Admirável Mundo Novo

Maurício Cantoni

Muito se tem falado sobre a necessidade de buscarmos fontes de energia limpas que possam descarbonizar nossos processos produtivos em larga escala. Esse é um mantra mundial que deve ser novamente entoado durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Conferência das Partes – COP30), que acontecerá entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025 na cidade de Belém, capital do Pará.

Um grande passo no sentido de diminuir as emissões de dióxido de carbono (CO2) foi dado no último dia 09/10, com a inauguração do Laboratório de Hidrogênio (LabH2) no campus do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo. Como testemunha ocular da história, eu estava lá e pude constatar que o espaço já disponibiliza dois pontos de abastecimento de hidrogênio de baixo carbono (350 bar e 700 bar), capazes de atender veículos leves e pesados. Fascinado pela novidade, fiz questão de tirar uma foto ao lado da imensa bomba de abastecimento de 700 bar, que já opera no bairro do Butantã.

No livro Admirável Mundo Novo, o best-seller que empresta o título a este artigo, o inglês Aldous Huxley escreve uma obra visionária que antecipa desenvolvimentos em tecnologia reprodutiva, hipnopedia e manipulação psicológica que, orquestrados por um regime totalitário, se combinam para mudar e dominar profundamente a sociedade. Embora distópica, a visão de Huxley nos lembra como inovações tecnológicas podem remodelar o mundo – aqui, de forma positiva.

A realidade vivida no campus do IPT deixou de ser ficção e confirma a necessidade de buscarmos fontes de energia limpas para o segmento da mobilidade, que podem representar, a longo prazo, uma alternativa aos combustíveis fósseis. Esses combustíveis serviram bem à sociedade e ao nosso progresso até aqui, mas têm cobrado um preço alto demais com as emissões de dióxido de carbono, contribuindo para o aquecimento global e as temíveis mudanças climáticas que assolam nosso planeta.

O LabH2 é inovador porque, além de atender o segmento de mobilidade, também vai atuar nas áreas de protótipos em escala industrial, soluções para armazenamento, transporte e consumo de hidrogênio, fomento à inovação e parcerias com empresas e universidades, redução de custos das soluções baseadas em hidrogênio, formação de mão de obra qualificada para esse segmento e promoção de cooperação internacional.

Outro diferencial é que, antes de ser concebido, o IPT conversou com mais de 30 representantes da indústria e da pesquisa para identificar as necessidades reais do mercado. Assim, o LabH2 nasceu com o firme propósito de apoiar a indústria nacional, o ecossistema de hidrogênio e a sociedade.

Só nos resta agora aguardar pelos próximos capítulos, escritos não só pelo IPT, mas também por outras instituições de inovação e pesquisa, para ver quais serão as principais novidades do hidrogênio como vetor energético. Permita-me, leitor, dizer que estou otimista com o progresso da Ciência neste país.

 

 

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Maurício Cantoni, jornalista, diretor da plataforma H2 Content Hub

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