Prosa & Verso – Edição 1002

PROSA

Choque Cultural

Lídia Sendin

Minhas lembranças mais remotas da primeira infância estão permeadas de carinhosas recordações do tio Nelson e a da tia Oristidia, nossos vizinhos desde sempre, ele era amigo e colega de farda do meu pai e nossa convivência era diária. Minha casa vivia sempre às voltas com reformas, crescendo conforme crescia a família: mãe, pai, seis irmãos e uma avó conviviam nessa casa em reforma, e o tio Nelson estava sempre ali, literalmente com a mão na massa. A tia Oristidia era professora de piano e foi com ela que aprendi minhas primeiras notas musicais.

Com tanta amizade e convivência, eram mais próximos que boa parte da família e chamados com naturalidade de tios por mim, naquela época a caçula da família, e era sempre assim que minha mãe se referia a eles quando falava com os filhos.

Por isso, quando já grandinha, me referi a eles como tios a uma recém-chegada família ao quarteirão, recebi meu primeiro choque cultural ao ouvir um espantado, não é possível! Seguido de um comentário explicativo: eles são negros!

Sou da época em que na escola só nos referíamos aos negros no dia 13 de maio. Ninguém olhava para os afros descendentes como uma cultura rica e colorida, cheia de sincretismo religioso formado em uma época em que foram obrigados a usá-lo para preservar seus cultos e cultura ameaçados pelo branco opressor.

A inclusão, tão artificial e na moda como mero enfeite decorativo, ou politicamente correto, se fosse tratada com a infantil naturalidade que é vista pela criança, não seria tão difícil de ser incorporada numa sociedade que pouco ou nada fez, ou faz, para acolher e abraçar e principalmente respeitar as diferenças (se é que existem), sejam elas quais forem

 

POESIA

A minha Paz

Ivana Maria França de Negri

 

Quando foi que a perdi?…

Eu sempre me perguntava

Embrenhada nas desilusões

 

Em alguma curva da vida?

Nas  noites de solidão?

Nos dias tempestuosos,

Nas dores de mãe ardorosa,

Nas mágoas que me feriam?

 

Depois de muito sofrer

Aprendi a grande lição

A minha Paz é só minha

E não me deixa jamais

Pois a Paz da minha vida

Sempre esteve dentro de mim…

 

VOAR

Ludovico da Silva (in memoriam)

Olho pela janela e fico a admirar os pássaros em voos suaves, silenciosos, elegantes, irrequietos. Dominam o céu. Cantam suas canções, que me fazem alegre.

Passearam pela manhã. De repente, desaparecem. Que fico fazendo na janela?

Recolho-me, também, e voo em sonho, tentando imaginar aquela sensação gostosa de poder me equilibrar em uma viagem de fantasia.

Quero continuar voando. Espero não acordar tão cedo. Do sonho.

Nesta vida, é preciso voar… sonhar…

 

SEMEADURAS

Ao meu grande Ecologista

Maria de Lourdes Piedade Sodero Martins

 

Multicores!  As mais belas!

O ecólogo as cultivava em canteiros desiguais.

Com suas flores adornava

a varanda dos bons sonhos e a sala de jantar.

 

O aroma inconfundível dos botões adolescentes

invadia o ambiente a  despertar sentimentos!

E assim, plenamente contagiados,

corações  descompassados se afinavam melodiosos!

 

O cenário então, à espreita, cúmplice do florista feliz

contemplava a harmonia nascida dos corações!

Descontraída,  em ritmo de vitória!

a Família se abraçava em comemoração!

 

Hoje, os tais canteiros não existem mais…

Somente  a essência das flores,  doce lembrança

da saudosa convivência  e frutuosa produção

do anjo/jardineiro movido por verdadeira paixão!

SEMEADURAS!  CUIDADOS!  COLHEITAS!  ENSAIOS FELIZES! 

EM PROFUSÃO!!!

 

Prosinhas &Versinhos

(Cantinho Infantil)

http://bloguinho-infantil.blogspot.com/

 

ANSIEDADE

Juliana de Queiróz Lucas*

9º A

A ansiedade, sentimento negativo que, às vezes, nos invade, surge devido às pressões da sociedade, com as quais não conseguimos rapidamente resolver. Há pessoas que não entendem e dizem ser “ frescura, tempestade em copo d´àgua…”, mas todos que sentem essa aflição sabem bem que não é, pois é uma explosão de emoções.

Nessas horas difíceis é bom lembrar que a nossa Vida é muito preciosa para ceder às pressões da sociedade, da família ou da escola. O ideal é respirar fundo, acalmar-se e deixar a vida correr, afinal, somos responsáveis e tudo tem o seu tempo para acontecer. São fases a que todos estamos sujeitos nesse ciclo de altos e baixos da vida, depois da “tempestade” vem o arco-íris, após a crise, vem a calmaria e a primavera sempre faz a natureza florescer após o rigoroso inverno.

Seja jovem, aproveite sua vida com alegria, responsabilidade e não se deixe abater diante das pressões para não ficar amigo da ansiedade e passar a adolescência no sufoco.

 

* Juliana escreveu este texto durante o Acolhimento aos alunos dos 6º anos, na chegada à escola DR PRUDENTE. Tinha o objetivo de incentivar a participação deles nas atividades programadas e “novas” e de  diminuir o medo e a ansiedade que aparecem no início de uma nova fase/ escola.

 

MINHA CIDADE

Lorena Polli Paes- 9 anos – Colégio CLQ

Eu vivo em Piracicaba

Em Piracicaba eu vivo.

Aqui é bem legal

E é bem colorido.

Aqui tem a ponte

E um elevador também,

Tem muitas e muitas árvores

Com certeza mais de cem.

Eu vivo em Piracicaba

Uma cidade muito legal

E quem vive aqui

Sai com muito alto astral.

 

Borboletas multicores

Texto coletivo do 5º ano A da Escola Nathalio Zanotta Sabino

Professora Sônia Amaral

 

Quantas borboletas!

São bonitas, tão belas

Ninguém se compara a elas.

 

Se comparar

É de maravilhar.

Lindas só de olhar

Não dá para explicar!

 

Roxas, rosas, verdes

Liláses, marrons, laranjas

Vinho e vermelhas

Todas são uma arte!

 

Notícias:

É amanhã!

O lançamento do livro bilíngue  para crianças da Serafina e do Edmundo.

Autoras: Carmen Pilotto e Ivana Negri

Tradutora: Fernanda Bacellar

Ilustrador: Renato Fabregat

No Café Pipa, na entrada do Teatro do Engenho, Av Dr. Maurice Alan 454.

Parte da renda será revertida para o Projeto Pipa que trabalha com crianças com Síndrome de Down.

Vai ser uma tarde divertida com pipoca, sorvete, algodão doce, pula pula, piscina de bolinhas, lanche natural com sucos e muito mais!

 

Palavra do Escritor:
“Quando chegar o momento de deixarem o mundo, não tenham a preocupação de terem sido bons. Isso não é o bastante. Deixem o mundo bom”
Bertold Brecht

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