Bacias PCJ: lodos de ETEs ganham nova destinação

Bacias PCJ: busca por soluções ambientalmente vantajosas e economicamente viáveis tem sido desafio – Crédito: Divulgação

A busca por soluções ambientalmente vantajosas e economicamente viáveis para o tratamento e disposição final de lodos derivados de ETEs (Estações de Tratamento de Esgoto) tem sido um verdadeiro desafio aos municípios das Bacias PCJ, já que o aumento de número de estações ampliou a geração desse resíduo. Nova Odessa, recentemente, obteve registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para utilizar o lodo da ETE Quilombo como fertilizante. Outro município da bacia já utiliza mesma estratégia com o material, que é a cidade de Jundiaí, onde três mil toneladas de lodo são transformadas em adubo orgânico.
Outras cidades pelo Brasil também estão procurando por alternativas à destinação de lodos. Na região do Estado de São Paulo, as cidades de Presidente Prudente, Botucatu e São José dos Campos já executam trabalhos nesse sentido. Tal iniciativa vai de encontro com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10) que dispõe entre as suas diretrizes sobre a não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como a disposição final ambientalmente indicada dos rejeitos.
Nova Odessa inaugurou em 2019, uma Usina de Compostagem de Lodo na ETE Quilombo. No mês de março de 2020, a Coden Ambiental, responsável pelos serviços de abastecimento e tratamento de esgoto da cidade, obteve o registro de estabelecimento produtor de fertilizantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o que permitirá o uso do lodo como adubo orgânico misturado à compostagem com galhos triturados de parques e jardins do município.
De acordo com Jonas Jacob Chiaradia, responsável técnico pela operação da usina, o reaproveitamento do lodo para a geração de fertilizantes gera uma economia de custos para Nova Odessa de quase R$ 660 mil por ano, valor que seria gasto para a destinação do lodo a aterros sanitários, além de gerar benefícios ao meio ambiente. “O município deixa de aterrar uma matéria-prima nobre e rica em nutrientes como nitrogênio, fósforo e micronutrientes de plantas. Dessa forma, os aterros não ficam sobrecarregados e o adubo produzido pode ser utilizado para atividades de jardinagem da própria cidade. O resíduo é tratado e reintroduzido ao ciclo produtivo”, explica Chiaradia.
Ainda em relação à economia que a cidade terá, Chiaradia explica que a destinação do lodo para um aterro sanitário equivale a 60% do custo operacional de uma estação de tratamento de esgoto, logo essa nova estratégia faz com que Nova Odessa evite custos extras.
JUNDIAÍ

Com trabalhos realizados desde 2000, o município de Jundiaí é pioneiro na Bacia PCJ quando o assunto é compostagem. O tratamento de lodo da cidade é todo feito pela ETE Jundiaí, pela empresa Tera Ambiental. A estação também é responsável pelo tratamento de lodos de municípios vizinhos como Campo Limpo Paulista, Itatiba, Itupeva, Cabreuva e Atibaia, além de resíduos de empresas privadas. A gestão da ETE é uma parceria público privada, na qual a Companhia Saneamento de Jundiaí é a concessionária que administra e opera a ETE. A Dae Jundiaí, empresa associada ao Consórcio PCJ, é a responsável pelos serviços de água e esgoto do município e fiscaliza a operação da estação.
Responsável técnico pela compostagem do lodo de esgoto, o engenheiro Fernando Carvalho Oliveira, afirma que por mês a ETE processa o equivalente a 7,5 mil toneladas de lodo, sendo que 65% é lodo de tratamento de esgoto. Sem isso pelo menos 5 mil toneladas de lodo por mês seriam destinadas para aterros. Em relação à produção de composto, Jundiaí é responsável por 3 mil toneladas de fertilizantes que são destinados para plantações de cana-de-açúcar, café, jardins e parques.
Oliveira explica que a estratégia adotada por Jundiaí e Nova Odessa é importante não só para o meio ambiente como também para a economia do país. “Quando o município deixa de aterrar este tipo de resíduo que tem potencial de aproveitamento ele está contribuindo para a longevidade dos aterros existentes, que já não são muitos. Por outro lado também, os nutrientes reciclados desses resíduos ajudam a minimizar as importações do país. Afinal uma parte significativa dos fertilizantes nitrogenados e fosfatados que o Brasil utiliza na agricultura é importado. Então é muito importante que os municípios invistam neste segmento”, ressalta ele.

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