A resposta certa

Narciso Assis Jacintho

 

“Costumamos dizer que Deus não responde às nossas perguntas; na realidade, somos nós que não escutamos as suas respostas”. (Clive Staples Lewis, o autor inglês das “Crônicas de Nárnia”).

O elevador provoca em seus usuários aquilo que se denomina de intimidade entre estranhos. Nossos humores, é sabido, se exacerbam em nossas saídas e chegadas e o andar em que moramos determina o grau de desconforto que enfrentaremos neste pequeno trajeto, realizado no meio de transporte mais seguro do mundo. Nestes dias encontrei um vizinho que denunciava em seu semblante um abatimento que reconheci de imediato. Entre aquela troca de amenidades típica entre estranhos ele me respondeu algo mais ou menos assim:  “É, a gente vai vivendo”. No meio do trajeto, quando a porta se abriu perguntei: E sua esposa, como está? Ao que ele respondeu: “Eu que não estou bem”. Depois de um tempo, deixamos o elevador seguir seu caminho e conversamos à porta dele por um breve tempo. Nesta conversa entre outras coisas me disse que tinha dado um nó na cabeça da psicóloga, que criado em um lar evangélico, fazia dez meses que não entrava e em uma igreja e que na última semana ao ver uma moradora de rua com quatro filhos pedindo um dinheiro e, após sôfrego atender ao pedido, perguntou: Porque a ela que não tem a mínima condição de criar o Senhor deu quatro e para mim que tinha, o Senhor me tirou? E relatou algo que já tinha me contado. Após o bebê nascer bem, perfeito e saudável segundo a médica, ele comprou uma roupinha azul com gravatinha. A roupa com a qual dois dias depois enterrou o primeiro filho recém-nascido. Lembrei que o Deus de toda consolação usa seus filhos feridos por dores para serem instrumentos do seu consolo e citei uma passagem do livro “Quando a benção não vem” da Eleny Vassão, que está passando por dores também, onde ela menciona o relato de um Pastor, que após perder a batalha com sua filha, fala sobre fazer essas perguntas pessoalmente ao Senhor, no portão do leste quando o encontrarmos no céu para sempre. Nestes nossos dias tão conturbados, muitas vezes a igreja alardeia respostas para perguntas que não lhe foram feitas. Jesus em seu ministério fez muitas perguntas a seus discípulos e aqueles que pretendiam sê-lo. E nós precisamos respondê-las ao mundo. Eis algumas delas: “Quem dizem os homens que eu sou? … E vocês, quem dizem que eu sou? … Ó geração incrédula! Até quando deverei ficar com vocês? … Por que vocês são tão medrosos? Vocês ainda não têm fé? … Por que você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção na trave que há no seu próprio olho? … Raça de víboras! Se vocês são maus, como podem dizer coisas boas? … Vocês pensam que eu vim trazer paz à terra? … Mas, o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar a fé sobre a terra?”. Que Deus, em sua infinita misericórdia, nos ajude a responde-las.

 

Narciso Assis Jacintho, administrador de empresas

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