Barjas Negri
No período 1989-1992, Piracicaba foi administrada pelo professor José Machado, que procurou realizar importantes investimentos no apoio ao transporte coletivo, como o Terminal Central de Integração (TCI), utilizando o antigo do prédio da Estação Ferroviária Sorocabana e, também, com o início da construção do novo Terminal Rodoviário Intermunicipal (TRI).
O TCI foi concluído, inaugurado e, até hoje presta um bom serviço aos usuários de transporte coletivo municipal. No entanto, à época, por uma série de razões, o TRI ficou parcialmente inconcluso, apesar de estar com a maior parte de estrutura física executada.
Com a eleição, em 1992, o deputado Mendes Thame elegeu-se prefeito municipal. Então, tive a oportunidade de exercer o cargo de Secretário Municipal de Planejamento (93-94) e de Transportes, uma vez que a pasta ocupava essas duas funções. Assim, era preciso enfrentar os problemas de paralisação das obras do TRI e encontrar uma solução para sua conclusão e implantação.
Ocorre que a Prefeitura estava em delicada situação financeira, com dívidas e sem recursos orçamentários e financeiros para a sua viabilização e, bem por isso, era preciso encontrar soluções criativas. Após estudos e consultas a especialistas, surgiu a sugestão de se estabelecer parcerias com o setor privado na tentativa de concluir as obras. Essa ideia surgiu em decorrência do fato do terminal rodoviário da capital paulista ser administrada pelo setor privado, cujo modelo poderia ser adaptado para Piracicaba.
De forma resumida, o modelo encontrado previa uma licitação pública para a conclusão das obras com recursos privados, ao mesmo tempo que a operação do TRI deveria ser custeada com recursos da taxa de embarque e de aluguel de espaços disponíveis para o comércio de atendimento aos usuários do sistema.
Esse processo levou um tempo, tendo havido uma boa colaboração do procurador-geral do município, João Carlos Carcanholo, e sua equipe, na formatação de um projeto de lei a ser submetido à Câmara Vereadores. Assim, após analise e debate pela Câmara, foi aprovada a lei autorizando a Prefeitura a abrir o processo licitatório. O vencedor foi uma empresa de Minas Gerais, que concluiu as obras e pagava um “aluguel” ainda que pequeno à Prefeitura. Foi cumprido o objetivo que era concluir e funcionar o TRI, recuperando os recursos públicos investidos e atender toda a população de Piracicaba e região.
Durante vários anos, o TRI foi operado pela empresa mineira até que se estabeleceu uma parceria com a Associação Piracicabana das Empresas de Auto-Ônibus (APEAO), que passou a administrar os serviços do TRI e, realizou importantes serviços de modernização ao longo dos anos, visando o melhor atendimento de seus usuários.
Essa “parceria público-privada” pode ser considerada pioneira no interior de São Paulo e deu bons resultados ao longo dos últimos 20 anos, e foi a solução mais adequada num momento de crise financeira da Prefeitura de Piracicaba.
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Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba (PSDB)