Rui Cassavia Filho
Os “coronéis” continuam rondando nossos “territórios”, fazendo riquezas com nosso trabalho exposto ao sol, à chuva, à fome, e ao desabrigo.
As evidências são claras: “à olhos nus”, hoje, o Parque do Engenho Central; palpáveis, hoje, o bairro “Monte Alegre”; “à vista”, hoje, o bairro Santa Olímpia e Santana; e . etc.
O Engenho Central, movido à força da escravidão, de negros e negras, de máquinas à vapor, da exploração da força do rio Piracicaba com o “Véu da Noiva” à mostra, deixou marcas extraordinárias naquela e nessa sociedade, impulsionando à industrialização magnifica da tecnologia metal metalúrgica.
O “Monte Alegre”, impulsionado por essa economia extraordinária produzida pela exploração agrícola da cana de açúcar, trouxe um “Engenho Novo” não escravista, mas essencialmente capitalista, agregando novos conceitos de exploração da mão de obra importada por um modelo europeu de industrialização onde “urbanizava” seus funcionários em” vilas” abastadas pelas glórias edificadas em “capelas”, “clubes” e “desfiles de suas mulheres e homens” abastados em suas “carruagens de fogo”.
A economia crescia, e o “ouro negro” surgia da mesma produção agrícola, e os coronéis e barões da “terrinha” se manifestavam em poupudas residências espalhadas pela “vila”, trazendo modelos de educação europeia embebecida por uma cultura ‘branca”, de raízes contraditórias, mas de necessária mão de obra de força e coragem capaz de erguer um país, uma nação, uma nova economia em terras muito produtivas e extensas, onde a importação desta mão de obra se beneficiava pelo baixo custo econômico, mas explorava a cultura, o conhecimento e a força do trabalho graciosamente.
Assim, os trentinos e tirolêses acampados em terras brasileiras e piracicabas se “fincaram” por aqui, trazendo uma civilização de mulheres e homens de olhos azuis e pele clara com muita religiosidade católica e de “comunas” de famílias inteiras com esperança de vida.
Hoje, os trentinos e tiroleses e tantos outros como alemães, italianos, turcos etc., movidos pela cana de açúcar, que destronou o “ouro negro”, exportando para outras fronteiras brasileiras, continuam aqui debaixo dos “açoites” dos coronéis e barões dessa economia agrícola-industrial, de exploração maciça de uma mão de obra, não tecnológica e de baixa escolaridade, porém de baixo custo de capital.
A industrialização evoluiu, cristalizou uma forte economia local, regional e até internacional, de máquinas e equipamentos mecânicos de bens de capital , como usinas de cana de açúcar completas, onde a mão de obra d e baixa produção, como a nordestina, se acabou pelo desenvolvimento espetacular do sudeste.
As mulheres, as travestidas de donas de casa, que não podiam trabalhar sem autorização do marido ( o homem ) e nem votar, venceram, hoje, “á vista” dos barões e coronéis , permeando trabalhos de chefia e rodeando, hoje, os mesmos cargos de coronéis barões que não souberam dizer não aos seus filhos e filhas.
A propriedade, aquela exclusiva, hoje, “à vista” da nova constituição, tem sua função social, bem como a cidade, de sorte a “comuna” que se faz com a presença do povo, pode ter voz e ser ouvidos por aqueles que democraticamente têm a função de cuidar deste mesmo povo, dessa mesma “comuna”.
Então, a sociedade movida por novas tecnologias, aceita democraticamente, incluir mais uma classe social além dos coronéis e barões, hoje temos os milicianos, que açoitam à força no pelourinho do nosso quintal, tratando os excluídos como seus escravos, e, mesmo assim aclamados elegendo um “cacique” que destrói uma cultura , uma economia e um pais em “canetadas” “abrindo a porteira” a qualquer forasteiro interessado em manter este “negócio” político.
Aqui, nesta terrinha, os coronéis, barões e milicianos estão presentes e aclamam em não permitir a participação popular nas ações e programas administrativos e , também, legislativos, como se donos fossem, ou talvez, com o aprendizado promovido pelo “presidente desbocado” marginaliza o povo como até então fizeram com os “donos” da terra brasileira, os povos indígenas.
“…200 anos depois…” a dependência política, não de Portugal, ainda persiste entre nós, então conclamamos a “Independência ou Morte” em um único “grito” de espada em punho, em uma luta de conquista do nosso território e do povo, do Brasil.
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Rui Cassavia Filho, Gestor da Propriedade Imobiliária