Alvaro Vargas
A ciência define a apatia como um estado emocional de neutralidade e indiferença, caracterizado pela ausência de emoção e motivação em circunstâncias diferentes. Pode também ocorrer o desinteresse e a indiferença nas reações afetivas. O Espírito Joanna de Ângelis (FRANCO, D. P. Alerta, cap. 35) cita que “a apatia geralmente tem origem no programa cármico do Espírito em prova. É decorrência de graves aflições e erros que não foram necessariamente corrigidos e ressumam do imo d’alma como expressão deprimente, paralisante. O apático é alguém que perde a batalha antes de enfrentá-la”. Embora ao longo das suas reencarnações o Espírito não regrida no aspecto evolutivo, o apático, devido à ociosidade, permanece estacionado, perdendo as oportunidades de aprendizado oferecidas por Deus, pois, “o trabalho é um meio de aperfeiçoar a nossa inteligência” (KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. As Leis Morais, cap. III). “Na luta competitiva da vida terrestre, não há lugar para o apático. Receando o labor bendito ou dele fugindo, mediante mecanismos de evasão inconsciente, a criatura se deixa envenenar pela psicosfera mórbida da autopiedade, procurando inspirar compaixão, antes de despertar e motivar o amor. Nessa condição, é iniciado o processo de auto-obsessão quanto da submissão obsessiva a Espíritos inconsequentes, que se comprazem em explorar, psíquica, emocional e organicamente, os que se lhes fazem vítimas espontâneas” (Joanna de Ângelis, op. Cit.).
Dependendo da situação do indivíduo, a sua apatia pode se manifestar de forma generalizada, proporcionando a melancolia, uma total ausência de ânimo. O melancólico não se revolta, não se agita externamente, não lida com crises e surtos. Ele apenas se resigna em sua tristeza, sem encontrar um porquê e, tampouco, sem o mínimo desejo de explicar esse sentimento. Allan Kardec (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 25), esclarece que “esse sentimento pode ser uma manifestação da alma que aspira à felicidade e à liberdade, mas ligado ao corpo que lhe serve de prisão, cansa-se em vãos esforços para escapar. E, vendo que esses esforços são inúteis, cai no desânimo, fazendo o corpo sofrer sua influência, com languidez e abatimento, e uma espécie de apatia, tornando o indivíduo infeliz”. Evidentemente, esse é um estado doentio que necessita ser superado. Antes de reencarnarmos sabíamos das experiências a serem vivenciadas em nossa programação evolutiva, elaborada conforme as nossas possibilidades de êxito. Recusar as provas e expiações necessárias é contrariar a decisão divina, que podem acarretar sérias consequências para quem se evade da oportunidade de trabalho que lhe foi oferecida. Nada acontece por acaso, e “responderemos pelas iniquidades que cometemos e por todo mau haver resultado de não havermos praticado o bem, pois, somente o egoísta nunca encontra ensejo de realizar a caridade”. (KARDEC, A. O Livro dos Espíritos, questões 642 – 643).
Durante os três anos de divulgação de sua Boa Nova, Jesus ministrou os seus ensinamentos e curou enfermos. Esclareceu que ninguém fica inativo no universo, pois, conforme mencionou, “meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (João 5:17). Analisando a necessidade do trabalho, conforme exemplificada por Jesus, Allan Kardec cunhou a expressão “ajuda-te e o céu te ajudará” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXV), análoga à máxima evangélica “buscai e achareis” (Mateus, 7:7). De acordo com Joanna de Ângelis (op. Cit.), esses ensinamentos “conclamam-nos à luta contra a apatia e os seus sequazes, que se fazem conhecidos como desencanto, depressão, cansaço e equivalentes”. Esclarece-nos que se cumprirmos com as nossas obrigações, os bons espíritos nos ajudarão, pois, o socorro de Deus não dispensa o esforço individual de renovação íntima, nem a busca pela nossa elevação moral e intelectual.
______
Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D. presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita