Repúdio ao autoritarismo municipal

Lilian Lacerda

 

Que esse é um governo regido pela ótica neoliberal não é novidade, mas o que temos presenciado nos últimos dias foi uma verdadeira aula de autoritarismo. Causa espanto e indignação a forma perversa dessa gestão. O prefeito encarna a figura neoliberal do homo autoritário e descaradamente desrespeitado a democracia para atacar o funcionalismo público.
Ademais, o prefeito e seus representantes têm utilizado a imprensa para difamar os servidores. Atravessamos o período pandêmico cujos profissionais da saúde estiveram na linha de frente e – muitos pagaram com a própria vida. Trabalharam sem condições sanitárias, sem material, enfrentaram a desinformação e o medo. Profissionais da educação tiveram que se reinventar: sem domínio ou formação das TICs (tecnologia da informação), sem equipamentos, sem uma banda larga suficiente, se viraram nos trinta para atender as demandas e não deixar as crianças no abandono. Foram vídeos, kits de material, busca ativa, o número do celular que era pessoal virando público para responder os questionamentos e tirar dúvidas das famílias 24 horas…. Trabalhou-se e muito em home-office! E nesse período, a prefeitura nunca demonstrou interesse menos ainda investiu na implementação de medidas sanitárias que fossem capazes de resguardar a saúde e de preservar a vida dos profissionais e dos alunos!
Nesse sentido, é urgente descontruir os discursos comumente noticiados como o mal serviço prestado, a baixa qualidade, a morosidade dentre outros, quando na verdade, há falta de iniciativa e investimentos por parte do poder executivo.
Estamos vivenciando um governo sem compromisso com a população que para favorecer os mais abastados, se coloca a favor iniciativa privada em detrimento dos serviços públicos. Para tanto, o que essa gestão tem feito não é nada novo: sucatear para privatizar.
Pouco mais de um ano de governo, o que se verifica é um conjunto de retrocessos desemantaladores da cidade, uma sequência de medidas impopulares, de caráter ultraconservador e avesso ao diálogo elementos sintomáticos dessa gestão.
Basta investigar que facilmente se encontra indicadores que dão conta da deterioração das condições de trabalho, da desestruturação do patrimônio e equipamentos público à serviço da população como espaços promotores de cultura, projetos de política e promoção de saúde, falta de investimento na educação e meio ambiente com clara intenção de priorizar à iniciativa privada.
Em meio a uma crise no setor público escândalos são desnudados: a contratação da OSS para a gestão da UPA do Piracicamirim, contratação sem licitação de empresa de ônibus para transporte público, irregularidades na merenda, problemas com a terceirizada de zeladores dentre tantas outras o prefeito elege atacar os servidores, numa perspectiva ideológica fechando o diálogo.
Nas últimas semanas, os servidores se viram diante de uma batalha que – para além de lutar por seus direitos – agora se estende ao combate da campanha difamatória e autoritária do prefeito e de sua equipe. Vivemos numa democracia e não podemos aceitar intimidação e de silenciamento dos servidores.
Injustamente, o procurador cede uma liminar com manobras jurídicas para qualificar a greve dos servidores como abusiva, frente a diversas tentativas do sindicato, de parlamentares e da comissão em negociar rebatidos pelo desrespeito e descaso com as demandas dos trabalhadores que são essenciais na prestação de serviços a população.
O que vivenciamos foi um duelo entre uma manifestação legitima e a aberração por parte do executivo e seus representantes com um verdadeiro espetáculo de desrespeito e autoritarismo e do judiciário que deveria ser imparcial e se ater ao que lhe compete.
No pacote de perversidades, na audiência de conciliação na última sexta-feira (08), não foi aceita nenhuma forma de negociação, nem sobre os dias parados. É incoerente e irresponsável a postura do prefeito e de seus representantes.
Reforçamos que nos manteremos firmes e tomaremos medidas para fortalecer sindicato entidade democrática legítima, bem como na defesa da manutenção dos serviços prestados a população inclusive com denúncias acerca das irregularidades por parte dessa administração.
No campo político, enfrentamos uma crise de representação. Mas, apesar de estamos num processo de emancipação e de maioridade no uso da razão, não deveríamos evocar valores contrários aos democráticos.
A luta nos afeta, nos modifica, nos fortalece!
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Lilian Lacerda, doutora pela PUC-SP, psicanalista e pesquisadora

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