O agro não pode parar

Roberta Züge

Estamos vivendo um cenário de incertezas, fomentado por uma criatura invisível que causa estragos no mundo todo. Especialistas preveem que muitas coisas irão mudar após a passagem deste tornado viral, começando com mudanças de comportamento de higiene e até a valorização da ciência, além dos impactos econômicos. Amplamente divulgado, o vilão do momento é o Coronavírus. Este é um grande vírus que causa infecções respiratórias, de modo geral, de leves a moderadas, em seres humanos.

Os sintomas mais comuns são os de um resfriado: febre, tosse seca e dificuldade de respiração. Este novo Coronavírus também pode causar dor de garganta, corrimento nasal, dores de cabeça e/ou musculares e cansaço. Algumas espécies deste vírus, podem ocasionar pneumonia em idosos e pessoas com problemas cardiovasculares ou com o sistema imunológico comprometido. Há variedades que acometem os animais, mas com sintomas diferentes, pois são microrganismos de gênero e espécies distintas.

Como sempre, muitas falsas notícias ganham repercussão e precisam ser exaustivamente desmentidas pelos especialistas, começando com a eficácia do vinagre ser melhor que o álcool 70°, chegando até no absurdo que buscarem utilizar vacinas para animais nos humanos. No entanto, uma certeza existe: deve-se prevenir e mitigar o máximo de contato para evitar a transmissão. As cidades estão parando, mas como parar a produção de alimentos? O produtor precisa continuar produzindo, caso contrário, a sociedade não se alimenta.

Novamente, a produção agropecuária vai diminuir os impactos no cenário econômico brasileiro. No entanto, o produtor precisa se cuidar também. Afinal, ele não está imune. Provavelmente, tenha menos contatos do que as pessoas que utilizam transportes públicos nas cidades, mas também é contactante de representantes comerciais, técnicos de assistência ou o freteiro, no caso da produção de leite, quase todos os dias. Lembrando que há pessoas que não apresentam sintomas, mas que transmitem a doença. O velho ditado “quem vê cara não vê coração” pode ser muito bem aplicado.

Para mitigar o contato da assistência há aplicativos já desenvolvidos que podem ser utilizados pelas empresas, com envio de procedimentos, controles realizados de forma remota, com compartilhamento de vídeos e fotos, etc. A tecnologia já chegou no campo, precisa somente ser mais utilizada. Assim, menos uma pessoa que pode estar distribuindo o vírus nas suas atividades de trabalho. Os controles necessários continuam sendo realizados, mas com a segurança da distância necessária para não ocorrer a propagação do vírus.

Mas, e no caso da produção de leite, por exemplo? Bem, o produtor precisa criar uma rotina, desinfectando criteriosamente o local que tenha tido o contato do freteiro. Este também precisa tomar medidas diárias, pois passará de propriedade em propriedade, ampliando sua gama de potenciais contactantes. Manter o mínimo contato entre as pessoas é recomendado, a principal forma de contágio é de pessoa para pessoa.

O produtor pode disponibilizar álcool em gel na sala do leite. Caso não tenha, afinal virou produto de luxo, uma solução de cloro (água sanitária mesmo) diluída uma parte em nove de água potável, também tem ação sobre o microrganismo. Assim, além de manter a distância necessária da pessoa, após a saída do profissional, uma limpeza no tanque, e áreas que possam ter sido tocadas, deve ser realizada. De maçanetas a porteiras, nada pode ser abandonado. O inimigo é invisível e doido para conseguir uma oportunidade para entrar no corpo humano, só lá que ele se replica e dará continuidade em seu ciclo. Outro produto para desinfecção também adequado é o Lysoform, este não deve ser diluído.

Aos que são do Sul, a roda de cuia deve ser banida. Para os possuem funcionários, há necessidade de sensibilização e monitoramento constantemente da saúde de todos. Solicitar que tenham o mínimo de contato com outras pessoas, também é muito relevante. As festas de família, e aqueles almoços de domingo, precisam ser adiados, troque por um vídeo pelo aplicativo de mensagens. É um momento muito importante, precisamos preservar a saúde dos que trabalham no campo. O mantra “se o produtor não trabalha, a cidade não se alimenta”, está sendo muito bem entendido aos que correm para os supermercados para adquirirem comida e ampliarem o abastecimento.

Outro ponto de suma importância, há uma concentração grande de pessoas de mais idade, são as que sofrem as piores consequências do vírus, na área rural. Assim, apesar de parecer preciosismo, é imperativo que medidas sejam tomadas, todos os dias, pelos nossos trabalhadores do campo. Eles precisam se proteger, e muito. Precisamos manter a população bem nutrida e, também, continuar com o motor que impulsiona o Agro Brasileiro.

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Roberta Züge, diretora Administrativa do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS)

 

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