Qual a maior prova de amor?

Alvaro Vargas

O espírito Lucius (O Amor Jamais te Esquece, André Luiz Ruiz) descreve um episódio em que Zacarias,em seu último encontro pessoal com Jesus, na Galileia, assumiu o compromisso de tornar-se amigo e acompanhar Pôncio Pilatos, após a tragédia do Calvário. O Mestre nazareno, através da presciência (conhecimento do futuro) previu que o governador cairia em desgraça, acusado decorrupção na Judeia. Zacarias, um dedicado servidor da cristandade, fazia parte dos setenta seguidores escolhidos por Jesus para divulgar a Boa-nova. Conforme profetizado, Pôncio Pilatos foi preso e conduzido à prisão Mamertina, em Roma, onde recebeu a condenação de prisão perpétua pelo senado. Zacarias o acompanhou durante toda a viagem, cuidando dele, no cativeiro, até a sua transferência definitiva para um cárcere militar,na região onde hoje é a Áustria. Sabendo que Pilatos tinha muitos inimigos, cuidava pessoalmente da sua alimentação. Entretanto, durante uma breve ausência, o carcereiro aproveitou para trazer uma água contendo veneno. Zacarias, visando proteger o antigo governador da Judeia e evitar um escândalo acusando o guarda, sorveu todo o líquido envenenado, renunciando a própria vida, por amor ao amigo.

Durante o seu messianato, Jesus escolheu a Galileia, pois sabia das dificuldades que enfrentaria devido à perseguição dos rabinos do grande templo em Jerusalém. Apenas deu ênfase à divulgação de seus ensinamentos na região de Judeia, a partir de outubro do ano 32 d.C., pois previu que seria preso e martirizado no período da Páscoa do ano subsequente. Resumiu os seus ensinamentos no amor ao próximo, conforme ensinou: “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (João 15:12-13). O grande sacrifício de Jesus não se restringiu ao Calvário, mas em reduzir a sua energia angelical ao ponto de conseguir reencarnar no mesmo processo equivalente a todos nós.Durante o seu interrogatório, o Mestre isentou todo o colegiado galileu e foi condenado isoladamente. À exceção de Judas, que se suicidou, e João, que teve a vida preservada pelo Mundo Maior, visando consolidar a Boa-nova e trazer maiores revelações espirituais (o seu Evangelho e o Apocalipse), todos foram, posteriormente, martirizados. Entretanto, foram apenas vítimas das perseguições movidas contra os adeptos do cristianismo, doando a vida pelo amor aos ideais cristãos.

O sacrifício doscristãos, conforme relatados pela história, devem ser compreendidos como um exemplo de amor ao próximo em um determinado momento da consolidação do Cristianismo.A renúncia da própria vida não pode ocorrer sem uma justificativa moral significativa. Um exemplo de sensatezfoi a decisão do apóstolo Paulo, preso em Cesareia,quando ele recorreu as suas prerrogativas de cidadão romano, para não ser julgado e condenado pelo Sinédrio judaico. Embora incompreendido por alguns que consideraram o seu pedido uma covardia, conforme descrita pelo espírito Emmanuel (Paulo e Estevão, Segunda Parte, cap. 8,Chico Xavier), foi a decisão mais correta. Ele estava ciente que o seu sacrifício naquele momento atenderia apenas aos interesses escusos dos rabinos do templo,desejosos de crucificá-lo, junto a dois ladrõesno Monte da Caveira, um espetáculo que havia sido delineado visando denegrir Jesus. Paulo havia sido avisado pelos espíritos que a sua missão terminaria em Roma, como de fato ocorreu, em agosto do ano 64 d.C.Observando o comportamento atual da humanidade, embora os avanços científicos atingidos, o nível evolutivoainda é de grande atraso moral. Entretanto, temos a eternidade para evoluirmos através das reencarnações. Todos os exemplos de amor incondicional legado por Jesus e demais mártires cristãosservem de estímulos para a nossa reforma moral. São referências eternas paraaprendermos a viver de forma harmônica e respeitosa com o nosso próximo.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

 

 

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