Escola Cívico Militar em Piracicaba: desconhecimento da Prefeitura

Barjas Negri

 

Depois da desastrada gestão da Secretaria Municipal de Educação no 1º semestre de 2021, que contribuiu para fechar o Cursinho Municipal Pré-Vestibular e o Observatório Municipal e vamos registrar também o Setor de Merenda Escolar que, por quase 50 anos funcionou muito bem, e agora está com contrato de terceirização em situação emergencial há quase um ano, fora algumas medidas administrativas e pedagógicas que entendemos retrocederam ao invés de trazer avanços.
Agora, por completo desconhecimento do funcionamento da rede pública da Educação Básica, a atual gestão da Prefeitura realiza um equivocado debate a respeito da implantação da Escola Cívico Militar em Piracicaba, à margem das estruturas municipal e estadual, entregando a coordenação do debate e dos trabalhos a pessoas com pouco ou qualquer qualificação na área educacional e fora da estrutura educacional da cidade. Isso mesmo. Debates organizados por “estranhos”, mas que têm presença constante nos gabinetes públicos das autoridades municipais, inexplicavelmente.
Pois bem! O pacto da educação pública de Piracicaba fez com que a Prefeitura se responsabilizasse pela Educação Infantil e pelo Ensino Fundamental – Ciclo I, cabendo ao Estado o Ensino Fundamental – Ciclo II e o Médio. Essa mudança vem ocorrendo ao longo dos anos, com planejamento. E na nossa rede municipal do Ciclo I do Fundamental avançou bastante e está estabilizada.
Ocorre que a Escola Cívico Militar atende o Ensino Fundamental – Ciclo II e o Médio. O bom trabalho da rede estadual vem garantindo avanços nos indicadores de qualidade medidos pelo Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e avançado ainda mais na implantação do ensino integral, faltando apenas três escolas para chegarmos aos 100%. Portanto, se a atual gestão da Prefeitura de Piracicaba estivesse mesmo preocupada com a educação poderia investir nessas três escolas, ampliando o número de salas, laboratórios e outros espaços para alcançar 100% dos alunos em tempo integral.
Mais do que isso, Piracicaba precisa da construção de pelo menos uma nova escola estadual para melhorar a rede estadual, reduzir o transporte de alunos e desafogar as escolas de Santa Terezinha, mas transformar a E. E. Maria de Lourdes Cosentino em uma Escola Cívico Militar apenas vai aprofundar o problema de acomodação de demanda, tornando seu debate inoportuno e desnecessário, aprofundando o problema existente na região norte da cidade. Estudar pouco as políticas públicas da cidade, não conversar com quem tem experiência leva a erros como esse.
Para implantar uma Escola Cívico Militar em Piracicaba é preciso um debate mais profundo com a sociedade local, reunir especialistas para se tomar a decisão sobre sua implantação, se aprovada a sugestão é da construção de uma escola na área Central, dando oportunidade para que alunos de vários bairros possam frequentá-la. O que não pode ocorrer é a subtração de uma boa escola pública estadual numa região de grande expansão urbana e populacional, como é Santa Terezinha.
Para entender a demanda escolar de Santa Terezinha, em nossa gestão construímos a escola do Jardim Manacás e a transferimos ao Estado, além de ter construídos três novas escolas municipais de Ensino Fundamental. Mesmo assim a região Norte precisa de pelo menos uma nova escola estadual de Ensino Fundamental e Médio.
Só espero que a eventual aprovação da construção de uma nova escola na área Central não sirva de pretexto para implantar no Engenho Central uma Escola Cívico Militar, onde a atual gestão acha que tudo pode ser instalado lá. A possível construção da Escola Cívico Militar acrescente algo ao sistema educacional e não subtrair o que existe.
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Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba

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