Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho
Cuidar da saúde respiratória é essencial, especialmente em períodos de maior risco de infecções, como o outono e o inverno. Para evitar doenças respiratórias, é fundamental manter hábitos saudáveis, higiene adequada, boa ventilação dos ambientes, hidratação e alimentação balanceada. Estudos recentes publicados na Revista Brasileira de Pneumologia (2023) reforçam que a prevenção é o principal fator de proteção contra doenças respiratórias infecciosas e alérgicas, reduzindo significativamente internações hospitalares durante o inverno.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO
• Higiene das mãos: Lavar as mãos com água e sabão com frequência, especialmente após o contato com superfícies e antes das refeições. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a higienização das mãos reduz em até 40% o risco de infecções respiratórias.
• Evitar aglomerações: Reduzir a exposição a ambientes fechados e com muitas pessoas.
• Ventilação: Manter os ambientes bem ventilados, abertos e arejados, especialmente em casa. Pesquisas da American Thoracic Society indicam que a ventilação adequada reduz a concentração de partículas infecciosas suspensas no ar.
• Hidratação: Beber bastante água é essencial para manter as vias respiratórias hidratadas, facilitando a eliminação de secreções e evitando o ressecamento das mucosas.
• Alimentação saudável: Uma dieta rica em frutas, verduras, legumes e proteínas de boa qualidade fortalece o sistema imunológico. Nutrientes como vitamina C, zinco e selênio — encontrados em alimentos naturais — estão diretamente ligados à resposta imunológica eficiente (Journal of Nutrition & Immunology, 2022).
• Vacinação: As vacinas contra gripe e pneumonia são fundamentais, principalmente para idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas. O Ministério da Saúde destaca que a vacinação reduz em até 80% o risco de complicações respiratórias graves.
• Umidificação do ar: Utilizar umidificadores, bacias com água ou toalhas molhadas ajuda a reduzir o ressecamento do ar, comum em épocas frias, e melhora o conforto respiratório.
• Evitar o tabagismo: O cigarro irrita e inflama as vias aéreas. A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) alerta que fumantes têm risco até 4 vezes maior de desenvolver bronquite crônica e enfisema pulmonar.
• Higiene respiratória: Ao tossir ou espirrar, cobrir a boca e o nariz com lenço descartável ou com o antebraço.
• Evitar contato com pessoas doentes: Manter distância e evitar o compartilhamento de objetos pessoais.
• Atividade física regular: Praticar atividades físicas leves a moderadas (30 minutos por dia, 5 vezes por semana) melhora a função pulmonar e fortalece a imunidade.
• Agasalhar-se bem: A exposição ao frio reduz a defesa natural das vias aéreas. Estudos do European Respiratory Journal apontam que o frio intenso está associado a aumento de 20% nos casos de infecção viral respiratória.
• Monitoramento de sintomas: Ficar atento a sinais de alerta como tosse persistente, falta de ar, dor torácica, chiado no peito ou febre. Ao perceber qualquer sintoma, é importante procurar atendimento médico.
ATENÇÃO AOS ALÉRGICOS E CRIANÇAS DURANTE O OUTONO E INVERNO
Durante o inverno, alérgicos — especialmente crianças — devem ter cuidados redobrados. A limpeza dos ambientes, a troca regular das roupas de cama e o controle de poeira e ácaros são fundamentais. É importante evitar alérgenos como pelos de animais, perfumes fortes, fumaça de cigarro e certos alimentos (como amendoim, pimentas e ultraprocessados).
Pesquisas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostram que crises alérgicas aumentam até 35% nos meses frios, principalmente por má ventilação dos ambientes e aumento da exposição a ácaros.
Além disso, é fundamental seguir corretamente o uso das medicações preventivas (como bombinhas de corticoide inalatória) e de alívio, conforme orientação médica.
PREVENÇÃO DA BRONQUIOLITE EM CRIANÇAS
A bronquiolite é uma infecção viral que atinge principalmente crianças menores de dois anos, sendo o vírus sincicial respiratório (VSR) o principal agente.
De acordo com o Ministério da Saúde (2024) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), as principais medidas de prevenção incluem:
– Evitar o contato das crianças com pessoas doentes;
– Manter rigorosa higiene das mãos;
– Evitar locais com aglomerações;
– Estimular o aleitamento materno, que fortalece o sistema imunológico;
– Garantir a vacinação adequada — especialmente a imunização contra o VSR.
O aleitamento materno é comprovadamente um fator protetor natural. Pesquisas da Universidade de São Paulo (USP, 2023) demonstram que crianças amamentadas por mais tempo têm até 50% menos chance de desenvolver infecções respiratórias severas.
CONCLUSÃO
Prevenir é o melhor remédio. Medidas simples de higiene, alimentação saudável, ventilação adequada e vacinação são eficazes na proteção contra doenças respiratórias. A conscientização e o cuidado diário podem evitar complicações graves e melhorar a qualidade de vida, especialmente nos meses frios.
Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho, médico pneumologista