A indústria brasileira continua estagnada

Aldo Nunes

 

Durante todo tempo em que exerci minha atividade de contabilista, sempre dediquei-me a estudar as indústrias e em especial a revolução industrial (anos 1760 a 1840), a 1ª Grande Guerra Mundial (28/07/1914 a 11/11/1918), a 2ª Grande Guerra Mundial (01/09/1939 a 07/05/1945) e a economia mundial e brasileira, o que continuo a fazer até hoje. Em de 03/08/19 para este jornal sob o título “A indústria paulista passa pela sua pior crise” abordei sobre a importância da indústria, especialmente pela vital importância para o aumento do mercado de trabalho, haja vista que nos primeiros cinco meses do ano 1919, no estado de São Paulo abriram-se 4.491 indústrias e fecharam-se 2.325. Era flagrante que as indústrias já estavam passando por dificuldades e como sei, por estudo próprio, que os efeitos da indústria somente serão sentidos pelo consumidor, mais de seis meses depois (novembro e dezembro/2019), já tinha certeza que elas não iriam recuperar-se. Dito e feito, não tivemos melhora e as comemorações do natal e final de ano, mascararam essa situação com notícias de crescimento sem bases seguras e técnicas. Agora, já quando finda o primeiro mês do ano 2020 e a população começa a tomar pé da situação verdadeira e novas que já são velhas práticas do ‘engana que eu gosto’, o sinal passa do verde para o vermelho, pulando o amarelo. A pressa, inimiga da perfeição, acelerada no mundo todo, nos faz reféns de uma técnica digital (concernente aos dedos que: na informática diz-se uma informação representada por números arábicos – dígitos, números arábicos de 1 a 9 …) mas que, ainda, não conseguiu transportar matéria-prima.

Independentemente da maioria da população conhecer ou não o significado do vocábulo “matéria-prima” que é: ‘o material com que se fabrica alguma coisa’ ou seja, o serviço que a indústria faz transformando o produto natural apropriado para o consumo, dos quais os para a alimentação têm maior prioridade por ser o sustentador do ser humano. Já por aí, começamos a entender que o ‘agronegócio’ é prioritário em todo mundo e por essa razão, indubitavelmente, o clima tem vital importância mundial, tecla que venho batendo em meus artigos há bom tempo.

Uma sombra mais condensada apaga a luz necessária à nossa visão que, apegada à digitalização não mais aprecia o céu, suas nuvens, seus desenhos e somente nos encerra entre quatro paredes e dispõe à nossa visão uma telinha luminosa que aceita palavras erroneamente escritas, símbolos indecifráveis e imagens adulteradas. Um presidiário em cela individual, distante da família, amigos, a dita realidade virtual que ultimamente está a encher mentes vazias e incentivando seus apreciadores a praticar automutilação, afastarem-se da realidade física, esquecendo que somos seres sociais acima de tudo e, viver em sociedade faz parte do nosso desenvolvimento físico e mental. A realidade virtual, internet, celular, não transporta coisa física ou seja, não leva mercadorias de um lugar para outro, especialmente o trigo para o moinho para se transformar em farinha e a farinha transformada (pela indústria) para produzir o pão na padaria onde hoje nem mais vamos até ela para comprar um ‘pão francês’, aqui mais conhecido como ‘pãozinho’, que preferimos pedi-los via celular para que nos leve em casa de moto ou outro meio de transporte que não pode ser virtual. Preciso “desenhar” ou deu para entender a importância da indústria? Se ela não existir o que será deste mundo físico conhecido como planeta Terra?

A riqueza do mundo está na terra que está dividida em países ou nações, umas com mais, outras com menos território e população, mas todas necessitam de alimentos para sobreviver e, para sobreviver é necessário que haja a indústria para produzi-los em quantidades suficientes para chegarem ao consumo do povo. A proporção entre território e população não mais nos permite viver isoladamente e, isso já faz milhares de anos e ainda não conseguimos aprender. A natureza é o livro aberto que nos dá o conhecimento, está a faltar bons professores que nos ensinem a ler o livro natural que é o céu, pesquisar na sua biblioteca que é a terra, pôr a mão na massa que é o trabalho físico.

Sinais e eventos amarelos venho há bom tempo destacando. Agora eles já chegaram no vermelho. Destaco os últimos acontecimentos nacionais: enchentes e desmoronamentos em Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro; chuvas localizadas em grandes quantidades em São Paulo, Minas Gerais; calor acima da média em todo país; acontecimentos internacionais: o Corona vírus na China; a crise econômica EUA-China e seus reflexos no mundo, o fórum econômico mundial em Davos que incluiu solução para clima em suas discussões, ONU descarta WhatsApp por falta de segurança, Os incêndios na Austrália, a retirada do Reino Unido da União Europeia e suas consequências para o mundo após 45 anos, cuja data acontece nesta sexta-feira, 31 de janeiro, ressalto a travessia pelo Eurotúnel sob o Canal da Mancha que liga Inglaterra-França … Tudo nos leva a pelo menos acreditar que uma transformação mundial está ocorrendo. Ela é rápida e ainda não conseguimos ter certeza dos seus limites. Porém, podemos ter quase certeza de que ela é produto dos nossos desacertos para com a natureza e, especialmente pela nossa inércia em não sabermos ler o seu livro, plantar na sua terra e transportar com suas mãos. “Se você quer aprender, ensine. Se você precisar de inspiração, inspire os outros. Se você está triste, incentive alguém”.

 

Aldo Nunes, contabilista, advogado, consultor e agente fiscal de Rendas aposentado do Governo do Estado de São Paulo. E-mail: [email protected]

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