IV Encontro Caipiracicabano – Cecílio comemora 60 anos de Literatura

 

Numa realização do Instituto Cecílio Elias Netto e Sesc, o evento acontece nesta sexta (22), às 19h30, no Teatro e na Cafeteria; livre – Foto: Divulgação

Neste ano em que o Icen – Instituto Cecílio Elias Netto completa 10 anos de atuação, o IV Encontro Caipiracicabano quer apresentar à cidade o novo projeto que começa a ganhar vida: um Centro de Memória.

O evento acontece no contexto em que Cecílio Elias Netto, que dá nome ao Instituto, também comemora 60 anos de Literatura e 70 de Jornalismo. Aos 85 anos, sua trajetória de vida e profissional é marcada pelo amor por sua terra natal e pela valorização da “caipiracicabanidade”. Autor de mais de 30 livros e vasta produção jornalística, Cecílio reuniu inestimável acervo sobre a cultura piracicabana.

O evento conta com apresentação de minidocumentário e conversa com o escritor e jornalista sobre “caipiracicabanidade”, valorização, preservação e difusão da cultura e história locais. O IV Encontro Caipiracicabano ainda oferece atrações culturais tradicionais, como a dupla de Cururu Toninho da Viola e Luizão.

Cecílio Elias Netto

 

Nascido em Piracicaba, em 24 de junho de 1940, Cecílio Elias Netto é jornalista, escritor e bacharel em Direito. Aos 85 anos, ele alcança, em 2025, 60 anos de atuação em Literatura – com mais de 30 livros publicados. No próximo ano (2026), serão 70 de Jornalismo. E seja como jornalista ou escritor – ainda em atividade – seu foco tem sido a preservação e a difusão da história e memória de Piracicaba e região.

Literatura, Teatro e Patrimônio Imaterial

Cecílio tem mais de 30 livros publicados, entre os mais recentes: “Bom Dia – Crônicas do autoexílio e da prisão”; trilogia sobre a cidade (“Piracicaba que amamos tanto”, “Piracicaba, um rio que passou em nossa vida”, “Piracicaba, a doçura da terra”); “Piracicaba, a Florença Brasileira”; “100 anos da imigração japonesa em Piracicaba”; “Rua do Porto – Pia Batismal de um Povo”.

Além dos livros mais atuais, o jornalista tem outras obras que contribuíram para o fortalecimento da memória regional, como: “Bagaços da Cana” – romance de 1978, retratando a vida de trabalhadores no cultivo da cana-de-açúcar na região; “Almanaque 2000 – Memorial de Piracicaba Século XX” – que recebeu o prêmio “Clio da História”, da Academia Paulistana de História (SP – 2002)”; “Piracicaba Política – A História que eu sei 1942/1992”; entre outros.

Cecílio também escreveu para teatro, tendo recebido o “Prêmio Oswald de Andrade de Dramaturgia”, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo (1990).

Patrimônio imaterial

O conjunto das obras do escritor e jornalista também abriga o “Dicionário do Dialeto Caipiracicabano – Arco, Tarco e Verva” (com seis edições revistas e ampliadas). Foi a partir deste trabalho que Cecílio liderou o movimento cultural que culminou no reconhecimento oficial do “Dialeto e Sotaque Piracicabanos como Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial da cidade de Piracicaba” – Decreto no 16.766, da Prefeitura Municipal, de 25 de agosto de 2016.

O pedido de registro partiu do Instituto Cecílio Elias Netto (ICEN), que – unido ao Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP), à Associação Piracicabana de Artistas Plásticos (APAP) e à Academia Piracicabana de Letras (APL) – requereu o reconhecimento junto ao Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba (CODEPAC).

Jornalismo

No jornalismo, Cecílio iniciou-se aos 16 anos, como auxiliar de revisão do “Jornal de Piracicaba” (1956); já em 1957, na mesma função, trabalhou no “Diário de Piracicaba” – onde, na sequência, atuou na redação no período de 1957 a 1961. Paralelamente, entre 1959 e 1961, também foi cronista da revista piracicabana “Mirante”.

Aos 21 anos, assumiu a direção do jornal “Folha de Piracicaba” (1961/67). Nos anos de 1967 e 68, criou e dirigiu a Revista “Piracema”. Em 1968, retornou a “O Diário”, então, como diretor – assim permanecendo até 1982 e, mais adiante, no período de 1989 e 1990.

A longa trajetória de Cecílio no jornalismo também passa por:

  • Diretor da revista “Confronto”, de Rio Claro (1976/1979);
  • Redator do jornal “Internews”, de São Paulo (1978);
  • Editor do “Jornal de Portugal”, de São Paulo (1978/79);
  • Editor da Agência de Notícias CBI, de São Paulo (1978/1982);
  • Editor do “Diário de Limeira” (1980);
  • No “Jornal de Piracicaba” foi: articulista (1983/84), membro do Conselho Editorial (2003/2006), cronista (2002/2006 e atualmente);
  • Editor do jornal “Valeparaibano”, de São José dos Campos (1986);
  • Cronista do jornal “A Tribuna Piracicabana” (1992/2002 e atualmente);

No “Correio Popular”, de Campinas, Cecílio foi editor especial (1987), onde desenvolveu série de entrevistas com personagens da vida pública nacional. Levantando o testemunho pessoal, em paralelo ao profissional, o jornalista buscou uma perspectiva mais ampla de figuras como, entre outras: o físico brasileiro César Lattes; o cardeal Agnelo Rossi, considerado, à época, o principal expoente da Igreja Católica no Brasil; o criador da TV Cultura e da EPTV, José Bonifácio Coutinho Nogueira.

Ainda no “Correio Popular”, ele foi cronista no período de 1991 a 2015.

Cecílio foi vice-presidente da ADJORI – Associação dos Jornais do Interior de São Paulo (1980-1982); e membro eleito da Academia Paulista de Jornalismo (Cadeira nº 40, de Leo Vaz, 2005).

“A Província”

Em Piracicaba, Cecílio ainda criou e dirigiu o semanário impresso “A Província” (1987/1999) – com foco na valorização e difusão da história e memória da cidade. Num projeto ousado e inovador, o jornal tinha uma linguagem moderna à época, que também recorreu ao humor, emoldurada por uma identidade visual inspirada no estilo da art nouveau dos anos 1920.

A partir de 1998, teve início a aventura de ingressar no universo digital – o que, depois de diversas experiências, se consolidou só em 2006, com a criação do jornal eletrônico e website “A Província”.

Hoje, “A Província” também passou a ser o veículo de comunicação do ICEN – Instituto Cecílio Elias Netto, para apresentação e veiculação de seus Projetos. O site constitui-se, ainda, no embrião do futuro Centro de Memória Digital, que reunirá parte do acervo do jornalista.

ICEN – Instituto Cecílio Elias Netto

Ao longo de sua trajetória de vida, Cecílio tem reunido um significativo Acervo –fotos, negativos, desenhos, quadros, documentos, jornais, revistas e livros; paralelamente ao conteúdo produzido por ele próprio. Este material abrange um período cronológico que se estende do século IXX aos dias atuais. E tornou-se fonte de referência sobre a história de Piracicaba.

A preservação e o acesso público a este Acervo foi o estímulo para a constituição do instituto sem fins lucrativos que carrega o seu nome. O ICEN – Instituto Cecílio Elias Netto foi criado por iniciativa de amigos e familiares do jornalista. Completando 10 anos em 2025, seus projetos têm sido norteados pelo intuito de resgatar, preservar, cultivar e propagar o patrimônio histórico-cultural e socioambiental de Piracicaba e região.

O ICEN atua por meio da edição de livros, produção de eventos e se prepara, agora, para a constituição de seu Centro de Memória.

Centro de Memória

É no contexto da longa trajetória do jornalista e escritor, que seu rico Acervo está sendo tratado, pelo ICEN, para a constituição de um Centro de Memória. Paralelamente à preservação, o principal objetivo da iniciativa também é dar acesso público a este conteúdo – incentivando o envolvimento e pertencimento da comunidade, como corresponsável e guardiã da memória comum.

O Acervo é composto por biblioteca que reúne cerca de 11 mil itens, entre jornais, revistas e outros periódicos. São cerca de 12 mil fotografias impressas, além de cerca de 16.300 itens entre negativos e slides. Cerca de 600 peças entre ilustrações, gravuras e quadros se juntam a objetos e equipamentos de valor artístico, histórico e afetivo. E são inúmeros os documentos arquivísticos textuais e audiovisuais, em suportes físico e eletrônico.

Todo este conteúdo constitui-se em fonte de pesquisa histórica e de enriquecimento da memória coletiva. E contribui para a construção da identidade de um povo e de cada indivíduo.

Para expressar a motivação de seu apreço pelo resgate, preservação e difusão cultural, Cecílio empresta argumento de Agostinho de Hipona, o Santo Agostinho: “Ninguém ama aquilo que não conhece” – um ponto de partida e, também, quase uma advertência.

 

 

 

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