Fernando Favoreto
Criei o neologismo que leva o titulo deste artigo, um mix de pandemia com política, para repensar, passados já mais de dois anos em que a pandemia que se abateu sobre todos os países e cidades do mundo, para tecer alguns comentários sobre o que esta tragédia trouxe de dificuldades para ambos os campos, o da saúde pública e o da política, lá fora e aqui e em casa.
Lá fora, a descoberta de que o vírus pode ter sido criado num laboratório da China que, curiosa e espertamente também criou a primeira vacina para revender ao mundo. Milhões de mortos, fechamento temporário de atividades empresariais, comerciais, educacionais, gente trabalhando em casa à distância, gente com medo de sair de casa. Imagens fortes nos noticiários da televisão, com centenas de covas abertas abruptamente para os falecidos, depoimentos aos milhares de especialistas que, de repente, viraram celebridades na televisão. Contagem progressiva de mortos diários na imprensa e nas redes sociais, num misto de prevenção e intimidação.
Aqui no Brasil, interferências entre os poderes da República, prevalecendo a força do Supremo Tribunal Federal, com decisão inusitada, de que governadores e prefeitos teriam supremacia para as decisões emergenciais, afastando o poder executivo dessa responsabilidade, outorgando-lhe apenas a prerrogativa de comprar vacinas e planejar sua distribuição pelo território nacional. Gesto acompanhado posteriormente por igualmente inusitada Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal, transformada em teleteatro. De São Paulo surgiram as primeiras iniciativas para as pesquisas sobre o tema e a elaboração de uma vacina local, a Butanvac, que se incorporou às outras produções mundiais, como resultado dos investimentos e da capacidade científica dos nossos pesquisadores.
Em Piracicaba, a pandemia pode ter contribuído para alguns episódios importantes que definiram novos rumos para a cidade. Como o abre e fecha do comércio, decretada pelo prefeito anterior, o mal estar geral refletido no comércio, com demissões, encerramento de empresas e desalento permanente. No campo da saúde, hospitais públicos e particulares lotados e, na imprensa, igualmente contagem progressiva dos nossos mortos, a partir da explosão deles em abrigos de idosos e depois espalhados pelos quatro cantos da cidade. Não posso deixar de mencionar o trauma causado para as igrejas, que repentinamente tiveram suas muitas atividades suspensas, não só de cultos e reuniões, mas também no campo assistencial.
Como reflexo disso, a cidade votou contra o ex-prefeito, na esperança e expectativa de mudanças. Coube ao novo prefeito a tarefa de planejar e executar a vacinação dos cidadãos, que hoje supera a marca de 80%, vacinar crianças, promover até mesmo a terceira e quarta doses, enquanto a variante do vírus ia mudando de nome.
Agora sob a nova variante denominada Omicrorn, a cidade parece começar a respirar mais aliviada, o comércio reabriu, as indústrias também, os serviços passaram também a ter alento, mas os hospitais continuam repletos e, mesmo diminuindo bastante, as mortes estão a castigar muitas pessoas. O placar progressivo permanece, embora com menos intensidade. Agora os decretos dos governos estadual e municipal flexibilizam timidamente algumas coisas, porém a proibição para eventos que promovam aglomerações permanece, ainda que um pouco confuso. O que não impede nós, políticos, de continuarmos nossas conversas presenciais e virtuais com amigos, correligionários, alinhavando idéias e pensando no futuro.
É o que pessoalmente tenho feito nos últimos dias, animando os amigos de Piracicaba e da região; viajando discretamente a São Paulo para colher informações sobre os rumos do nosso Estado de São Paulo, nas articulações para as próximas eleições deste ano; ampliado minha presença no meu segmento religioso, estreitando meu network com a ABCAR e seus associados, como representante político, e estudando muito sobre o que podemos continuar fazendo para termos uma Piracicaba melhor. Melhor representada, melhor informada, amparada pelos poderes públicos, para que a vida dos seus cidadãos seja melhor.
Não sei quanto você concorda, mas no mundo todo, temos a política e a pandemia, e no Brasil temos vivido a tal da “pandelítica” e esse termo ainda vai requerer outros estudos e incursões para que, no futuro, possamos estar melhor preparados para situações graves e nos ajudem a errar menos nas decisões que tomarmos, principalmente em benefício da população, muito mais do impacto que todas essas decisões recaíram sobre os menos favorecidos!
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Fernando Favoreto, presidente do Conselho de Pastores de Piracicaba.