Rai de Almeida
De acordo com o último censo, Piracicaba conta com 423.323 habitantes e um crescimento médio populacional de 1,25%. Seu PIB per capita é de R$ 66.722,37 – o que coloca o município na 51ª posição do Estado, com economia predominante fincada na área de serviços (58%). Ao que pesem os problemas estruturais e de gestão – aos quais não abordaremos neste texto – fato é, e ninguém discordaria, que nossa cidade é uma potência econômica e pode (precisa) se desenvolver socialmente de maneira ordenada, estruturada e aliada às novas tecnologias e a estratégias inovadoras capazes de fazer de Piracicaba uma cidade mais humana, mais equânime e do bem-viver.
Nesse sentido, e ampliando esse painel e a nossa visão macro acerca da economia da cidade de Piracicaba, de seu potencial e da necessidade de se repensar a estrutura local, cabe observar que dados da Fundação Seade apontam que o salário médio no município – que em 2013 ultrapassava R$ 4.000,00 – em 2021 passou a ser de R$ 3.614,00. Ora, considerando a inflação no período, cumpre registrar que ao mesmo tempo em que ocorre um crescimento populacional exponencial em nossa cidade (atrelado à ideia errônea de que a se cidade ao crescer se desenvolvia), paradoxalmente, por outra via, o poder médio de compra dos moradores e moradoras de Piracicaba decaiu muito.
Ora. Numa cidade com crescimento populacional desordenado e com poder de compra reduzido acrescente-se agora mais outro fator extremamente preocupante: a renúncia fiscal implantada pelo governador Tarcísio de Freitas (PP) – estabelecida pelo governo estadual sem qualquer política de compensação aos municípios, e que começa a impactá-los sobremaneira. Uma análise atenta à questão fiscal da cidade aponta que os recursos estaduais que deixaram de ser repassados a Piracicaba somam R$ 275.5 milhões – sendo que sua maior parte está relacionada ao ICMS, no valor de R$ 247.7 milhões. É um rombo enorme em um orçamento municipal previsto para os R$ 2,6 bi – e isso, reafirme-se, sendo efetivado numa Piracicaba que, como exposto, cresceu sem organização e com poder de compra, do morador e da moradora, reduzido.
Além disso, Piracicaba, como sede de região metropolitana, enfrenta um desafio ainda maior: o de organizar outros 22 municípios para a gestão de políticas públicas conjuntas nas áreas de transporte, saúde, segurança dentre outros temas de fundamental importância para todos e todas. Apesar de aprovada em 2021, até o momento a Região Metropolitana de Piracicaba, que congrega mais de 1,5 milhão de habitantes, não tem autonomia, tampouco orçamento para desenvolver planos estratégicos e projetos regionais de maior expressão. Como exemplo do que a região metropolitana deixa a cumprir, vale lembrar que o Hospital Regional – com sede em Piracicaba – tem fila de espera de mais de 1200 pacientes aguardando serem ainda chamados para cirurgias.
Diante desse quadro, não é difícil intuir que o governador do Estado parece não está muito preocupado com a nossa cidade e com nossa região. Por isso, e de uma crise eminente, é necessária e urgente uma mobilização da sociedade civil no sentido de sensibilizar o governador Tarcísio de Freitas para as necessidades de Piracicaba e região, sobretudo no que diz respeito ao aumento de recursos para compensar as perdas originadas por essa renúncia fiscal.
É só a partir de uma reoganização macroeconômica estadual competente, inteligente, antenada aos novos rumos do novo governo federal, que reconstrói o país após quatro anos de letargia e desgoverno, é que teremos condições de enfrentar os desafios de uma região metropolitana que ainda a passos lentos engatinha.
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Rai de Almeida é vereadora pelo PT em Piracicaba