Adelino Francisco de Oliveira
A educação e a cultura ocupam um lugar central no processo de reconstrução democrática do Brasil. Formar para a cidadania política, desenvolvendo e aprofundando um autêntico sentimento de pertencimento e corresponsabilidade social é um dos desafios fundamentais impostos ao país nesse delicado momento histórico. Agora é o tempo de avançar para um vasto movimento político, comprometido com a construção de um tempo singular de justiça, direito, liberdade e solidariedade.
Depositárias do legado civilizatório, a educação e a cultura guardam a grande responsabilidade de apresentar e defender as referências fundamentais para um projeto de reconstrução do tecido social, capaz de apontar para um futuro promissor e cheio de possibilidades. Fora do horizonte de um mundo democrático, comprometido com o programa dos direitos humanos, com a justiça social e ambiental, não há futuro nem esperança.
É por meio das dimensões da educação e da cultura que as potencialidades humanas se desenvolvem e se manifestam, tornando-se realidades existenciais. A humanização não deixa de ser consequência também de uma profunda dinâmica de aprendizados acumulados ao longo da trajetória de vida. A boa notícia é que ninguém nasce pronto e previamente definido, as potencialidades humanas, latentes e inerentes a cada pessoa, podem aflorar ou não de acordo com o acesso à educação e à cultura. A capacidade de aprender é o ponto fundamental no processo de humanização.
Ignorância, comportamento grosseiro, rude e vulgar, deslealdade, exaltação a preconceitos, falta de empatia, impiedade, disseminação de mentiras, hipocrisia, manifestação de ódio e violência sempre foram considerados como desvios e corrupções, nunca como virtudes, sendo expressões de um mundo em decadência. Por outro lado, sabedoria, urbanidade, polidez, postura ética, altruísmo, sensibilidade, amabilidade, senso de justiça, humildade, solidariedade, respeito, serenidade são valores elevados, considerados como referências comportamentais e atitudinais. Tudo isso se ensina e se aprende, mediante a educação e a cultura. Tanto a pessoa quanto a sociedade podem ser melhores, do ponto de vista ético. E isso é motivo de muita esperança. A educação e a cultura se configuram como o caminho para essa outra sociedade.
É tempo de reconstruir, tendo os princípios civilizatórios como referência. Mais do que nunca o mundo, o Brasil precisa de professores, professoras, fazedores e fazedoras de cultura para estarem à frente de um amplo e irresistível processo de reinvenção social. Voltar às fontes da civilização; revisitar os pensadores clássicos; frequentar museus, teatros, cinemas, bibliotecas; reafirmar o primado do conhecimento e da ética; aguçar o senso crítico e problematizador. A educação e a arte como salvação para uma humanidade que se encontra diante de um abismo, correndo o risco de sucumbir.
Vamos com os professores e com os fazedores de cultura – artistas das mais diversas áreas. Educação e arte na vanguarda criativa de uma revolução cultural que o mundo e o Brasil tanto esperam! É tempo de nos tornarmos discípulos atentos dos mestres da civilização, que os professores insistem em nos apresentar. Vamos com os professores, com as professoras, com os irreverentes fazedores e fazedoras de cultura, que nos ensinam, com arte, ousadia e criatividade, que a vida pode ser bem mais!
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Adelino Francisco de Oliveira, professor no Instituto Federal de São Paulo, campus Piracicaba, doutor em Filosofia e Mestre em Ciências da Religião; [email protected]