Napoleão Bonaparte, conquistador  ou missionário de Jesus?

 

Alvaro Vargas

 

Analisando a situação da Europa no final do século XVIII, o espírito Emmanuel (XAVIER, F. C. A Caminho da Luz, cap. 22) cita que “a independência americana ascendera o mais vivo entusiasmo no ânimo dos franceses, humilhados pelas prementes dificuldades, depois do extravagante reinado de Luís XV, originando a revolução francesa, que embora fosse necessária, resvalou para uma guerra civil de trágicas consequências”. Os reinos vizinhos se sentiram ameaçados pelos ideais franceses de liberdade, e desejavam invadir a França. Napoleão (1769 – 1821), conseguiu restaurar as fronteiras da França, pondo fim a sua situação caótica provocada pelos excessos ocorridos durante a revolução. Entretanto, iniciou várias campanhas bélicas contra as principais nações europeias, deixando um rastro de destruição com milhões de mortos. Felizmente, “a espiritualidade maior havia estabelecido um limite para o livre-arbítrio do Imperador, possibilitando a sua derrota na batalha de Waterloo, em 1815, o que o levou ao exílio na ilha de Elba e posteriormente na ilha de Santa Helena”. (Emmanuel, op. Cit.).

Entretanto, durante os conflitos, ao invadir Portugal Napoleão beneficiou povo brasileiro, pois facilitou a nossa independência, evitando uma guerra contra a nação lusitana, cumprindo o desejo de Jesus (XAVIER, F. C. Brasil coração do mundo e pátria do Evangelho, cap. 18). Com a fuga de D. João VI para o Brasil, deixamos de ser colônia e assumimos a sede do império, o que proporcionou o desenvolvimento da nação brasileira. Em 1815, com fim das guerras napoleônicas, D. João VI regressou para Portugal e o seu filho D. Pedro I, assumiu o país e declarou a sua independência em 7 de setembro de 1822, tornando-se o primeiro imperador do Brasil. De forma similar, ao invadir a Espanha, Napoleão criou as condições para as guerras de independência e libertação das colônias espanholas na América do Sul. Em mensagem psicografada pelo médium Fernando de Lacerda em 13 de novembro de 1906 (Do país da luz, vol.1, cap. 4), o espírito Napoleão Bonaparte fez uma comparação entre a tarefa que havia realizado e as missões desempenhadas pelas almas mais nobres aqui reencarnadas. Considerou que, enquanto ele foi o escolhido, as almas “iluminadas” são eleitas para as tarefas na Terra; o escolhido faz o bem pelo mal e o eleito realiza o bem pelo bem. Na opinião do espírito Miramez (MAIA, J. N. Filosofia Espírita, vol. XV, cap. 48), “quando Napoleão Bonaparte desceu à carne não foi para ser um missionário nos templos religiosos; foi para dirigir e libertar um povo da prisão mental, bem ao contrário de Gandhi. No entanto, tanto um como o outro foram missionários”.

“Napoleão foi uma espécie de Maomé transviado da França do liberalismo. Assim como o profeta do Islã pouco se aproximara do Evangelho, que a sua ação deveria validar, também as atividades de Napoleão pouco se aproximaram das ideias generosas que haviam conduzido o povo francês à revolução. É verdade que ele foi um missionário do Alto, embora traído em suas próprias forças; mas, no Além, seu coração sentiu melhor a amplitude se suas obras”. (Emmanuel, op. Cit.). De fato, na erraticidade, ele colaborou na codificação do Espiritismo (KARDEC, A. O Livro dos Espíritos, 1ª edição, nota de rodapé da questão nº 500). O espírito general Hoche (Revista Espírita, setembro 1859 – Conversas familiares de Além-Túmulo), contemporâneo de Napoleão, mencionou que o antigo imperador se encontrava no mundo espiritual em tarefas diplomáticas entre as nações europeias. Livre das injuções do corpo físico e com uma visão mais dilatada sobre valores morais a serem conquistados, tem procurado vivenciar os ideais da revolução francesa de liberdade, Igualdade e fraternidade, que foram negligenciados na Terra, redimindo-se das ações despóticas na Terra.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

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