LEI MAGNITSKY — I

Depois de muito barulho, suspense e expectativas messiânicas nas redes sociais, o governo americano decidiu excluir Alexandre de Moraes na Lei Magnitsky. Nos bastidores bolsonaristas, há quem procure até agora o “print” prometido, o dossiê secreto e o contato direto com a Casa Branca. Me parece que o deputado fujão e padrinho político do vereador Renan Paes (PL), não tinha tanta influência assim, como dizia que tinha com o presidente Donald Trump (Partido Republicano).

 

LEI MAGNITSKY — II

Ao tentar vender a ideia de que o vice-presidente do STF Alexandre de Moraes seria um “pária internacional”, Eduardo Bolsonaro acabou protagonizando um clássico da política: mirou no STF e acertou no próprio discurso. O resultado foi um belo tiro no pé, daqueles que não precisam nem de perícia balística para identificar o autor, mas o que mais me admira é que o vereador Renan Paes postou em suas redes sociais que Eduardo Bolsonaro conseguiu ferir o sistema, só se for o sistema da família Bolsonaro, me desculpe nobre vereador, mas estamos vendo jogos totalmente diferentes.

 

LEI MAGNITSKY — III

Que o nobre parlamentar do PL defenda o padrinho político tudo bem, mas tentar passar uma ilusão ao povo piracicabano já é demais. A realidade é que Eduardo Bolsonaro abandonou seu mandato como deputado federal, jogou no lixo os 10.195 votos que teve na cidade na lata do lixo. Só fez burrada, para não dizer outra coisa, e agora fica foragido nos Estados Unidos, com medo de ser preso no Brasil.

 

INDOMÁVEL

O ministro Alexandre de Moraes, que seria supostamente alvo de sanções severas, acordou no dia seguinte exatamente como dormiu: ministro do STF, com mandato, poder e sem qualquer punição internacional. Às vezes, o silêncio diplomático diz mais do que mil tweets inflamados. A Lei Magnitsky não veio, a pressão externa evaporou e o que sobrou foi a constatação de que política internacional não funciona à base de live, meme e bravata. No placar do dia: STF 1 x 0 bolsonarismo internacional.

 

PSD — I

Nos bastidores da política, o líder supremo do PSD, Gilberto Kassab, vem comentando com a tranquilidade de quem sempre cai de pé que o partido apoiará Tarcísio de Freitas (Republicanos) em qualquer cenário: seja na disputa pela reeleição ao Governo de São Paulo, seja numa eventual candidatura à Presidência da República. Para Kassab, não há dilema, há alternativas.

 

PSD — II

Ocorre que Tarcísio segue afirmando, com convicção e discurso afinado, que seu projeto é permanecer em São Paulo e buscar a reeleição. Diante disso, Kassab, que não aposta todas as fichas em uma única roleta, já começou a organizar o plano B, ou melhor, os planos B e C, com a naturalidade de quem trata sucessão presidencial como checklist.

 

PSD — III

Caso Tarcísio realmente fique no Palácio dos Bandeirantes, o PSD passaria a apostar em dois governadores “prontos para uso” na corrida ao Planalto: Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, ou Ratinho Júnior, do Paraná. Ambos do partido, ambos bem avaliados e ambos cuidadosamente posicionados no radar nacional.

 

PSD — IV

No fim das contas, a mensagem é clara: se Tarcísio for, o PSD vai junto; se não for, o PSD já tem quem vá. Kassab segue jogando xadrez enquanto muitos ainda escolhem as peças, garantindo que, aconteça o que acontecer, o partido esteja sempre no centro do tabuleiro, e nunca fora do jogo.

 

RENÚNCIA — I

Os deputados federais até tentaram passar um pano tamanho GG para livrar a cara da ex-deputada Carla Zambelli (PL), atualmente detida em terras italianas, provavelmente mais famosa que o Coliseu. A Câmara votou, discursou, fez cara de paisagem (…), mas esqueceu de combinar com o indomável ministro do STF, Alexandre de Moraes.

 

RENÚNCIA — II

Sem pedir licença e sem nem um “com todo respeito”, Moraes anulou a votação da Câmara, comunicou oficialmente ao presidente da Casa a perda do mandato e ainda tratou de pedir para convocar o suplente. Checkmate institucional. Diante do roteiro que nem Netflix ousaria escrever, Carla Zambelli decidiu renunciar ao mandato, numa tentativa de salvar ao menos os direitos políticos, já que o mandato mesmo foi de arrasta pra cima.

 

RENÚNCIA — III

Carla Zambelli foi bem votado em Piracicaba. Resultado prático: 9.080 votos dos piracicabanos foram direto para o reciclável da política nacional. E, se somarmos os votos de Eduardo Bolsonaro, o desperdício eleitoral chega a respeitáveis 19.275 votos perdidos. No fim das contas, o eleitor votou, acreditou… e ficou só com a lembrança. Porque, na política brasileira, o voto é secreto, mas o descarte é público.

 

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