A Educação de ontem e de hoje

João Salvador

 

Muito se discute a respeito do modelo educacional brasileiro, o fundamental e o médio nas escolas públicas. Enquanto não chega a um consenso, vão se formando os analfabetos funcionais. A grande diferença entre o método de ensino do passado e o do presente, é que nos velhos tempos, os professores eram bem treinados para exercer a docência, sem abordar assuntos políticos e ideológicos. Não que os de hoje não sejam qualificados, mas a realidade é bem diferente de manejar uma aula.

Outrora havia sim, um certo rigor no lecionar, mas os resultados eram surpreendentes. À vista de qualquer anormalidade, os pais eram chamados pela diretoria, para dar certa orientação, dentro daquilo que se observava no comportamento do aluno, que o impedisse de obter um aproveitamento melhor. Os mestres eram mais reservados, respeitados e procuravam a melhor forma de alavancar o aprendizado do educando.

Não havia o tal empurra – empurra de que a educação vem de berço, da responsabilidade exclusivamente dos pais. Os educadores faziam parte do processo com satisfação e empenho. Era o tempo que ensinar era fazer o aluno aprender e se respeitar.

Com o tempo, foram eliminando devidas matérias do conteúdo programático, pela insinuação de que o aluno não iria usá-las no seu cotidiano. Hoje, muitos dos que prestam o Enem ou vestibulares, têm dificuldades na leitura, na escrita e na interpretação de texto. Não têm base consistente para resolver uma regra de três e as equações física e matemática. E, pasmem, a nossa língua continua sendo estuprada por grandes bacharéis.

Quando se compara os resultados do sistema de ensino público brasileiro, com o de outros países, vê-se que estamos bem abaixo da média, a um custo de meio século para revertê-lo. Que se retroceda e analise, profundamente, a raiz da causa, os efeitos e as consequências.

A triste realidade de hoje é ver um cenário de medo, da insegurança dos professores em classe de aula, de não poder chamar a atenção do aprendiz, pela possibilidade de serem repudiados com violência verbal e física. Não cola bem a justificativa de que o bullying é o vilão das invasões armadas, vingativas e trágicas nas escolas. Em tempos remotos, gordo sempre foi bola 7, orelhudo (Topo Gigio), branquelo (vela branca), magrela (Olívia palito), e daí por diante. Hoje, porém, é melhor não usar mais esses predicados. À época, um adolescente não se tornava inimigo do outro, devido às brincadeiras de rua ou do colégio, aliás, a amizade se consolidava, haja vista as costumeiras confraternizações.

Os zombeteiros nunca eram atacados por revanchismo, revide. Portanto, nada de coitadismo, pois levar uma bronca de um professor ou uma “coça” em palavras dos pais, não é motivo para traumas profundos. Nada, também, de um pai bater à porta do colégio para defender um filho que desrespeita e agride os professores. A convivência nas escolas deve ser pacífica e harmônica entre crianças, adolescentes e professores.

Diante desse quadro negro de violência no âmbito escolar, medidas de segurança devem ser urgentemente tomadas. Prega-se o aumento do número de funcionários e de monitores, o uso de um detector de metais, um policial dentro do recinto escolar e menor número de alunos por classe. Enseja-se, também, a introdução de psicólogos, e, sobretudo, que os professores tenham sempre à mira, o comportamento estranho de determinados alunos. A verdade é uma só: a maior parte dos alunos de hoje é preguiçosa, desordeira, “matadora de aulas”, sem vontade de aprender, subestima sua própria capacidade e, quem leva a pior, são os professores, sem freio e rédia curta, para que se coloque a casa em ordem, no devido e merecido respeito.

 

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João Salvador é biólogo e articulista

 

 

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