
Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Sipat) 2025 é encerrada na tarde desta sexta (16) com palestra ministrada por especialista em segurança do trabalho
Servidores lotados na Câmara Municipal de Piracicaba e em diversas secretarias da Prefeitura acompanharam, na tarde desta sexta-feira (17), a palestra intitulada “Não lamente pelo acidente que já ocorreu, comemore o acidente que você foi capaz de evitar”, que marcou o encerramento da Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Sipat) 2025, organizada pelas Cipas (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) do Legislativo e Executivo municipal.
A palestra foi ministrada pela Técnica de Segurança do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) Piracicaba, Renata Salua Farah Ramos, que destacou ao longo de sua exposição a necessidade de trabalhadores e empregadores desenvolverem a percepção de risco do ambiente laboral a fim de evitar acidentes: “é a capacidade de identificar os riscos existentes no ambiente e agir para evitar a ocorrência de acidentes”, disse.
Além de zelar por um ambiente adequado, de acordo com Renata, é igualmente essencial que os trabalhadores expostos a situações de risco façam uso dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) adequados àquela tarefa específica, de forma a mitigar e reduzir danos em caso de ocorrência de acidentes.
“O primeiro processo é eliminar o risco. Se eu não conseguir, vou tentar substituir por algo menos danoso, daí o EPI. Ele não evita o acidente, ele minimiza o impacto. Ele é um último recurso. E para que esse EPI seja eficaz, eu preciso treinar e capacitar o trabalhador”, reforçou.
Se o fornecimento dos EPIs é obrigação da empresa, os trabalhadores são igualmente responsáveis pela guarda e zelo desses equipamentos, devendo sempre notificar a empresa sobre eventuais problemas e necessidades de substituições: “É dever do trabalhador notificar a empresa sobre o EPI danificado. A troca precisa ser imediata pela empresa”.
Renata ainda ressaltou que o “Individual” na sigla EPI nem sempre é sinônimo de “pessoal”, já que alguns desses equipamentos, como máscaras de solda, cintos de segurança para trabalho em altura e outros, podem ter o uso compartilhado, desde que devidamente higienizados.
A palestrante ainda reforçou que a recusa do empregado em utilizar os Equipamentos de Proteção Individual pode ensejar consequências disciplinares para os funcionários, exceto quando os EPIs estiverem danificados ou com problemas, devendo estes ser imediatamente substituídos pelo empregador.
Além da percepção do ambiente, da disponibilização e uso corretos dos EPIs, fatores comportamentais, segundo a palestrante, também precisam ser ponderados e alvo de reflexões por parte de empregadores e empregados:
“O que faz com que nos coloquemos em risco no dia a dia? Muitas vezes é por agirmos por impulso e não considerarmos os riscos. Ou mesmo por negligenciarmos os incidentes, situações em que um acidente quase acontece, e nada fazemos para que eles não voltem a ocorrer. Outro fator é ter a sensação de controle, experiência e familiaridade, além de excesso de confiança, ausência de treinamento e de capacitação. Todos esses são fatores que podem colocar uma pessoa em risco”.
É também indispensável, na prevenção de acidentes, sempre ter em mente as diversas consequências negativas que uma ocorrência dessa natureza pode acarretar, seja em termos financeiros, no desenvolvimento pessoal e na carreira dos envolvidos, além de impactos de natureza moral, emocional e na produtividade da própria empresa.
“Pense sempre se vale a pena se colocar em risco? O que vou perder me colocando nesse tipo de situação? O trabalho é importante, mas a segurança é mais valiosa”, concluiu a Técnica de Segurança do Trabalho após a exibição do videoclipe da música “Cacimba de Mágoa”, de Gabriel O Pensador e Falamansa, que aborda a tragédia de Mariana (MG), em 2015, causada pelo rompimento de uma barragem de rejeitos de uma mineradora.
Encerramento da Sipat 2025 – Após a palestra, os organizadores da Sipat e representantes do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Piracicaba e Região reforçaram a importância das diversas atividades realizadas ao longo da Semana, iniciada nesta quarta-feira (15).
“Agradeço a todos os presentes nestes três dias e a todos os palestrantes, que foram incríveis e nos transmitiram conhecimentos imensos. Agradeço a todos os integrantes da Cipa e servidores da Câmara, que tiveram um grande empenho, assim como à Cipa da Prefeitura. Foi uma junção muito boa”, disse Maria Helena Ribeiro Alves, presidente da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes da Câmara.
“A Prefeitura é a maior empregadora da cidade. Se contar com o Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto) e pensionistas, somos cerca de 12 mil trabalhadores. Entrei na prefeitura em 1978, e por volta de 1980, 1981, foi formada a primeira Cipa na Prefeitura. Eu participei dessa primeira formação. À época, não havia empresas terceirizadas na prefeitura; os serviços eram feitos por servidores, como coleta de lixo, asfaltamento e outros, e era comum vermos trabalhadores sendo transportados em cima de caminhões basculantes, junto com ferramentas. Com o advento da Cipa, passou a haver fiscalização; melhorou-se muito a partir das fiscalizações das Cipas dos anos 80 para cá. Daí a sua importância, e os servidores muitas vezes não têm essa noção”, disse o vice-presidente do Sindicato dos Municipais, José Valdir Sgrigneiro.
“Esse evento foi pensando em nós, pois todos somos servidores, e o dia a dia é pesado demais para aguentarmos 12 meses sem uma parada. E essa parada para a Semana é para que o servidor cuide de si. Eu preciso priorizar a minha saúde, pois se eu não fizer isso, como eu vou cuidar do meu trabalho? Eu preciso estar bem física e mentalmente para vencer o ano, e não para ele me vencer. E quando estamos cansados, o risco de acidentes dobra”, finalizou Salvina das Dores Nunes Coelho Esteves, Presidente da Cipa da Prefeitura.