Estelionato e extorsão às barbas do Poder

José Osmir Bertazzoni

 

Minhas premonições neste artigo são cartesianas, uma visão do futuro com fulcro em coisas que já, incipientemente, estão ocorrendo nestas bandas da nossa Metrópole Caipira e nas novas formas de se fazer política, com ilusionismo e muitas “fake news”.

Não é novidade aos estudiosos de sociologia política que, desde outros tempos, vindo da Mesopotâmia a Babilônia ao Império Romano até o presente momento, os plebeus (nosso povo) são alvos do monopólio da elite financeira no domínio da política.

Teleologicamente, isso pressupõe a busca de uma harmonia social, objetivos estes que, na maioria das vezes, impedem que cheguemos à verdade, abafando os questionamentos de forma a prevenir revoltas e calar revoltados contra mandatários de plantão.

No Rio de Janeiro o prefeito cassado, Bispo evangélico Marcelo Crivella, teria dito aos seus arrebanhados durante um culto “…eu vos abençoo e vos protejo, e vocês me protegem…”. Aparentemente temos uma linda mensagem de união em que a doutrina da fé é inquestionável!

Porém, como toda mensagem tem um emissor e um receptor, os dados que se completam são interpretados em conformidade com as “ondas” da transmissão que podem se derivar aos interesses midiáticos corporativos, foi exatamente o que aconteceu, nasceram “Os Guardiões do Crivella.”

A leitura foi rapidamente interpretada como um sinal de carta branca para que grupos fanáticos de apoiadores se deslocassem às unidades de saúde da Cidade Maravilhosa e construíssem uma blindagem que protegeria as irregularidades e barbáries que ocorriam, em especial, nas que haviam sido terceirizadas para o comando de Organizações Sociais (OSS), onde o município contratava serviços e o povo era abandonado à própria sorte, vez que os contratos fraudulentos eram descumpridos em prejuízo do povo submetido aos péssimos atendimentos, quando aconteciam.

Como desvendar e entender o modus operandi destas organizações criminosas trasvestidas de organizações sociais e de grupo de apoio político?

Primeiro começam a aguçar interesses pessoais e financeiros com ganhos fáceis destinados aos políticos fracassados, os quais não conseguirão, em hipótese alguma, se elegerem e vendem seus serviços de “informações” aos mandatários eleitos. Por sua vez, esses fracassados são contratados para montar mecanismos de informações via redes sociais e iniciam um trabalho de abafamento das notícias e produção de contracrítica, normalmente com características difamatórias aos que, de forma democrática, usando da liberdade de expressão, apontam falhas e erros no governo.

Os personagens interessados e apegados ao poder, deputados, vereadores, prefeitos e aventureiros com capacidade financeira e econômica patrocinam a montagem de estúdios de transmissão via redes sociais, adquirem equipamentos de custos elevadíssimos, investimentos milionários, para produção de vídeos e memes com qualidade convincente e fortes para enganar a população.

Normalmente, são políticos incompetentes que já perderam várias eleições e fracassaram em outras cidades, assim, jogam com a sorte em outras urbes, possuem línguas afiadas e implementam um clima de medo para fazer valer suas chantagens. Para isso entram de forma disfarçada no governo, angariam passe livre para circularem em todas as unidades do poder e, por consequência, iniciam um processo de fidelização de seguidores, muitas vezes, ocupantes de cargos de comissão e outros terceirizados cujo único objetivo é de manter seus subsídios e salários às custas do serviço público.

Notem que no caso dos organizadores, os “capi” (cabeças), como se refere a máfia italiana, além de políticos fracassados no voto, também o são financeiramente — não trabalham, não possuem negócios, declaram-se isentos no Imposto de Renda e não são detentores de nenhum patrimônio pessoal ou familiar. São os linhas de frente, “sobrevivem de rachadinhas” de políticos inescrupulosos eleitos pelo voto popular.

Eles não possuem rendas, mas pagam alugueres de apartamentos, escritórios, possuem segurança armada e particular, comem em restaurantes famosos na cidade e, normalmente, não pagam as contas, sempre protegidos pelos políticos que buscam proteção e reeleição.

Esta modalidade de organização criminosa é notada, porém muitas vezes são acobertadas por pacto de silêncio, visto que elas imperam promovendo o medo nos opositores e vergonha aos cidadãos de bem que ousam atacar o grupo, utilizam-se de insinuações levianas, baixarias, além de agressões morais. Seus objetivos são de desmoralizar e ridicularizar os “atrevidos” que se contrapõem, em defesa da população, às ações antidemocráticas e antirrepublicanas.

Não existem lugares para que esse evento criminoso se manifeste, mas é claro que podemos notar que eles estão à nossa volta e são promovidos por pessoas desequilibradas, sem caráter, aventureiros políticos ladeados por seus seguidores.

Esta modalidade de crime “lesa-cidadania” no Rio de Janeiro ficou conhecida como “Guardiões do Crivella”, conforme já mencionado alhures. Em Piracicaba como visualizá-la?

O Ministério Público já tem conhecimento dessas figuras circulando pela administração pública sem quaisquer vínculos com a municipalidade? Já buscou descobrir do que vivem e quanto gastam por mês para manter o sistema funcionando e ativo nas redes sociais?

Alguns quesitos também merecem esclarecimentos:

Quem são esses “Guardiões do Crivella na modalidade Caipira”?

Onde vivem?

Como vivem e como contratam alugueres e prestação de serviços?

Como pagam suas contas se não possuem rendimentos declarados?

Como compram caríssimos equipamentos de áudio visual de última tecnologia?

Como circulam por espaços restritos a servidores, aos edis e gestores eleitos ou concursados?

A Receita Federal conhece esses sobreviventes sem rendas e ricos na sua forma de viver e agir?

Quanto recebem por mês esses…?

Quem os pagam e a que título?

Quais seus vínculos políticos?

Quem são políticos que os protegem e os mantêm?

Pois bem, são enigmas que em uma investigação minuciosa pode ser revelado e espero neste artigo dar o primeiro passo para desenrolarmos os novelos de lã e encontrarmos a ponta.

Ademais, agradecemos as informações que recebemos sobre o tema e nos colocamos à disposição para quem possa ajudar a desmontar essa organização criminosa que extorque políticos, sobrevivem de estelionatos e calotes em restaurantes, que agridem a moral de pessoas justas e honestas para garantirem seus privilégios; sugam como parasitas o povo sofrido das nossas cidades.

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José Osmir Bertazzoni, jornalista, advogado

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