Jesus concordou com o consumo alcoólico numa festa nupcial?

Alvaro Vargas

 

As bodas de Caná marcaram o início do ministério público de Jesus. Era o mês de março do ano 30 D.C. Após se deixar batizar no rio Jordão por João Evangelista, em Betabara, Jesus compareceu nessa festa, junto com a sua mãe que o antecedera. José havia permanecido na carpintaria em Nazaré, para atender algumas encomendas programadas (Encontros com Jesus, cap. 1, Yvonne Pereira & Walace Neves). Ele seguiu na companhia de Filipe e Natanael (Quando voltar a primavera, Amélia Rodrigues e Divaldo Franco).
As festas nupciais em Israel duravam de 3-8 dias, e Maria notou que o vinho não seria suficiente. Ainda presa às tradições locais, e sabendo da identidade espiritual de seu filho, procurou Jesus, mencionando que a falta de vinho seria um “sinal de mau agouro” para os nubentes, que iniciavam a edificação de um lar. Após meditar, o Mestre pediu que enchessem as talhas com água, distendeu as mãos e realizou o “milagre”, com a água se transformando em vinho. O mestre de cerimônia após degustá-lo, comentou “todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho” (João, 2:10). De acordo com o espírito Yvonne Pereira, embora a “transubstanciação” da água em vinho (registrado como milagre) tenha recebido um grande destaque na história do cristianismo, esse não foi o acontecimento mais importante, e sim a presença de Jesus na festa de núpcias, chancelando o mais valioso instituto da Terra, que é a formação de um núcleo familiar.
O espírito Amélia Rodrigues cita um volume expressivo de vinho no início da festa (seis talhas, cada uma com 80-120 litros), e que o mestre de cerimônia observando o consumo exagerado da bebida, lamentou, pois, os convidados já alcoolizados, não iriam valorizar o sabor do bom vinho produzido por Jesus. Sobre isso, Pedro dialogou com o Mestre (Boa Nova, cap. 12, Humberto de Campos & Chico Xavier), “Senhor, em face dos vossos ensinamentos, como deveremos interpretar a vossa primeira manifestação, transformando a água em vinho, nas bodas de Caná? Não se tratava de uma festa mundana? O vinho não iria cooperar para o desenvolvimento da embriaguez e da gula? Jesus respondeu: conheces a alegria de servir a um amigo? As bodas de Caná foram um símbolo da nossa união na Terra. O vinho, ali, foi bem o da alegria com que desejo selar a existência do Reino de Deus nos corações. Estou com os meus amigos e amo a todos. Os afetos d’alma, Simão, são laços misteriosos que nos conduzem a Deus. Saibamos santificar a nossa afeição, proporcionando aos nossos amigos o máximo da alegria; seja o nosso coração uma sala iluminada onde eles se sintam tranquilos e ditosos. Tenhamos sempre júbilos novos que os reconfortem, nunca contaminemos a fonte de sua simpatia com a sombra dos pesares! As mais belas horas da vida são as que empregamos em amá-los, enriquecendo-lhes as satisfações íntimas”.
O teor alcoólico do vinho produzido atualmente varia em média de 12-15%. Devido existirem pessoas que detém alguma restrição ao consumo dessa substância, os fabricantes desenvolveram um processo relativamente simples para eliminá-lo. Como entra em ebulição à 78 °C, antes da água (100 °C), basta aquecer o vinho até que o álcool se evapore. Considerando os ensinamentos morais de Jesus, com certeza ele não iria fornecer mais bebida alcoólica aos convidados, que estariam festejando o evento por uma semana. Conhecendo os malefícios que a bebida causa a saúde, podendo inclusive causar um “coma etílico”, e mesmo induzir ao óbito, é evidente que Jesus, o “médico Divino”, foi capaz de fazer essa transubstanciação da água em vinho, eliminando o álcool da bebida produzida. O Mestre não poderia explicar em detalhes esse fenômeno a Pedro, limitando-se apenas em ressaltar a importância de atender a um pedido dos amigos, provendo um vinho de excelente qualidade, mas obviamente, sem álcool.
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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

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