Melhor pedir doação do que fazer prevenção

Eloah Margoni

         Eis que o litoral norte do Estado de São Paulo está enlameado, soterrado, em choque. Eis que mobilizações de auxílio, solidariedade mas também atos de exploração cruel e descarada dos atingidos acontecem. Mudanças climáticas estão configuradas com aplicativo baixado, acredite-se nelas ou não.   Os motivos são sabidos e decantados mas nesse atoleiro todo de “eis”, eis que a Câmara de Vereadores de Piracicaba insiste em aprovar e aprova! instrumento que permite regularização de loteamentos clandestinos na cidade.  Isso contra a opinião do Ministério Público, contra a legislação vigente e contra veto anterior do prefeito à matéria. Pasmem.

O que dizer disso? Vamos repetir que a natureza de fato repercute as afrontas que lhe são feitas, além das fronteiras municipais? Que a zona rural de Piracicaba precisa continuar existindo mesmo? Explicar que se deu prêmio a quem transgride, afronta legislação, loteia e vende ilegalmente terrenos? Também premia quem compra lotes irregulares? Reiterar que as leis para a manutenção de uma cidade saudável de nada valem? Porque você sabe, manda ver que logo se ajeita, se acochambra, cria-se um dispositivo facilitador?

Desastres e tragédias dão boas manchetes em jornais. Azar de quem se ferrou. E não foram só os mais pobres que se ferraram desta vez, nem o serão num futuro próximo. Depois pediremos doações, invocaremos caridade, apoio governamental, e orações principalmente.

Mas em verdade vos digo que é bem melhor escolhermos bons representantes, sintonizados com o equilíbrio da natureza, com o todo, de verdadeiro interesse pelo bem da população do que nos prostramos de joelhos e orarmos, mas votando assim tão mal nas urnas.

Enquanto a população não aprender isso, as chances são de eventos climáticos catastróficos que virão inevitavelmente. Ou talvez já seja tarde demais.

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Eloah Margoni, médica

 

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