Rodolfo Capler
Relacionamentos interpessoais seguem a rota da imprevisibilidade e da aleatoriedade. Igualmente como ocorre numa roleta russa, não sabemos o que aguardar das nossas interações com as pessoas – não dá para prever suas ações e reações. Podemos esperar paz e receber guerra, aguardar cuidado e experimentar indiferença…
Via de regra, relacionamentos são muito frágeis, por isso, muitas vezes, chegam ao fim. Infelizmente, muitos desconhecem essa realidade (e por simples ingenuidade), pensam que todas as suas relações interpessoais irão durar até o final de suas vidas. Por nutrirem essa romântica compreensão, se traumatizam incuravelmente com o término de um casamento, de um namoro ou de uma amizade.
Precisamos aprender a arte de encerrar relacionamentos! Isso parece um pouco estranho, mas a sua prática segue o caminho da maturidade. Em minha experiência, demorei muito para entender a ação dessa lei tão presente nas relações humanas. Lembro-me que há alguns anos precisei procurar um antigo amigo e terminar com ele a nossa relação de amizade. Aquela foi uma experiência dolorosa, que eu não gostaria que se repetisse, porém, me ajudou muito a crescer emocionalmente e me preparou para os desencontros relacionais que eu enfrentaria em anos posteriores.
Com este artigo, não desejo persuadi-lo a desistir dos seus relacionamentos, tampouco dissuadi-lo da crença de que eles podem ser reparados ou renovados por meio do perdão. Ao contrário, meu intuito é despertar a sua consciência para a realidade de que relacionamentos interpessoais se desgastam e muitas vezes terminam – e de que precisamos estar dispostos a formalmente findá-los.
Pior do que encerrar relações fracassadas é viver uma mentira do campo dos afetos. Por isso, tome a decisão de terminar aquilo que já não mais existe. Pegue o seu telefone celular, faça uma ligação ou envie uma mensagem para alguém com quem você precisa acertar os ponteiros.
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Rodolfo Capler, pesquisador, teólogo e escritor; e-mail: [email protected] / Instagram: @rodolfocapler