Deus realmente criou o homem  a partir do pó da Terra?

Alvaro Vargas

 

Conforme a Bíblia, “formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gênesis 2:7). Entretanto, as explicações científicas, baseadas na paleontologia, que estudou e confirmou as formas de vida existentes em períodos geológicos passados a partir dos seus fósseis, concluíram que foi necessário um longo período, até a formação da espécie humana atual (Homo sapiens sapiens). Estaria essa citação bíblica equivocada? Segundo Herculano Pires (Visão Espírita da Bíblia, pg. 45), “nas informações contidas nas Sagradas Escrituras, é necessário penetrar no sentido dos seus símbolos, dos seus mitos e das suas alegorias”. Jesus, cocriador da Terra, acompanha a nossa rota evolutiva e tem enviado os seus mensageiros para nos instruir. Contudo, as revelações do Mundo Maior sempre ocorreram de acordo com o nosso nível evolutivo, sendo que algumas, propositadamente, de forma velada, aguardam o devido tempo para serem mais bem esclarecidas. Foi assim, na sequência das últimas três grandes revelações Divinas: o Decálogo de Moisés, a Boa Nova de Jesus e o Espiritismo, que ocorreram conforme a nossa evolução intelectual e os valores morais que regem a conduta da Humanidade.

Allan Kardec (O Livro dos Espíritos, questão 47) esclarece que “a origem da nossa espécie está relacionada com os elementos orgânicos do globo terrestre, sendo esse o motivo de dizer-se que o homem foi feito do limo da terra”. Nesse processo da criação do homem, o Espírito Emmanuel (XAVIER. F. C. A Caminho da Luz, cap. 1) cita que “Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento. Viu-se, então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas, que envolveu o imenso laboratório planetário em repouso. Daí a algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como, no fundo dos oceanos, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada. Com essa massa gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o germe sagrado dos primeiros homens”. De acordo com o espírito André Luiz (XAVIER, F. C. e VIERA, W. Evolução em Dois Mundos, cap. IV), “os dias da criação, assinalado nos livros de Moisés, equivalem a épocas imensas no tempo e no espaço, porque o corpo espiritual que modela o corpo físico e o corpo físico que representa o corpo espiritual constituem a obra de séculos numerosos, pacientemente elaborada em duas esferas diferentes da vida (material e espiritual), a se retornarem no berço e no túmulo com a orientação dos instrutores Divinos que supervisionam a evolução terrestre”. Antes de adquirir a forma humana, o princípio inteligente que resultou na criação do homem, habitou o reino vegetal e os animais inferiores, evoluindo de forma gradativa os seus instintos. Como havia dito o Espírito André Luiz (obra citada, cap. III) para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser automatizado em seus impulsos, na romagem para o reino angélico, despendeu para chegar aos primórdios da época quaternária, em que a civilização elementar do sílex denuncia algum primor de técnica, nada menos do que um bilhão e meio de anos. Isso ocorreu aproximadamente há duzentos mil anos. Resumindo a nossa trajetória evolutiva, Leon Denis (O Problema do Ser, do Destino e da Dor. Cap. 9), explica que “na planta, a inteligência fica adormecida; no animal, ela sonha; apenas no homem ela acorda, conhece-se, possui-se e trona-se consciente”. Portanto, baseado nas informações trazidas pelos espíritos, inclusive confirmadas pela ciência, podemos concluir que a citação bíblica sobre a criação humana está correta, desde que seja interpretada corretamente.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

 

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