Alvaro Vargas
Embora milhões de indivíduos cumpram as suas obrigações éticas e morais construindo um mundo melhor, parte expressiva da humanidade ainda caminha sem rumo. A ausência de ideais nobres ocorre em todas as camadas socioeconômicas, inclusive atingindo lideranças importantes, que se corrompem, dificultando o desenvolvimento sustentável da sociedade. No Brasil, os desvios de dinheiro público noticiados pela mídia causam indignação às pessoas de bem, principalmente pela impunidade quanto aos crimes praticados, sendo a corrupção a maior causa dos problemas sociais que assolam a nossa nação. O cenário agrava-se, pela difusão de ideologias políticas estranhas à moral cristã, as quais, não raro, pregam o materialismo, a perversão sexual e mesmo a dissolução da família, buscando o poder a qualquer custo, com base na falsa premissa de que os fins justificam os meios. Os mais atingidos, lamentavelmente, são os jovens, que ficam sem referências morais, devido à conduta equivocada daqueles que deveriam ser os guardiões da moralidade e dos bons costumes. Elegem-se, então, falsos ídolos da música e do cinema, em sua grande maioria adeptos de um estilo de vida totalmente dissoluto.
Como prevenção, é indispensável o fortalecimento do núcleo familiar, local ideal para educar os filhos no processo de aquisição dos valores éticos, espirituais, intelectuais e sociais. As escolas convencionais contribuem com as disciplinas básicas de caráter profissional, constituindo a integração pais-escola um fator decisivo na formação do cidadão útil de amanhã. Independentemente da inversão de valores morais difundidos pela mídia através de programas vulgares, a família cristã necessita estar preparada para esclarecer os seus membros quanto às responsabilidades que assumimos em relação à liberdade de escolha que Deus nos concedeu. “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convém. Todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas” (1 Coríntios, 6:12). Nesse aspecto, o estudo do Espiritismo, a frequência a um centro espírita e o culto do Evangelho no Lar, podem prestar valiosa contribuição na formação de ideais nobres. Os bons espíritos sempre aproveitam esses momentos de oração e conversas edificantes, para criarem um ambiente de paz e harmonia. Mesmo que não possamos evitar as notícias degradantes que invadem os nossos lares pelos meios televisivos, temos condições de orientar os jovens para filtrarem essas informações, guardando na memória apenas aspectos relevantes que possuam algum valor dignificante, elegendo como “referências morais” personagens que deixaram um legado de amor e caridade ao próximo.
Embora existam inúmeros exemplos de servidores do Cristo, o modelo de homem a ser seguido é apenas um, Jesus de Nazaré. Entre as suas lições, destaca-se, como ele definia a sua relação conosco: “o filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mateus 20:28). Servir ao próximo, é uma prática que faz bem à mente e ao coração. Devemos fortalecer o nosso ideal cristão, compreendendo que o nosso compromisso de servir ao próximo é com Jesus. “Entrar pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição e numerosos são os que por aí entram” (Mateus,7:13). Ninguém está submetido a uma provação maior que a sua capacidade de resistir. Se estivermos esgotados, lembremos do apóstolo Paulo: “levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados” (Hebreus, 12:12). O espírito Emmanuel (Fonte Viva, cap. 52, Chico Xavier) comentando sobre esse ensinamento, esclarece que não devemos recuar diante da luta, mesmo defrontando toda a espécie de dificuldades; devemos seguir para a frente, oferecendo ao serviço da perfeição o quanto possuímos de nobre, belo e útil, sem nos imobilizarmos, na certeza de que para a obtenção da melhor parte da vida é preciso servir e marchar, incessantemente.
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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita