SEM GRAÇA…

Este idoso e cansado Capiau esteve, na segunda (15), em frente à entrada principal do Edifício Prudente de Morais, na rua Alferes José Caetano, sede da Câmara Municipal de Piracicaba. Viu como chegaram alguns cidadãos, de forma a combater o PL 22/2025 e até forma bonita, elegante, cumprimentando-se. Só que, depois, por vídeo, assistiu a posições de edil e de ex-edil, lamentáveis. Nada melhor do que dizer que isso faz perder a graça. E quando a vida perde a graça, certamente, perde-se a esperança.

 

ALTO CUSTO

A Farmácia de Alto Custo, na avenida Paulo de Morais, está com a entrega normal de remédios. Mas na segunda (15), houve reclamações em torno da demora — em torno de uma hora e meia — e também de, além da demora, o cidadão ouvir que não havia o produto solicitado. Tema especial para o secretário da Saúde, Sérgio Pacheco Junior, que poderia, ou deveria, dar uma explicação e anunciar soluções.

 

QUEBRA PAU — I

A Câmara de Vereadores de Piracicaba resolveu inovar e, na última segunda-feira (15), último dia de sessões ordinárias, quase trocou o regimento interno pelo regulamento do UFC. O hall do plenário Francisco Antonio Coelho virou, por alguns minutos, uma espécie de octógono improvisado.

 

QUEBRA PAU — II

O protagonista da noite foi o ex-vereador e possível candidato a deputado federal pelo Solidariedade de Paulinho da Força, Paulo Campos, que precisou ser contido por assessores e populares bem na entrada do plenário, antes da votação do projeto do prefeito Helinho Zanatta (PSD), que aumenta o IPTU e o ITBI.

 

QUEBRA PAU — III

Entre empurrões, gritos e muita tensão, só faltou o juiz levantar o braço e anunciar o início do combate. No fim, ninguém saiu nocauteado, ao menos fisicamente, mas a cena deixou claro que, em Piracicaba, até discussão sobre imposto pode render clima de luta livre.

 

QUEBRA PAU — IV

A confusão generalizada foi se espalhando pelos corredores do Poder Legislativo e só não terminou em “round extra” porque a Guarda Civil entrou em cena para apartar os ânimos e evitar o pior. Empresários (principalmente do setor imobiliário) e populares lotaram o espaço com cartazes e palavras de ordem, pedindo aos vereadores que votassem contra o projeto do prefeito. O clima era de protesto, pressão e muita adrenalina política.

 

QUEBRA PAU — V

No meio do tumulto, o vereador Renan Paes (PL), o mais bolsonarista da Região Metropolitana de Piracicaba, afilhado político do deputado Eduardo Bolsonaro (PL) e declarado voto contrário ao PLC, afirmou ter sido ameaçado por integrantes da esquerda piracicabana. Segundo relatos, o discurso esquentou tanto que, por pouco, a sessão não precisou de capacete, colete e árbitro.

 

QUEBRA PAU — VI

No fim das contas, ficou a impressão de que o plenário quase virou uma verdadeira arena, com torcida organizada, gritos de guerra e muita emoção. Só faltaram os narradores esportivos para descrever o lance a lance e o replay em câmera lenta. E, claro, como todo grande espetáculo, não poderia faltar a torcida “comissionada” do prefeito Helinho, que marcou presença em peso na galeria do plenário. Prevenidos e estrategistas, os comissionados chegaram cedo ao prédio Prudente de Moraes, garantindo lugar na arquibancada antes do apito inicial. Organização digna de final de campeonato, com a diferença de que, em vez de bola, o que estava em jogo era o IPTU.

 

DERROTA — I

Mas, no fim do espetáculo, o prefeito Helinho Zanatta amargou uma derrota histórica, daquelas que entram para os anais do folclore político local. Mesmo colocando o PLC 22/2025, que atualiza a base de cálculo do IPTU e do ITBI, para votação em ritmo de toque de caixa, o projeto sequer conseguiu sair do aquecimento.

 

DERROTA — II

O motivo foi simples e constrangedor: faltou elenco em campo. Dos 23 vereadores, apenas 11 apareceram no plenário. Isso mesmo: para abrir a sessão e discutir o projeto, eram necessários pelo menos 12 parlamentares. Faltou um. Um único vereador. O famoso “um a mais” que decide jogo grande.

 

DERROTA — III

Resultado: sem quórum, sem debate e sem votação. O placar final ficou algo como Governo 0 x Cadeiras Vazias 1. E aí fica a pergunta que ecoou pelos corredores do prédio Prudente de Moraes: será que os vereadores da base do governo arriaram… ou foi só desencontro de escala? Mas pelos comentários de bastidores tem vereador da base que está contra o projeto.

 

ABRIU E FECHOU

O presidente da Câmara de Vereadores, pastor Rerlison Rezende (PSDB) — o mesmo que recebe ordens do pastor Toninho Stefan — até tentou dar início à sessão extraordinária. Abriu os trabalhos com fé, esperança e martelo na mão, mas, diante do famoso WO coletivo dos vereadores ausentes, não teve muito o que fazer. Rapidamente, fechou a sessão e deu por encerrado o expediente camarário, antes mesmo de esquentar a cadeira.

 

ORADORES

O encerramento relâmpago frustrou quem havia se preparado para o debate. Representantes do Secove-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis) ficaram falando sozinhos, e os populares inscritos como oradores também perderam a vez no microfone. No fim, sobrou apenas a sensação de que todo mundo foi para uma grande audiência pública… sem plateia, sem debate e com apito final antes do jogo começar.

 

FÉRIAS — I

Com o fim da novela, os 23 vereadores entraram oficialmente em férias a partir de ontem (16). A tese mais elegante, e democrática, seria aproveitar o recesso para colocar o PLC em discussão com a sociedade civil e, só depois, levá-lo novamente ao plenário para votação.

 

FÉRIAS — II

Mas este idoso e cansado capiau, que já viu de tudo (e mais um pouco) na política, não descarta nenhuma reviravolta digna de reprise. Existe, sim, a possibilidade de o prefeito Helinho Zanatta pedir ao presidente da Câmara, pastor Rerlison, que convoque sessões extraordinárias em pleno período de férias para votar esse projeto, ou nada solicite. As nuvens serão testemunhas sempre…

 

FÉRIAS — III

Ou seja: enquanto uns pensam em descanso, praia e rede, outros podem acabar sendo chamados às pressas para um “retiro legislativo” nada espiritual, onde o único milagre esperado é conseguir quórum. Política, afinal, não tira férias, só muda o figurino. E podem observar as nuvens…

 

PASTORES — I

O Conselho de Pastores de Piracicaba também resolveu entrar no debate, mas só para colocar um ponto final na confusão. Em suas redes sociais, a entidade desmentiu uma nota que circulava pelas redes e grupos de WhatsApp afirmando que o Conselho seria contrário à proposta de reajuste do IPTU e do

ITBI.

 

PASTORES — II

Segundo o Conselho, a postagem não passa de fake news e a entidade não irá se posicionar oficialmente sobre o assunto. Tradução política: silêncio pastoral e neutralidade celestial. Com isso, os vereadores pastores ficaram oficialmente livres, leves e soltos para votar como quiserem, seja “sim”, “não”, “talvez”, “amém” ou, se preferirem, praticar o tradicional voto invisível: a ausência estratégica, o sumiço oportuno ou até uma viagem bem cronometrada. Afinal, quando o céu não se manifesta, cada um interpreta o sinal como achar melhor.

 

DITADURA

O que mais se comenta em tom de cochicho nos bastidores eclesiásticos é que São Paulo estaria vivendo algo parecido com uma “ditadura canônica”. Segundo essas conversas de sacristia, o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, teria determinado que o padre Júlio Lancelotti não transmita mais missas ao vivo, suspenda suas atividades nas redes sociais e ainda pode acabar sendo removido da Paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca, onde atua há mais de 40 anos. É mole?

 

 

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