode deixar marcas psicológicas.

Depoimento: “Fui uma criança impossível, que sempre levava a culpa e muitas vezes eu não tinha a culpa. Levei uma bela sessão de cinta por algo que não fiz. Cresci com uma marca no meu dedo. Quando suspeito de meus filhos olho a cicatriz e cuido pra JAMAIS repetir tal erro”.

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Meu marido é uma moça de tão educado. Tem um coração de manteiga até chegar alguém em casa e ele começar a falar alto, dizer que sou dona da verdade, etc. E se tento enfrentá-lo ele vira mais macho ainda, podendo chegar à agressão física. Mas sem ninguém perto é outra pessoa. Como modificar isso?

Vera/SP, 60.

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Na sua descrição fica-me a impressão de haver uma vaidade dele na demonstração de poder sobre você e toda situação. Utiliza você para dizer às pessoas o ‘quão forte’ ele é. Esse é o ponto fraco dele.

Uma coisa que você não percebeu é que é ele quem precisa de você e não o contrário. Sem você o domínio se extingue, pois uma relação de domínio depende do dominador e do dominado. Quero dizer com isso que você tem cumprido sua parte, se colocando a serviço dos caprichos dele, e nisso você tem uma enorme responsabilidade.

Vendo por esse ângulo qualquer mudança está em suas mãos. Como? Saindo desse lugar que ocupa na relação com ele quando tem ‘plateia’. E me parece ser esse seu grande problema. Será que conseguiria abandonar uma posição tão cômoda, que rende tanta queixa, apesar de todo sofrimento? Porque nos identificamos com papéis na vida, e o de vítima é um dos mais frequentes. Abandonar essa posição gera grande sentimento de perda, apesar dos ganhos que só avistamos após atravessarmos ao outro lado.

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