É conveniente a comunicação com os mortos?

Alvaro Vargas

 

A maioria das correntes religiosas cristãs condena o intercâmbio com o além alegando que isto está proibido pelas sagradas escrituras. Embora o zelo nesta questão seja justificável devido à seriedade e as consequências deste fenômeno mediúnico, o Espiritismo tem esclarecido a importância de mantermos a comunicação com os “mortos”, que nada mais são do que os espíritos dos homens que já regressaram para o mundo espiritual e que por deterem informações importantes podem auxiliar em nosso progresso moral.

Importante esclarecermos que o intercâmbio com espíritos desencarnados ocorre independentemente de acreditarmos ou não. O Espiritismo não “cria” médiuns, apenas educa e orienta aqueles que possuem esta faculdade de forma ostensiva (pois todos nós somos médiuns), mas somente aqueles que aceitaram esta tarefa (antes de reencarnar) conseguem exibir este fenômeno de maneira a servirem de forma efetiva como medianeiro entre os dois planos, o material e o espiritual. Entretanto estas manifestações não são restritas às casas espíritas e ocorrem no âmbito de várias agremiações religiosas mesmo que recebam outras denominações para esse fenômeno.

O principal motivo que leva algumas correntes religiosas a proibir a comunicação com os espíritos se baseia na condenação de Moisés (Deuteronômio, 18:9-12) que embora tenha sido justificável quando foi promulgada, considerando que os hebreus haviam saído de um regime de servidão, e estavam acostumados a idolatria e uso da mediunidade para motivos fúteis. Importante salientar que a proibição de Moisés não se aplicava a todas as comunicações mediúnicas, tanto que ele posteriormente aprovou as atividades mediúnicas de Eldad e Medad (Números, 11:27-29), pelo fato de esses médiuns terem o propósito de orientar moralmente os hebreus. Em comunicação mediúnica, o próprio Moisés e Elias em espírito se comunicaram com Jesus no monte Tabor (Mateus, 17:1-8) demonstrando a importância de mantermos esta atividade desde que seja com objetivos nobres. O Apóstolo Paulo numa demonstração de que compreendia a utilidade prática da mediunidade mencionou “Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo e com Deus” (Coríntios, 14: 28), mas recomendando “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem” (Coríntios, 14: 29). Com isto o Apóstolo dos gentios confirmou a necessidade da mediunidade, mas alertou sobre a importância de serem analisadas de forma criteriosa as comunicações dos médiuns. A avaliação crítica das comunicações dos espíritos foi também enfatizada por João (João, 1:4-1), quando disse: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus; porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. São justamente estas orientações que são seguidas pelas casas espíritas em que os candidatos ao exercício da mediunidade fazem cursos teóricos e práticos durante vários anos antes de exercerem a mediunidade e nenhuma comunicação mediúnica é aceita sem passar antes pelo crivo de uma análise criteriosa.

Por isso consideramos que seja conveniente a manutenção do intercâmbio com o mundo invisível desde que seja realizado apenas dentro dos centros espíritas, em local previamente designado e contando com um grupo de voluntários preparados para esta tarefa. Os médiuns são pessoas comuns que devem cumprir com todas as suas obrigações profissionais, sociais e familiares. As casas espíritas que seguem rigorosamente a codificação kardequiana não fazem “invocações” de espíritos, apenas permite a comunicação com o mundo invisível sob a orientação dos mentores espirituais de modo a realizar os trabalhos de desobsessão e curas através dos médiuns. Tudo é realizado dentro de uma atmosfera de amor e caridade, sem cobrar pelo atendimento, com o único interesse de servir ao próximo conforme Jesus nos ensinou.

 

Alvaro Vargas, Eng. Agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

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