Lilian Lacerda
Os casos de covid-19 estão novamente aumentando no mundo todo e, consequentemente no Brasil, agora pela variante Ômicron.
Retornam ao trabalho na próxima quarta-feira, dia 26/01, as equipes das as escolas municipais de educação infantil numa semana teoricamente de planejamento e preparação para o acolhimento das crianças. Mais uma vez, os profissionais da educação sofrem com o silêncio e o descaso das autoridades públicas. Nada foi divulgado a respeito dos protocolos a serem seguidos pela Secretaria Municipal de Educação de Piracicaba.
Sabemos que a variante Ômicron é menos agressiva, mas altamente transmissível. Ademais, as crianças pequenas e bem pequenas – de 4 meses a até 4 anos estão desobrigadas ao uso de máscara.
Ademais, os impasses entre governo e Anvisa impactaram no atraso da liberação e compra de vacinas levando milhares de crianças a retornarem às aulas sem a imunização em 2022. Segundo o pediatra Marcelo Otsuka, membro do departamento de pediatria da Sociedade Brasileira de Infectologia em entrevista à CNN/SP (09/01/2022) a aplicação de uma ou duas doses não são suficientes para zerar a transmissão e a contaminação nas escolas, embora deva reduzir bastante.
Ora, os profissionais da educação foram vacinados! Sim, mas não estão imunes ao vírus. Aqueles que porventura venham contrair e apresentar sintomas, em teoria deverão ser afastados do labor. É aí que surge o impasse. A gestão municipal atual vem penalizando os profissionais que adoeceram no exercício do trabalho e tiveram que ser afastados de suas atividades presenciais. As perdas são financeiras e emocionais. Sem contar a humilhação pública.
Sabemos que as medidas de mitigação nas escolas de educação infantil não são totalmente eficazes. Apesar do retorno satisfatório em novembro de 2021, houveram casos de crianças infectadas e pouca clareza sobre as medidas tomadas.
Ainda que pese o fato de que a maioria das crianças é assintomática ou apresenta sintomas leves, elas são transmissoras do vírus. Ressalta-se que há consequências acerca dos efeitos indiretos negativos considerados importantes na saúde das crianças, com destaque para as desigualdades nos serviços de saúde disponíveis no município.
Outro fator que deve ser considerado, pondera quanto a
desigualdades das condições das escolas devido a variabilidade socioeconômica da população piracicabana.
Estamos aguardando a atualização do protocolo sanitário para o ano de 2022, no sentido de contribuir para a prevenção e tomada de decisão
em instituições de ensino pela gestão, pelos profissionais e pela comunidade.
Ainda mais se considerarmos que as crianças da educação infantil necessitam de apoio e cuidados, não sendo capazes de seguirem as medidas de segurança necessárias para sua proteção e, portanto, dependem diretamente dos professores e demais profissionais da educação.
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Lilian Lacerda é doutora pela PUC-SP, psicanalista e pesquisadora.