Palmadas Pedagógicas (I)

A lei que proíbe palmadas beliscões e outros castigos físicos a crianças já deu muito que falar. Ela me faz lembrar leis como a do cinto de segurança, capacetes para motociclistas.

Não quero entrar no mérito moral (certo ou errado). Educação de filhos é uma responsabilidade dos pais que devem assegurar seu bem-estar, acima das leis jurídicas.

O perigo é supor que ao se tomar essa medida como universal estaremos salvaguardando nossas crianças da violência. Em minha educação, e acredito que na de muitos leitores, por muitas vezes ouvi palavras tão duras que poderiam ter marcado minha formação e personalidade de forma prejudicial e definitiva.

Ainda, se considerarmos que nossa organização social de hoje se estrutura horizontalmente, as hierarquias caíram por terra. A ordem da família nuclear não responde aos novos paradigmas. Dialogar e aprender com os filhos se faz mais urgente do que nunca. Na sociedade anterior à globalização tínhamos o certo e o errado. Aprendíamos isso pela função paterna, os papéis eram claros no seio familiar. Pais e educadores aplicam a régua moral de sua própria educação nas crianças, e claro, não funciona.

A palmada funcionava bem nesse tipo de organização. Os efeitos positivos dela estão no sentido subjetivo que adquire à criança e como essa o entende. Mais que colocar limites é saber como fazê-lo.

 

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“Tudo compreender não é tudo perdoar. A Psicanálise nos ensina não apenas o que podemos suportar, mas também o que devemos evitar. Ela nos diz o que deve ser eliminado. A tolerância para com o mal não é de maneira alguma um corolário do conhecimento”. (Sigmund Freud)

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Desde criança sinto desânimo. Já procurei vários psis, mas os antidepressivos não resolvem. Sempre que saio do serviço fico muito desanimado sem vontade de nada. Às vezes saio com amigos para não ficar em casa, mas não adianta. Ouvi falar em estimulantes para isso. Estou há dois anos na fila para terapia numa faculdade do ES.

Lucas, 25.

 

Salta aos olhos esse sentimento lhe acompanhar desde a infância. Há 30 anos a depressão (se é esse o caso) não era tão frequente como hoje, e em crianças menos ainda. Mas na sociedade globalizada, pós-moderna, ela aparece com muita força e frequência.

Quanto à sua busca por ajuda profissional, sabemos que a depressão é para a medicina uma doença, mas para a psicanálise um sintoma (exceto casos como falta de lítio ou causas biológicas). Assim sendo trata-se a doença atacando o sintoma com antidepressivos e estimulantes (neurotransmissores químicos).

Claro que eles ajudam, assim como exercícios físicos frequentes, caminhadas, etc., estimulam a produção de determinadas substâncias em seu corpo. Mas ainda resta a pergunta: quais são as reais origens desse desânimo? Como ele surgiu? O que o manteve até hoje com você?

Para a psicanálise a depressão seria uma covardia moral, uma covardia frente ao desejo tão caro e singular a cada um, diferente de como se entende covardia como valor moral.

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