A flor de romã e o abomin

Antonio Oswaldo Storel

No meu jardim existe uma romãzeira que nesta época está carregada de flores e frutos e é extasiante apreciar a beleza do conjunto dessa pequena árvore com o verde brilhante de suas folhas salpicado de flores de um alaranjado forte e as bolas dos frutos avermelhados, pequenas e grandes, cujo conjunto mais se parece com os enfeites de uma árvore de Natal.

Num sábado de manhã, estava eu com minha atenção voltada para um frágil ramo da romãzeira com duas belíssimas flores em sua ponta: uma já aberta e rodeada pelos beija-flores e outra ainda em botão. E minha imaginação viajava visualizando as pesadas bolas dos frutos penduradas naquele vulnerável raminho. Levantei-me de onde estava sentado e fui olhar o restante da árvore, e vi outros raminhos frágeis sustentando garbosamente os frutos já formados como a me dizer: “não duvide da minha capacidade de cumprir a missão que a natureza me concedeu”.

No domingo, exatamente 24 horas após, fui olhar novamente aquela flor e percebi que ela já tinha perdido as pétalas e já tomava o formato de fruto, enquanto a que estava em botão, começava a se abrir. E eu que imaginara aliviar aquele raminho retirando aquelas maravilhosas flores para oferecer à minha amada ou coloca-la no pé da Santa. Quem é que não sente vontade de colher uma bela flor e oferece-la à pessoa amada!

Mas aí, a minha consciência levou a minha imaginação mais longe e comecei a refletir sobre a flor que desabrocha dentro do ventre materno e a cada instante vai se transformando em um novo ser humano. A evolução é constante e depois de nove meses de gestação, o fruto está pronto para vir à luz deste mundo. A clareza e a convicção de que cada um de nós passou por isso e hoje estamos aqui vivendo a nossa vida neste mundo de Deus, tomou conta de mim.

Então, comecei a me sentir incomodado com a ideia absurda que passou pela minha cabeça, de colher aquela flor. Que direito teria eu de interromper o maravilhoso processo natural tão bem arquitetado pelo Criador para satisfazer a um simples capricho meu? E senti uma dor no coração ao pensar que existem mulheres, já transformadas em mães pelo milagre da concepção, que não desejam que aquele fruto se desenvolva e venha à luz. E se submetem ao abominável processo de interromper aquela vida. As justificativas são muitas, a maioria delas sustentadas no egoísmo humano, outras em questões de honra como no caso de estupro, mas nenhuma justificativa é suficiente para matar um ser humano inocente e indefeso. O raminho frágil da romãzeira se fortalece sobremaneira quando o fruto começa a pesar mais e conforme ele vai crescendo, mais o raminho se prepara para sustenta-lo até que ele esteja pronto para ser colhido e saboreado.

Madre Tereza de Calcutá tem uma proposta prática para essas mulheres: “Não quer essa criança? Então deixe ela nascer e me entregue que eu cuidarei dela”. Algumas pessoas defendem que as mulheres têm direitos sobre seu corpo, mas esses direitos envolvem também deveres e uma vida inocente não pode ser sacrificada. O direito à vida está acima de todos os direitos.

A gravidez prematura e indesejada, as condições de miséria e outras situações levam muitas mulheres a se submeter à ação de pessoas inescrupulosas, sem nenhuma formação técnica e científica para realizar o ato abominável de um aborto. E colocam em risco a própria vida. Para preservar a vida dessas mulheres já se pensou em permitir legalmente a realização do aborto para que ele fosse feito em condições de segurança. Mas esse tipo de solução, quando se atua sobre as consequências de atitudes impensadas, como é o caso da redução da maioridade penal para punir adolescentes, não ajuda a resolver a questão. É preciso atuar preventivamente, ir às causas, com educação adequada à época em que vivemos, com envolvimento da família, do poder público e da sociedade.

Uma simples e bela flor de romã me ensinou uma grande lição: o aborto é um ato abominável!

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Antonio Oswaldo Storel, membro do IHGP; Ex-Vereador (1997/2008); Ex-Presidente da Câmara Municipal de Piracicaba (2001/2002); Fundador e 1º Presidente da Emdhap (1991/1992).

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